É aquilo que a gente anda dizendo: os rumores sobre o próximo iPhone já estão tão saturados que as notícias envolvendo o modelo que será lançado em 2017 já tomaram conta do noticiário.
Pois bem. Lembra de uma história do iPhone sem botão de Início, com o Touch ID integrado à própria tela? Tanto John Gruber (do Daring Fireball) quanto Wall Street Journal (ambos com bons contatos dentro da Apple) já comentaram essa possibilidade. Agora, outro com ótimas fontes na Maçã — Mark Gurman (ex-9to5Mac que, por conta do seu bom relacionamento nos pomares de Cupertino, agora faz parte da Bloomberg) — também corroborou a remoção do botão físico.
Em uma matéria focada num possível novo recurso do próximo iPhone específica para o mercado japonês (mais sobre isso abaixo), Gurman e Gareth Allan deixam claro que em 2017 a Apple planeja remodelar o iPhone por completo, dando um grande foco à tela OLED do aparelho. Assim, o botão seria removido a fim de — muito provavelmente — dar mais espaço útil ao display, que tomaria toda a parte frontal1Quem sabe com uma ligeira curva nas bordas, como vemos hoje na linha edge, da Samsung..
Pelo andar da carruagem, 2017 realmente marcará como o ano de maior mudança no design do iPhone — afinal de contas, o botão de Início está presente no aparelho desde o seu nascimento, em 2007.
Mas voltando ao Japão, o artigo da Bloomberg afirma que a Apple implementará uma nova tecnologia em seu smartphone chamada FeliCa. Criada pela Sony, esse chip nada mais é do que um padrão bastante utilizado na Terra do Sol Nascente para pagamentos móveis primordialmente ligados a transportes de massa (metrô, ônibus, etc.), capaz de realizar uma operação em apenas 0,1 segundo.
Sabe aqueles cartões de metrô que você recarrega com dinheiro e apenas encosta no terminal para entrar em uma estação? É disso que estamos falando. Contudo, no Japão, em vez de eles usarem tecnologias mais conhecidas por nós (no ocidente) como NFC2Near field communication, ou comunicação por campo de proximidade., utilizam esse padrão desenvolvido pela Sony.
Quer ter uma ideia do tamanho desse mercado? Enquanto os EUA e o Reino Unido contam respectivamente com 1,3 milhão e 320 mil terminais equipados com NFC (segundo levantamento da Let’s Talk Payments e da Associação de Cartões do Reino Unido), o Japão tem 1,9 milhão (de acordo com o Banco do Japão), os quais culminaram em mais de 4,6 trilhões de iens (~R$128,6 bilhões) em 2015.
Além de possivelmente trabalhar com os grandes players desse mercado (como as empresas Suica e Pasmo) para que os japoneses abandonem esses cartões de transporte e utilizem ainda mais seus iPhones, a Apple também utilizaria a tecnologia para possibilitar o armazenamento emoney, uma forma de dinheiro eletrônico amplamente aceita em máquinas de vendas automáticas, lojas de conveniência e cafés no Japão — tanto os bilhetes de transporte quanto o emoney ficariam armazenados no app nativo Wallet.
Tudo muito bom, legal, mas será mesmo que a Apple incorporaria uma tecnologia que é amplamente utilizada em apenas um país? Será que veríamos um iPhone criado especificamente para o mercado japonês, diferente de outros modelos (comercializados em outros países)? A Apple sempre foi uma empresa global que, diferentemente de outras, não costuma criar versões específicas de um mesmo produto para se adequar a demandas locais.
Normalmente temos um produto, uma experiência singular independentemente de onde estejamos (com exceção de recursos em apps como Mapas, etc.). Ainda que não exista Apple Pay em diversos países, por exemplo, em algum momento o serviço chegará a esses locais e os iPhones 6 ou superiores serão compatíveis. Não vemos, por exemplo, um iPhone com NFC para um mercado, com MST3Magnetic secure transmission, ou transmissão magnética segura. para outro, e assim por diante…
Ainda segundo a Bloomberg, o iPhone que deverá ser lançado no mês que vem, em setembro, já deverá contar com a tecnologia — se por um acaso as negociações falharem, nada impediria de a Apple segurar a novidade para o ano que vem, porém.
Será que estamos diante de uma nova estratégia da Apple, de se adaptar a mercados locais? Só o tempo dirá.
Notas de rodapé
- 1Quem sabe com uma ligeira curva nas bordas, como vemos hoje na linha edge, da Samsung.
- 2Near field communication, ou comunicação por campo de proximidade.
- 3Magnetic secure transmission, ou transmissão magnética segura.