Ao longo do último ano, muitos de vocês devem ter notado várias notícias sobre o #AppleToo
aqui no MacMagazine — um movimento fundado a partir de acusações de sexismo, assédio, abusos trabalhistas e outras transgressões denunciadas por empregados da Maçã.
O movimento, posteriormente renomeado para Apple Together, gerou algumas demissões deveras polêmicas, mobilizou a força de trabalho da empresa e expôs segredos desconfortáveis de uma cultura corporativa até então conhecida pela sua obsessão por segredos. Pelo visto, entretanto, duas das criadoras do grupo parecem não estar mais tão unidas assim — aliás, literalmente o contrário.
Uma reportagem recente do New York Post trouxe à tona a troca de acusações graves entre Cher Scarlett e Ashley Gjøvik, duas das principais figuras do movimento. Scarlett, para quem não está associando o nome à pessoa, foi uma das primeiras a falar sobre os problemas internos da empresa com a alegada censura da Apple sobre pesquisas salariais internas; Gjøvik, por sua vez, ganhou notoriedade após expor casos de sexismo na Maçã.
De acordo com a matéria, entretanto, as duas ex-funcionárias começaram a discordar entre si logo após a fundação do #AppleToo
. Segundo as fontes ouvidas, alguns membros do movimento, liderados por Scarlett, passaram a ter a impressão de que as atitudes de Gjøvik tinham como objetivo fortalecer sua própria disputa judicial contra a Apple, em vez de contribuir para a “luta coletiva”.
Gjøvik, com as acusações, deixou o movimento e foi demitida pela Apple pouco tempo depois, sob a acusação de ter vazado documentos confidenciais a um repórter. A engenheira afirmou (e segue afirmando) que a acusação é falsa, mas Scarlett contrariou a ex-colega e disse, num fórum de discussão privado do grupo, que Gjøvik de fato vazou os documentos.
Gjøvik foi ao Twitter, então, para acusar Scarlett de estar secretamente trabalhando com a Apple para descredibilizar suas acusações e “fortalecer a campanha [da empresa] de assédio, ameaças e horror”. Em novembro último, Scarlett também deixou a Apple, e Gjøvik afirmou que a ex-colega estaria “com inveja” da atenção dada ao seu caso em detrimento do dela.
O que se seguiu foi uma batalha judicial envolvendo as duas mulheres: Scarlett moveu uma ação acusando a ex-colega de perseguição e assédio, motivos pelos quais obteve uma ordem de restrição impedindo Gjøvik de falar publicamente ou chegar a menos de 300m dela. Segundo Scarlett, Gjøvik tem apenas um objetivo: a “destruir publicamente”.
Scarlett afirmou, ainda, que o imbróglio causou uma recaída no seu vício em remédios controlados, e chegou a sofrer uma overdose de fentanil — ao tomar uma pílula por engano, segundo ela — que causou uma parada cardíaca.
Gjøvik, por sua vez, recorreu da decisão e afirmou que é Scarlett quem tenta “prejudicar, abusar, difamar, intimidar e coagir” sua imagem — o pedido da ordem de restrição, segundo a engenheira, seria apenas mais um exemplo desse histórico de abuso. Gjøvik será ouvida numa corte de Washington em agosto próximo para avançar o caso.
A Apple, vale notar, não comentou o imbróglio judicial entre suas duas ex-funcionárias. A empresa, por outro lado, continua sendo investigada pelos órgãos responsáveis dos Estados Unidos por conta das acusações que vieram à tona após a difusão do #AppleToo
.
Que história, hein?
via AppleInsider