Dando continuidade à série de artigos iniciada na semana anterior, hoje abordarei um conceito criado por Simon Sinek chamado “Círculo de Ouro”.
Atualmente existem mais de 1.000.000 de apps publicados em cada uma das principais lojas (App Store e Google Play) e os números crescem de forma exponencial a cada dia. Desenvolver um app não é como abrir um novo documento e começar a digitar um texto, exige técnica e experiência, além de conhecimento específico em linguagem de programação orientada a objetos. Mesmo com tanto requisito e conhecimento inicial, as ofertas de novos apps não param de crescer — embora nem 10% deles conseguirão atingir valores financeiros que cubram as despesas iniciais de desenvolvimento e publicação. Então, por que mesmo com uma taxa de insucesso alta e rentabilidade incerta, mais e mais pessoas se arriscam neste segmento? Como ganhar dinheiro em uma área aparentemente saturada?
Primeiro precisamos entender quem são e o que levam essas pessoas e empresas a terem um app publicado:
- Desenvolvedores independentes que acreditam em um negócio próprio e/ou procuram visibilidade profissional através de um portfólio de apps publicados.
- Empresas de desenvolvimento que utilizam da sua mão-de-obra profissional para desenvolver ideias geradas internamente ou a partir de terceiros.
- Empresas que expandem seus negócios para o mundo mobile.
- Investidores que não possuem conhecimento técnico e contratam mão-de-obra especializada para desenvolverem suas ideias.
- Startups com foco em um ou mais produtos para o mundo mobile.
Basicamente estes são os grupos presentes através dos seus apps nas principais lojas. Se os analisarmos, perceberemos que o objetivo comum da grande maioria é o de alcançar visibilidade e, consequentemente, retorno financeiro. Seja através da venda do app para o consumidor final, ou pela venda de itens internos — como por exemplo novos recursos, assinaturas, anúncios, propagandas, etc. —, ou até mesmo a venda do app para uma grande empresa. Em busca do sonho de ser o próximo milionário do mundo dos apps, muitos darão o sangue, investirão tempo e dinheiro para alcançarem seus objetivos. Mas poucos atingirão o sucesso!
Em anos de experiência como empresário e Instrutor Autorizado Apple, pude notar que desses “Appreendedores” nem 5% sabem o verdadeiro sentido do seu próprio negócio, nem chegam a planejar e elaborar um simples plano de negócios. Mesmo assim, partem para o desenvolvimento que pode demorar meses — simplesmente baseados em crenças e esperanças. Há um certo tempo tive a oportunidade de assistir a uma palestra no TED chamada “How great leaders inspire action” proferida por Simon Sinek, e fiquei surpreendido ao conhecer o conceito simples e funcional chamado “Círculo de Ouro”. Através dele o autor nos mostra que a maioria das pessoas não compram o que fazemos e sim por que fazemos. Ou seja, elas compram ideias compartilhadas. Se você conseguir atingir o público que compartilha da mesma ideia, este será fiel e propagador do seu produto, entretanto você precisa primeiro conhecer e estabelecer objetivos claros para o seu negócio.
O quê? Cada empresa e organização sabe o que faz. Isso é verdade, não importando o tamanho (grande ou pequena) e o ramo de atividade. Cada pessoa é capaz de descrever facilmente os produtos ou serviços que a empresa vende ou a função de trabalho que exerce dentro de um sistema.
Como? Algumas empresas e pessoas sabem como fazem o que fazem. Os “comos” quase sempre são estabelecidos para explicar como algo é diferente ou melhor.
Por que? Muito poucas pessoas ou empresas podem articular claramente por que fazem o que fazem. Quando digo “por que”, não significa ganhar dinheiro — esse é o resultado. Com o porquê pergunto qual é a sua finalidade, a sua causa ou a sua crença? Por que a sua empresa existe? Por que você levanta da cama cada manhã? E por que alguém deve se importar?
Seguindo esse raciocínio o autor nos mostra como podemos alcançar o sucesso nos comunicando de dentro para fora, ou seja, começando pelo “Por que”. A partir de estudos e observações, são apresentadas as formas com que grandes líderes e empresas de sucesso se comunicam — dentre elas o segredo de sucesso da própria Apple.
Grande parte das empresas e desenvolvedores atualmente utilizam apenas técnicas de marketing de massa, como por exemplo ícones chamativos, imagens de captura com informações claras, propagandas em portais ou redes sociais, comentários positivos do app — embora a grande maioria dessas avaliações sejam falsificadas e compradas. Esse tipo de técnica pode ter resultado imediato, entretanto ela vai atingir um público que provavelmente nunca mais abrirá o seu app e muito menos irá recomendá-lo para um amigo, é um público que não está afim de fazer negócio com você se você não tiver um porquê bem definido e claro.
Conseguir um grande número de downloads não é impossível, o difícil é conseguir manter e fidelizar o usuário. O Instagram, por exemplo, foi vendido ao Facebook pela cifra de US$1 bilhão, não porque era um app revolucionário ou possuísse uma tecnologia insuperável, e sim porque eles tinham um propósito bem definido e seus usuários cresciam exponencialmente e compartilhavam do mesmo “porquê”, criando uma taxa de retenção alta — e isto poderia ser uma ameaça direta ao Facebook. Recentemente ouvi de um “Appreendedor” que retornou do Vale do Silício a seguinte informação após uma reunião com investidores: “Preferimos apps que tenham 1.000 usuários conectados do que 100.000 downloads.”
Se analisarmos todos os casos de apps de sucesso, a grande maioria compartilha de um ponto em comum: a propagação boca a boca, ou seja, os usuários compraram a ideia, compartilharam do porquê e fazem a informação proliferar. No mercado de jogos não é diferente, por anos e anos as grandes empresas dominaram o mercado utilizando estratégias de marketing de massa. Recentemente uma cultura chamada “indie games” explodiu e fez com que essas empresas repensassem os seus modelos de negócios. E o que está por traz da cultura de “indie games”? A causa, o “porquê” compartilhado.
A dica desta semana é o livro “Por Quê? – Como Grandes Líderes Inspiram Ação” do autor Simon Sinek. Embora a versão traduzida tenha inúmeros erros de digitação e português, o conteúdo vale a pena! Na próxima semana falaremos sobre hábitos, uma técnica interessante para prender a atenção dos usuários ao seu app.