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Gramágica publicitária: o que a Apple faz pra tratar seus gadgets como se fossem gente

Logo da Apple

É estranho ver alguns textos publicitários da Apple, apesar de eu já estar quase acostumado com eles a ponto de ter me tornado praticamente imune. Tomemos como exemplo o seguinte trecho, que fala sobre o design do iPhone 4:

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iPhones 4 deitados

When creating iPhone 4, Apple designers and engineers didn’t start with a clean sheet of paper. […] iPhone 4 is the result of everything they’ve learned so far. And it’s all contained in a beautiful enclosure a mere 9.3 millimeters thin, making iPhone 4 the world’s thinnest smartphone.

Dá pra perceber algo de esquisito nele? “When creating iPhone 4”, “iPhone 4 is the result” e “making iPhone 4” são trechos com um pequeno erro gramatical: eles não trazem um artigo definido (“the”) acompanhando “iPhone 4”. Por que isso? Será que o pessoal da Apple esqueceu de ler o dicionário que vem no Mac OS X? Ele explica que “the” deve ser “usado com um substantivo singular para indicar que ele representa uma classe ou espécie inteira”.

É aí onde está o segredo, e o SAI avançou direto sobre ele: quem disse que “iPhone 4” é uma “classe ou espécie inteira”? Ele é único!

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Esse tipo de tratamento, sem artigo definido, é usado quando falamos de pessoas em inglês: “When drawing Steve Jobs, don’t forget the glasses.” Sentiu a diferença? Daí a Apple não empregar “the” em seus textos, algo que até o CrApple Store já criticou e provocou-me uma estranheza medonha quando a visita guiada brasileira do iPhone 3G foi ao ar, pois era o cúmulo do bizarro ouvir alguém dizendo que “iPhone 3G é isso, é aquilo, faz isso, faz aquilo”.

Tudo não passaria de uma estratégia publicitária quase subliminar: quando a Apple fala de seus produtos, ela não está falando de meras classes de coisas genéricas, mas de objetos únicos, especiais, quase como flocos de neve ou pessoas.

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Graças a Deus a Apple Brasil não insistiu nessa marmota e, se formos ver a página brasileira sobre o iPad ou suas visitas guiadas, por exemplo, vamos encontrar tudo escrito/dito certinho, com artigos definidos: “O iPad não é apenas o melhor dispositivo da sua categoria” — apesar de um “Compre iPad” horrendo ter escapulido. 😛

Curiosamente, esse tratamento gramaticalmente especial conferido a iPhones e iPads não é dispensado a todos os Macs: enquanto portáteis são referidos como classes (“And since the bottom of the MacBook is covered in a nonslip material…”, “To create the MacBook Pro, the design and engineering teams devised a way to replace many parts with just one.”), desktops e certos acessórios dispensam o artigo generalizador (iMac embodies simple design that eliminates desktop clutter”, “But the real magic of Magic Mouse is how it knows what you want to do”). Ou não, pode ser que tudo seja meio aleatório, mesmo (“The easy-access interior of the Mac Pro feels like the well-organized workstation it is”) — vai saber o que se passa na cabeça dessa gente que “pensa diferente”.

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Post Ant.

Por incrível que soe, o Android pode estar ajudando a Apple no mercado de smartphones

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