Se você acredita que uma ideia pode transformar o mundo e que dinheiro é consequência natural do trabalho, seja bem-vindo à série Appreendedor! No artigo “Inovação — putz, como ninguém pensou nisso antes!”, comentei sobre uma técnica de inovação que desenvolvi a partir de problemas identificados; na oportunidade, falei sobre a metodologia e dei alguns exemplos — recomendo fortemente a leitura do artigo, pois hoje abordaremos mais uma ideia que pode lhe inspirar.
Uma ideia é como um grão de semente: primeiro você precisa saber qual o tipo de semente para cada finalidade — pode ser alimentar um faminto ou simplesmente uma sombra para descanso. Em seguida, precisamos cuidar do local onde a semente será plantada, afinal poucas sementes nascem em solo infértil. Após o plantio, ela precisará de todo o cuidado e manutenção para que germine e cresça forte para que, no tempo certo, possa cumprir a sua função.
Ter ideias e criar soluções em cima de algo que já existe é relativamente fácil, afinal você já tem um case implementado e dali pode tirar dados importantíssimos, como aceitação, experiências, custo e cadeia de valor. Para começarmos devagar e de forma compreensível, iremos desenvolver uma ideia a partir de algo que seja comum a todos.
Exemplo: vagas de estacionamento.
Estacionamento subterrâneo, via Shutterstock.
Há pouco tempo, vimos soluções tecnológicas surgirem para atender à necessidade de um problema relacionado a vagas disponíveis de estacionamento. Muitas dessas soluções são facilmente encontradas em estacionamentos pagos — em sua maioria, shopping centers.
Inicialmente vimos a implementação de painéis indicando a quantidade de vagas disponíveis em cada andar ou área de estacionamento, uma solução relativamente fácil de ser implementada pois um único sensor poderia contabilizar a quantidade de carros que entram e saem de uma determinada área. Entretanto, estas áreas de estacionamento foram crescendo — o que dificultou a localização das vagas disponíveis. Em seguida, vieram os sensores individuais — através de um sensor posicionado em cada vaga e uma luz indicativa, se tem a visualização da vaga disponível mesmo estando longe do local. Embora no começo tivéssemos muitos falsos-positivos (vagas disponíveis porém com carros estacionados), com o tempo essas soluções foram se aperfeiçoando e hoje conseguem entregar um bom resultado.
Até aí tudo bem, muitos diriam: não se tem nada mais a ser feito! Mas você é um Appreendedor, precisa estar antenado em todas as oportunidades. E, como um cara antenado, irá descobrir que essas soluções disponíveis e comercializadas possuem um custo financeiro altíssimo para implementação — alto na casa de centenas de milhares de reais, dependendo do número de vagas. É exatamente por isso que não as vemos em todos os estacionamentos de cidades.
Nesta etapa, muitos diriam: vamos buscar uma alternativa de componentes eletrônicos mais barata para que a nossa solução tenha um custo inferior. Correto? A reposta é “sim”. Isto se você quiser estar na média dos “pseudo-inovadores”. Como você é um Appreendedor, logicamente irá inovar com algo que realmente gere valor para todos os interessados. Então vamos lá!
A solução de sensores individuais atende à expectativa do cliente, mas possui um alto custo. E quem é o cliente, neste caso? Ele é o contratante interessado em sinalizar as vagas (muitas vezes a administradora do shopping). Que tal reduzirmos o custo e mudarmos a cadeia de valor? Passarmos de fornecedores de solução tecnológica com recebimento por projeto implementado para fornecedor de solução simples e inovadora com receita recorrente através de publicidade, em que o cliente passa a ser um grupo diversificado.
Muitos de vocês já devem ter ouvido falar desta campanha publicitária, uma solução simples e inovadora que atende à mesma proposta dos sinalizadores eletrônicos individuais de vagas, entretanto, o custo de manutenção desse sistema é altamente dispendioso — afinal, os balões são inflados com gás hélio e sabemos que com o tempo ele perde a flutuação. Isto obriga o estabelecimento a repor diariamente todos os balões ou criar um sistema de tubulação de ar — seria um trabalhão, não é mesmo? E se inovarmos com algo que já conhecemos e que já está presente no estacionamento e na vida do condutor? Placas de sinalização. Com uma rápida pesquisa, encontrei um tipo de sinalizador chamado Balizador Cilíndrico, feito com um tipo de material que pode ser fixado no chão e possui resistência a impactos, retornando ao seu formato original sem desgaste do material.
Se você pensou “Putz, como ninguém pensou nisso antes!”, então a ideia é boa (risos) — podemos implementá-la! Como a Apple fez diversas vezes no passado, vamos mudar a cadeia de valor e utilizarmos novos materiais no nosso novo produto. O projeto final será um sinalizador com base flexível que pode ser fixado no centro ou na entrada da vaga de estacionamento. Essa base sustentará uma área para aplicação de campanhas publicitárias (semelhante às placas de transito sustentadas em pequenos mastros nos acostamentos). Desta forma, podemos entregar ao administrador do estacionamento uma solução com custo mais barato em virtude do material e também subsidiado pelas campanhas, ou simplesmente recebermos diretamente dos anunciantes que utilizarão os espaços publicitários.
Motorista feliz, pois continua descobrindo vagas disponíveis de forma rápida e fácil. Administrador do estacionamento feliz, por reduzir o custo de implementação e fornecer uma solução eficaz para seus clientes. Lojista e ou anunciante muito mais feliz, por poder divulgar as suas ofertas em uma área 100% visível para o cliente, exatamente no momento de chegada ao local de comércio.
Todos os exemplos acima podem ser implementados por qualquer Appreendedor, só peço a gentileza de me enviar fotos com o case implantado pois esse e outros exemplos de sacadas inovadoras serão utilizados em um curso que divulgarei muito em breve. 😉