A gente fala bastante sobre a criação e a fabricação de produtos da Apple em si. Sabemos, por exemplo, que o Mac Pro é fabricado nos Estados Unidos e que iPhones, iPads e a maioria dos Macs são montados na China, em fábricas de parceiras como Foxconn e Pegatron. Mas e a desmontagem/reciclagem desses produtos, como será que acontece?
Tim Culpan, da Bloomberg Businessweek, resolveu investigar o assunto e, aparentemente, a Apple dá tanta importância para o processo de reciclagem desses produtos quanto para a fabricação deles em si.
Tudo acontece em uma fábrica do Li Tong Group, em Hong Kong — um local que conta com segurança 24 horas, dedicado inteiramente à Apple. Nem a Maçã nem o Li Tong Group deixaram Culpan visitar as instalações, muito menos informaram detalhes da operação como um todo (quantidade de unidades recicladas, como o processo de desmontagem é feito, etc). Mas isso não quer dizer que Culpan não tenha feito o seu dever de casa.
Nesse negócio de reciclagem, a meta é tentar reciclar cerca de 70% do peso dos dispositivos produzidos. Contudo, em entrevista pelo telefone, Lisa Jackson (vice-presidente de iniciativas ambientais, políticas e sociais da Apple) afirmou que a Maçã supera essa meta com folga, chegando a 85% — incluindo a reciclagem de produtos de outras fabricantes que alguns clientes entregam para a empresa. Neste ano, a Apple deverá reciclar algo em torno de 9 milhões de iPhone 3GS (modelo lançado em 2009).
Para termos uma ideia da importância de um programa de reciclagem como esse, em 2014 a Apple disse que recolheu mais de 40.000 toneladas de lixo eletrônico, incluindo aço suficiente para construir 160 quilômetros de linha férrea.
Enquanto marcas globais incluindo HP, Huawei, Amazon e Microsoft também têm protocolos detalhados para a reciclagem dos seus produtos, os da Apple são os mais rígidos e exigentes, de acordo com as pessoas envolvidas nos processos que não quiseram ser identificadas porque não estão autorizadas a falar sobre clientes.
Eis como acontece o processo de reciclagem, com a Apple pagando de US$100 a US$350 por cada aparelho:
Os aparelhos reciclados não podem ser transportados entre regiões, devem ter a sua memória limpa e todos os logotipos removidos. Na fábrica, a sucata não pode ser misturada com a de outros aparelhos de outras marcas — é por isso que existe uma fábrica específica para a Maçã, com cerca de 300 empregados. Nela, trabalhadores da própria Apple monitoram o processo.
Enquanto algumas marcas guardam componentes como chips que podem ser usados para reparar telefones com defeito, a Apple tem uma política de destruição total. Por que a Apple chega ao ponto de triturar as peças? Para evitar que os produtos falsos apareçam no mercado, disse Jackson. Uma vez triturados, os resíduos perigosos são armazenados em uma instalação licenciada e os parceiros de reciclagem podem extrair outros materiais tais como ouro e cobre. O resto é reutilizado como moldura de janelas de alumínio e mobiliário ou telhas de vidro.
A empresa, porém, está trabalhando em maneiras de reutilizar componentes no futuro.
Há um problema de lixo eletrônico no mundo. Se nós realmente queremos deixar o mundo melhor do que quando o encontramos, temos que investir em maneiras de ir além do que o que acontece agora.
—Lisa Jackson, vice-presidente de iniciativas ambientais, políticas e sociais da Apple.
Definitivamente, a pessoa que acredita que o papel da empresa vai até o momento da venda — ou, no máximo, até o pós-venda — está redondamente enganada.
[via MacRumors]