por Cláudio Castro
Recentemente, a Apple introduziu uma nova categoria na App Store a qual cobre aplicativos voltados para crianças de até 13 anos. Porém, longe de ser apenas uma divisão em sua loja, a categoria “Crianças” (“Kids”) representa a solução adotada pela empresa no que diz respeito às novas políticas de proteção e privacidade.
A explicação começa no ano 2000, quando a FTC (Federal Trade Commission, órgão americano que trata do direito dos consumidores) elaborou o COPPA (Children’s Online Privacy Protection Act), que estabelece regras de proteção à privacidade online das crianças.
Considerando o crescimento do uso de dispositivos por crianças e a prática comum de alguns aplicativos de coletarem dados (com intuito de fomentar direcionamento de publicidade e análise de perfil) e o compartilhamento com redes sociais, em 2012 a FTC realizou uma pesquisa com o objetivo de traçar um panorama da adoção dessas políticas de privacidade por apps infantis. O resultado de alguns números foram assustadores.
De acordo com o relatório apresentado [PDF], ao procurar por informações sobre a coleta de dados e práticas de compartilhamento em sites dos desenvolvedores, apenas 16% contavam com um link para uma política de privacidade ou algo similar; nas descrições, só 11% dos apps falavam sobre a existência de compras disponíveis dentro do app (In-App Purchases); somente 5% indicavam a integração e o compartilhamento de informações com redes sociais; e apenas 7% informavam que continham propagandas.
Tais dados ajudaram na conclusão da atual revisão do COPPA, publicada em julho de 2013, a qual determina que aplicativos voltados para o público infantil não podem, sem o consentimento dos pais, apresentar propagandas, permitir o compartilhamento para redes sociais, possibilitar o acesso a fotos, abrir outros aplicativos (como email e navegadores) e propiciar a realização de compras dentro do app.
Assim, para se adequar a essas novas políticas, em setembro passado a Apple inaugurou a categoria “Crianças”, obrigando desenvolvedores de aplicativos infantis a adotar as políticas de privacidade do COPPA — um app que se enquadra na categoria e comentado pelo MacMagazine é o BEBOPS Kids.
Porém, muitos pais gostariam de ter a possibilidade de compartilhar aquele lindo desenho que seu filho fez ou de comprar mais musiquinhas e animações daquela galinha de que sua filha tanto gosta, não é mesmo? Desta forma, para atender às condições impostas pela FTC, desenvolvedores passaram a adotar a solução chamada Parental Gate, a qual consiste em liberar aquelas funcionalidades mediante checagem da idade do usuário. Sabendo que um simples botão perguntando se você tem mais que 18 anos não funciona, alguns apps fazem essa verificação de maneira bem criativa, como podemos ver nas imagens abaixo encontradas no site MOMs with apps:
O app Justin’s World pede para que a pessoa arraste dois dedos para a direita.
Já o aplicativo Shiny Party pede para que o usuário toque e segure o triângulo por dois segundos.
Aqui vemos a solução (baseada em cálculo) do aplicativo Dr. PetPlay, que chegará em breve à App Store.
Diariamente, milhares de apps são baixados com o intuito de entreter os pequenos, cujos interesses mudam a cada instante. Em muitos casos o pai não está comprando um app, mas sim dez minutos de sossego. Então, na próxima vez que for comprar um aplicativo, evite que esse sossego se transforme numa dor de cabeça e opte por baixar os aplicativos disponibilizados na categoria “Crianças”. 😉