Numa matéria intitulada “At Apple, Tim Cook leads a quiet cultural revolution” (“Na Apple, Tim Cook lidera uma revolução cultural tranquila”), a Reuters contou um pouco das diferenças entre o atual e o ex-CEO da Maçã, Steve Jobs.
Como sabemos, não deve ter sido — na verdade, não é e continuará não sendo — fácil substituir Jobs. Sabemos que qualquer deslize ou qualquer expectativa não alcançada por Cook é/será motivo de comparações. E ser comparado com um dos maiores gênios da nossa época não deve ser nada, nada fácil.
Por mais que a cultura de Jobs esteja impregnada na Apple, o atual comandante da empresa não pensa e não se comporta como o falecido cofundador. Não é à toa que já vimos grandes mudanças na Apple desde então, como o programa de equiparação de doações, o início do pagamento de dividendos para acionistas, uma posição muito mais transparente envolvendo a relação da empresa com parceiras/fornecedores, a demissão de Scott Forstall (ex-chefão do iOS) e uma grande reestruturação organizacional, entre outras coisas.
Contudo, alguns acham que essas mudanças — especialmente o comportamento diferente do novo CEO, que é bem mais “tranquilo” que Jobs — podem prejudicar a empresa.
Alguns temem que as mudanças da cultura promovida por Cook possam encharcar o fogo — e talvez o medo — que levou empregados a tentar alcançar o impossível.
Em seu dia-a-dia, Cook estabeleceu um estilo metódico, bem diferente de Jobs (uma pessoa mais “imprevisível”). As reuniões bimensais com a equipe de software do iPhone, nas quais o ex-CEO passava por todos os recursos e dava seus pitacos, não existem mais. Gostemos ou não, isso faz bastante sentido já que Cook não tem o mesmo senso criativo de Jobs e, sendo assim, deixa essa parte para quem de fato entende do assunto.
Mas isso não quer dizer que Cook não “se mete” nas coisas e não rejeita ideias ruins. De acordo com a matéria, em reuniões ele se mantém calmo, sentado em silêncio com as mãos postas diante de si mesmo, praticamente ilegível. Qualquer alteração no balanço de sua cadeira é um sinal — quando ele está escutando algo e não houver mudança no ritmo de balanço da cadeira, todos ficam animados. Todavia, tudo pode mudar com uma simples frase, como “Eu não acho que isso é bom o suficiente”.
As coisas estão mais calmas na Apple e, para alguns, que trabalharam na época de Jobs e estavam acostumados com aquele clima de “pega pra capar”, as mudanças não foram positivas. Uma recrutadora ligada à Apple disse que vem recebendo muitos contatos pelo LinkedIn de pessoas que ela nunca imaginou quererem sair da Apple.
Sendo bem sincero, isso é algo que considero normal numa transição de CEO e de cultura, como essa. Sim, é verdade que Cook ocupa o cargo há um bom tempo e a transição de CEO já foi finalizada, mas rotina de trabalho e cultura organizacional não se mudam da noite para o dia e as coisas ainda devem estar se encaixando se levarmos isso tudo em consideração. É normal, então, imaginar que pessoas as quais não se identificam com essas novas diretrizes queriam pular fora do barco, enquanto outras novas chegam já identificadas com esse espírito mais, digamos, “comum”.
Independentemente disso, o grande desafio de Cook começa pra valer mesmo por agora. É óbvio que não podemos afirmar até aonde os lançamentos da empresa ainda contam com a influência (in)direta de Jobs, mas me parece que e a chegada de produtos como “iPhone 5S”, “iPhone 5C”, “iWatch”, Apple TV renovada/”iTV” já serão muito mais crias de Cook do que de Jobs, e aí poderemos, de fato, falar sobre o sucesso — ou não — de sua liderança.
[via AppleInsider]