O Brasil está em crise. E isto, é claro, influencia a economia como um todo (incluindo as vendas de smartphones).
Como sabemos, os iPhones estão custando uma fortuna por aqui. E se antes de termos esse cenário econômico ruim as coisas não estavam boas para o iOS no Brasil (em participação de mercado), agora então tudo piorou bastante.
Segundo a Kantar, os números no fim de 2015 ficaram assim:
- Android: 91,8%
- Windows Phone: 5,1%
- iOS: 2,8%
- BlackBerry: 0,0%
- Outros: 0,2%
Comparativamente, no mesmo período de 2014, os números eram:
- Android: 89%
- Windows Phone: 4,0%
- iOS: 5,5%
- BlackBerry: 0,1%
- Outros: 1,4%
Ou seja, o que já era pouco (5,5% do mercado) ficou ainda menor, com “apenas” 2,8%. O Windows Phone, que vai de mal a pior globalmente — as vendas no último trimestre de 2015 despencaram 57% se comparadas ao mesmo período de 2014; a maior queda da história dos aparelhos, com apenas 4,5 milhões de unidades vendidas — conseguiu a façanha de aumentar a sua base de usuários no Brasil deixando o iPhone para trás.
A Apple está lucrando menos no Brasil? Difícil dizer, afinal, o ASP (average selling price, ou preço médio de venda) dos iPhones está mais alto; por outro lado, vimos que o aumento de certo modo acompanhou a subida do dólar.
Como a gente sempre fala, não há muito o que discutir sobre a estratégia da Apple lá fora. Nos Estados Unidos e na Europa, mesmo não sendo um smartphone barato, o iPhone acaba ficando acessível graças aos contratos de 1-2 anos que consumidores podem fazer com operadoras. Pagar entre US$200 e US$400 num iPhone 6, por exemplo, é algo completamente viável/aceitável para boa parte do povo americano (até por conta do poder aquisitivo).
A realidade no Brasil é bem diferente. Mesmo atrelados a planos de operadoras1A fidelização aqui no Brasil é limitada a apenas 12 meses, enquanto em outros lugares do mundo (como EUA) é de 24 meses., os iPhones aqui saem muito mais caros do que a maioria pode pagar.
Repetindo o que dissemos em outro artigo, só nos resta torcer para a Apple enxergar esses números e desenvolver uma estratégia mais de acordo com a realidade de países como o Brasil. Dificilmente veremos ela brigando com afinco por preços, mas limar seus produtos a um nicho relativamente pequeno (iProducts estão cada vez mais se tornando “artigos de luxo” por aqui) também não é nada legal para a disseminação do ecossistema da empresa.
Não existe mágica/solução fácil, mas os problemas estão aí para gerar oportunidades.
Vale notar, porém, que o cenário aqui no Brasil em nada reflete o panorama da Apple na América do Norte, na Europa e na Ásia. Nos EUA e na China, por exemplo, o iPhone fechou o ano de 2015 como o aparelho mais vendido.
[via O Globo]
Notas de rodapé
- 1A fidelização aqui no Brasil é limitada a apenas 12 meses, enquanto em outros lugares do mundo (como EUA) é de 24 meses.