A indústria de PCs como um todo está sofrendo com a queda vertiginosa nas vendas de computadores, afinal, estamos na era pós-PC. Sim, computadores ainda são essenciais para muitos de nós — eu mesmo não me imagino trabalhando o dia inteiro apenas com tablets e smartphones, ainda que eles resolvam muita coisa quando estou me deslocando.
É claro que o mercado americano não representa a realidade global, mas sem dúvida ele nos dá um ótimo panorama.
De acordo com a última pesquisa da Gartner, o fatia de mercado da Apple nos Estados Unidos aumentou 28,5% se comparamos o último trimestre de 2013 com o de 2012. Com isso, a Maçã agora tem 13,7% de market share em seu país natal.
Note que, além dela, apenas Dell e Lenovo conseguiram vender mais computadores no Q4 de 2013 do que no mesmo período de 2012 — ainda assim, um crescimento de um dígito, bem longe do alcançado pela Apple.
Se pegarmos os números globais, vemos que a Apple nem mesmo aparece entre as cinco primeiras — algo normal já que ela nunca figurou nessa lista. Mas vale a pena comparar o crescimento de Dell e Lenovo e a queda da HP nos EUA com o desempenho delas no mundo para termos uma ideia de que o cenário não está mesmo bom pra ninguém, seja no mercado americano ou global — ainda que crescimento, ainda mais em épocas de vacas magras, seja um bom desempenho.
Como a Apple conseguiu isso? É aí que volto para o primeiro parágrafo. É inegável que muitos consumidores domésticos estão deixando seus computadores de lado, passando a utilizar tablets iPads ou smartphones como principal ferramenta. Pare e pense: seu pai/sua mãe, seu tio/sua tia… aquele(a) amigo(a) que não é tão geek assim e só precisa de acesso a redes sociais, alguns apps de produtividade, email e navegador. Para eles, um iPad ou um smartphone resolve o problema, é mais barato, ocupa menos espaço…
Por outro lado, o trabalho de escritório — quando ficamos sentados oito ou mais horas por dia para realizar tarefas — quase que necessariamente ainda precisa de um computador, afinal, agilidade é tudo e uma tela grande, teclado físico e mouse/trackpad ainda é uma combinação matadora para isso. Levando em consideração que iPads e iPhones continuam vendendo como água no deserto, o tal do “Efeito Halo” desempenha muito bem o seu papel.
Não é à toa, por exemplo, que 25% dos empregados da Cisco utilizam MacBooks — algo inimaginável há alguns anos atrás. De acordo com a firma Forrester, 8% do mercado global de empresas/governos utilizam computadores e tablets da Apple — iPhones não fazem parte dessa conta —, mas o número pode subir para 11% num curtíssimo prazo (2015).
O que a Apple faz hoje é algo que pouquíssimas empresas conseguem: ao mesmo tempo que seus produtos concorrem entre si (iPads canibalizam as vendas de Macs, assim como iPhones canibalizaram as vendas de iPods), eles também impulsionam as vendas uns dos outros.
Atualização · 10/01/2014 às 00:13
Enquanto a Gartner afirma que as vendas de Macs aumentaram bem no quarto trimestre de 2013, a IDC vai pelo caminho oposto.
De acordo com ela, as vendas de computadores da Maçã caíram 5,7% comparadas ao mesmo período de 2012 — o que coloca a empresa no quarto lugar, perdendo a posição para a Lenovo! Isso mesmo: de um lado temos crescimento de 28,5%; do outro, queda de 5,7%. Faz algum sentido?
Uma possível explicação seria se a pesquisa da Gartner levasse em consideração tablets, enquanto a da IDC ficasse restrita apenas a desktops e notebooks. Mas não, a Gartner também *não* contabiliza iPads em seu estudo.
O curioso é que se comparamos os números de outras fabricantes — tanto no gráfico restrito aos EUA quanto no global — encontramos variações (algo completamente normal), porém nenhuma tão significativa quanto a que vemos com os números da Apple!
Quem está certo? Teremos uma ideia melhor sobre isso em 27 de janeiro, quando a Maçã divulgará os resultados financeiros do primeiro trimestre fiscal de 2014 (que equivale aos últimos meses de 2013).
[via 9to5Mac]