Nesta semana nós comentamos (aqui no site e no nosso podcast) os aumentos dos preços de Macs, da Apple TV e de alguns acessórios aqui no Brasil.
É claro que isso é chato, nos deixa muito triste e, num primeiro momento, chega a gerar uma certa revolta. Afinal, como pode em alguns poucos meses/anos os preços da Apple simplesmente dispararem dessa forma, tornando praticamente impossível adquirir um simples acessório ou colocando o valor do Mac Pro equiparado ao de um carro “popular”?
Sim, a Apple sempre trabalhou com boas margens de lucro. Isso é assim há bastante tempo e não é uma particularidade específica do mercado brasileiro (os preços da Apple são mais caros do que os da concorrência em praticamente todos os países onde ela atua). E, sim, talvez a empresa pudesse olhar a situação do Brasil com um pouco mais de atenção para tentar achar uma forma vender seus produtos aqui por valores mais atraentes. Uma grande promessa nessa área foi a implantação da Foxconn em Jundiaí, mas isso não se refletiu em grandes descontos repassados para nós, clientes — ao menos não da forma que gostaríamos.
Mas estamos falando de uma situação complicada, que envolve muito mais do que a suposta falta de atenção da Apple ao nosso mercado. Quer uma prova? Vejam esta nota fiscal de um iPhone 6 de 64GB comercializado pela Fnac:
O preço final dele foi R$3.799,00; só de impostos, temos a pequena fortuna de R$2.099,71. É isso mesmo: mais da metade do valor (cerca de 55%) cobrado pelo aparelho é imposto.
Outro exemplo: uma nota fiscal do AppleCare (serviço da Apple que estende a garantia de produtos — neste caso, de alguns modelos de Macs):
Dos R$449,00 (valor da garantia estendida com desconto para estudantes), R$122,35 são impostos — isto é, aproximadamente 27%.
Para completar, a valorização do dólar não está ajudando em nada a nossa vida. E podemos culpá-la, sim, pois apesar de estarmos vivendo uma enorme crise em nosso país, a moeda americana tem se tornado mais forte não apenas em relação ao real, mas também se comparada a diversas outras moedas. A prova disso é que nesta semana, além de aumentar o preço de alguns produtos aqui no Brasil, a Apple também reajustou os valores de Macs em vários outros países como Austrália, Nova Zelândia, Noruega, Malásia, México, Tailândia e Turquia — conforme informou o MacRumors. Além disso, há poucos dias a empresa também reajustou os valores da App Store na Austrália, na Indonésia e na Suécia (um aumento de ~15%), conforme divulgou o 9to5Mac.
O AppleInsider pegou o MacBook de entrada como exemplo para fazer alguns comparativos e constatou que os preços aumentaram 11% na Austrália, 20% na Nova Zelândia, 19% na Noruega, 24% na Malásia e 17% no México. É claro que no Brasil o aumento foi maior (ainda no exemplo do MacBook, 47,1%), afinal, a crise aqui é grande e o dólar parece mais uma montanha-russa descontrolada. Contudo, isso mostra que, apesar de a situação estar péssima para nós, não se trata de algo especifico do Brasil ou, como alguns sugerem, um descaso da Apple com o nosso país.
Mas a nossa situação não deixa de ser bastante preocupante: com o dólar beirando os R$4,00, essa carga de imposto (a nota fiscal do iPhone 6 de 64GB está aí para comprovar) e as gordas margens de lucro da Apple, tudo fica muito, muito complicado…