Os amantes da linguagem sabem que existe uma palavra para cada medo. Você tem medo de vinho? Então você tem enofobia. Treme ao viajar de trem? Você sofre de siderodromofobia. Recear a sogra é penterafobia e há também o medo do próprio medo, ou fobofobia. Porém, assim como não ter uma palavra para designar uma emoção não significa que ela não exista, ter uma não necessariamente significa que ela exista.
Um modo melhor de entender o aprendizado dos medos é raciocinar segundo as demandas evolutivas. O mundo é um lugar perigoso, mas nossos ancestrais não podem ter passado a vida amedrontados dentro da caverna; era preciso arranjar comida e procurar parceiro sexual. Eles tiveram que aferir seus medos de perigos típicos com os verdadeiros perigos de seu ambiente (afinal, nem todas as aranhas são venenosas) e com sua própria capacidade de neutralizar o perigo: seu conhecimento, sua tecnologia defensiva e a segurança de pertencer a um grupo numeroso.
Medo, via Shutterstock.
Os medos se desenvolvem espontaneamente nas crianças. No primeiro ano de vida, os bebês temem os estranhos e a separação, e isto é natural pois o infanticídio e o ataque de predadores são sérias ameaças para os pequeninos. Entre os 3 e 5 anos, as crianças passam a sentir medo de todos os objetos fóbicos clássicos – aranhas, escuridão, águas profundas, etc. — e depois os dominam, um a um. A maioria das fobias de adultos são medos infantis que nunca se dissiparam. É por isso, por exemplo, que são os habitantes das cidades os que mais temem as cobras.
A capacidade de dominar o medo seletivamente é um componente importante do instinto. Ninguém sabe por que algumas pessoas conseguem manter a calma enquanto todos ao seu redor se descontrolam, mas os principais agentes tranquilizadores são a previsibilidade, aliados ao alcance de um grito, um senso de competência e controle, que o escritor Tom Wolfe abordou em seu livro “The Right Stuff”, traduzido no Brasil como “Os Eleitos”. Sobre os pilotos de prova que se tornaram astronautas, Wolfe definiu a coisa certa como “a capacidade de subir em um pedaço de máquina em disparada, pôr em risco sua pele e depois ter a astúcia, os reflexos, a experiência, a frieza de retirar-se no último bocejante momento”.
Esse senso de controle é conquistado “testando os limites”: experimentando, em pequenas etapas, o quanto se pode ir mais rápido, mais alto e mais longe sem acarretar o desastre. Testar os limites é um estímulo poderoso. Suportar eventos relativamente seguros que têm a aparência e dão a sensação de perigos ancestrais é um divertimento e suscita a emoção que chamamos de “excitação”.
O humorista Robert Benchley disse que existem no mundo duas classes de pessoas: as que dividem as pessoas do mundo em duas classes e as que não o fazem.
Convido você a assistir ao video acima. São apenas dois minutos que podem ajudá-lo a pensar e agir de forma diferente em relação às limitações e às barreiras encontradas em nossas vidas. Veja até o final e tenha uma feliz surpresa!