Tudo começou despretensiosamente, quando alguns estudantes e funcionários começaram a levar seus iPods e iPhones para a Escola Dinâmica, em Taubaté — no interior de São Paulo. Eles não largavam seus gadgets e, a partir daí, a diretora percebeu o fascínio que esses produtos produziam no seu alunado e no corpo docente. Diferentemente de muitas instituições retrógradas que simplesmente proíbem a utilização desses dispositivos sem explicação, o colégio resolveu aderir à nova sensação do momento.
Lançado originalmente em 2010, o iPad foi o marco dessa moderna adaptação. Isso porque, após a sua difusão no mundo, Alexandre Zarzur, professor de informática da Escola Dinâmica, implantou nas suas aulas o uso desses produtos. Mas por que só aparelhos da Apple? “Já era fã da marca há muito tempo e a quantidade de jogos educativos e a grande qualidade dos gadgets levaram à escolha dela como fornecedora dos equipamentos”, ressalta.
Desde então os iPads fazem muita diferença no aprendizado dos pupilos, pois despertam atenção para as aulas e para o uso das novas tecnologias em todas as matérias. Por isso, os professores puderam observar e constatar a mudança no comportamento dos seus alunos, maior interatividade com os amigos e uma grande melhora na participação das aulas. No entanto, antes que a velha guarda comente que os livros irão desaparecer com o uso constante desses dispositivos nas instituições de ensino, vale lembrar que essa substituição não existe.
Em seu livro Linguagens Líquidas na Era da Mobilidade, de 2007, Lucia Santaella descreve exatamente a função das leituras impressas dentro da era digital: “A perda da hegemonia do livro não significa que qualquer mídia possa substituí-lo. Se pudesse, o livro já teria desaparecido. Justamente porque não pode, os livros continuarão não só a existir, mas a se multiplicar.” Fica a dica para quem ainda acha que os aparelhos eletrônicos vieram apenas para dispersar os pequenos na aula.
Ao contrário, os estudantes apoiam a utilização dos gadgets durante o horário de ensino. “É uma loucura! Todos gostam muito do iPad e da forma simples de utilizá-lo, quando me encontram pela escola eles pedem para reservar o modelo de que mais gostam”, completa Alexandre. Além disso, a Escola Dinâmica também atende estudantes com diferentes tipos de necessidades especiais e todos usam os mesmos aplicativos, só que com grau de dificuldade de acordo com a necessidade de cada um.
No colégio paulista, depois da implantação dos aparelhos da Apple, houve uma evolução no desenvolvimento das crianças autistas e os alunos das salas de educação especial esperam ansiosamente pelas aulas e aproveitam ao máximo o tempo na companhia do aparelho. “Antes do iPad, os alunos com necessidades especiais tinham problemas em utilizar o PC por conta da dificuldade motora ao segurar o mouse. Com o aparelho da Apple, o ensino tornou-se mais fácil, favorecendo o desenvolvimento da linguagem e do vocabulário”, explica Milena Natarangeli, professora de Matemática.
Sem apoio
Há 37 anos trabalhando com educação, a Escola Dinâmica infelizmente não tem apoio externo nenhum. A diretora da escola, cuja paixão pela Apple se iguala à dos alunos, é quem faz as compras dos iPads. Ela compra aos poucos e hoje conta com número de aparelhos suficientes para as aulas.
As orientadoras, psicólogas, psicopedagogas e fonoaudiólogas também usam iPads no trabalho com as crianças e são sucesso garantido entre os pequenos.