Após o lançamento dos novos MacBooks Pro com Touch Bar, discutimos exaustivamente não apenas a introdução dos novos portáteis mas a falta de atenção da Apple perante outros Macs, principalmente os desktops.
Analisando a linha de notebooks da Apple, vimos que o MacBook Pro foi atualizado, o MacBook (modelo de 12 polegadas) recebeu um upgrade no primeiro semestre e o MacBook Air caminha para ser descontinuado, então não haveria razão mesmo mexer nele. Agora, se olharmos para os desktops, observamos que eles passaram 2016 em branco: nada de novos Macs mini, iMacs ou Macs Pro. O modelo profissional, aliás, não é atualizado desde a sua repaginada em meados de 2013 — são mais de 1.000 dias(!) sem receber o carinho da Maçã.
É claro que isso gerou discussão e muitos logo já viram tal atitude da Apple como uma amostra de que Macs cairão no esquecimento, começando pelos modelos desktop.
Demorou, mas Tim Cook finalmente colocou saiu em defesa dos “caminhões” Macs de mesa.
Em uma sessão de perguntas e respostas na intranet da Apple (que gerou uma explicação do porquê de se reunir com Donald Trump, mas isso fica para um outro artigo), o CEO respondeu sobre a importância estratégica dos Macs desktop:
O desktop é muito estratégico para nós. Ele é único em comparação com o notebook, porque você pode colocar muito mais desempenho em um desktop — maiores telas, mais memória e armazenamento, uma maior variedade de entradas/saídas e mais performance. Portanto, existem muitas razões pelas quais os desktops são realmente importantes e, em alguns casos, críticos para as pessoas.
O iMac da geração atual é o melhor desktop que já fizemos e seu belo display Retina 5K é a melhor tela de desktop do mundo.
Algumas pessoas na mídia levantaram a questão sobre se estamos comprometidos com desktops. Se houver qualquer dúvida sobre isso nas nossas equipes, deixe-me ser muito claro: temos grandes desktops vindo por aí. Ninguém deveria se preocupar com isso.
Eu só espero que o comentário de Cook sobre o iMac não seja uma indicação de que o Mac Pro foi para o brejo (novamente, o Mac profissional da Apple não passou pela boca dos executivos da empresa), e que uma maior variedade de entradas/saídas não signifique seis portas Thunderbolt 3 em vez de quatro.
Cook também foi perguntado sobre o que ele considera ser o maior diferenciador da Apple e o que os empregados podem fazer para promover esses esforços. Apesar de ser uma resposta um pouco filosófica demais, o assunto é bem interessante e merece a nossa tradução:
Nosso maior diferencial é a nossa cultura e o nosso povo. Eles são o fundamento pelo qual temos todo o resto. Sem grandes pessoas e um grande ambiente onde as pessoas possam viver, não teríamos propriedade intelectual. Nós não teríamos os melhores produtos. Nós não teríamos as invenções ou os recursos que eu mencionei anteriormente.
Eu acho que é essa atitude e ousadia de “mudar o mundo” que está profundamente enraizada na nossa cultura, que “o bom não é bom o suficiente”. Tudo isso é combustível para tudo o que fazemos.
Do ponto de vista estratégico, também nos concentramos em coisas em que software, hardware e serviços se reúnem e trazem à tona a magia que só a Apple pode oferecer. Esse é o nosso molho secreto. Isso aparece em muitos lugares diferentes e é algo que procuramos em novos empregados.
Você raramente pode ver exatamente aonde você quer ir desde o começo. Em retrospectos, é sempre escrito assim. Mas raramente é assim. A coisa fantástica sobre os empregados da Apple é que eles se entusiasmam com algo e querem saber como funciona. O que isso vai fazer. Quais são as suas capacidades. Se eles querem saber sobre algo em uma indústria totalmente diferente, eles começam a futucar e ver no que dá. Eles estão mais focados na jornada, o que permite que muitas coisas interessantes aconteçam.
Apenas nos últimos dois anos, futucar [o mercado] de relógio e fitness nos levou ao ResearchKit, e o ResearchKit nos levou ao CareKit. Temos muitas coisas planejadas que eu não posso comentar, mas que eu estou incrivelmente animado, que são o resultado de futucar e não estar preso dentro de uma caixa que prende tantas pessoas.
Com tantas coisas que fizemos, não fazemos isso porque há um retorno sobre o investimento. Não o fazemos porque sabemos exatamente como vamos usá-lo. Fazemos isso porque é claro que é interessante e pode nos levar a algum lugar. Muitas vezes não nos leva, mas muitas vezes nos leva a algum lugar onde não tínhamos idealizado lá no começo.
Definitivamente tem um pouco de “discurso de CEO” na fala de Cook, mas muita coisa de fato mostra a posição diferenciada que a Apple historicamente ocupa no mercado de tecnologia. Que essa diferenciação leve a Maçã a novos e interessantes lugares!
[via TechCrunch]