Fale a verdade: o mínimo que se espera de uma nova Apple TV é que ela seja compatível com conteúdos em resolução 4K, não é mesmo? Pois, segundo a Bloomberg, é exatamente isso que acontecerá em 2017, segundos novos rumores.
Uma nova Apple TV está sendo testada pela Maçã. De codinome J105
, a set-top box é capaz de reproduzir conteúdos em 4K com cores mais vivas — quem sabe com a adição do suporte a HDR1High dynamic range, ou ampla faixa dinâmica. —, de acordo com pessoas por dentro do assunto. Mas a pergunta que não quer calar é: será que “apenas” isso é suficiente para tornar o produto um sucesso?
A Apple TV está longe de ser um dispositivo fracassado; por outro lado, também está distante daquele sonho utópico cupertiniano. E isso, conforme a gente discutiu bastante nos últimos dois episódios do MacMagazine no Ar (#216 e #217), tem motivo: a ideia era criar um produto que substituísse as set-top boxes das operadoras de TVs (aqui no Brasil conhecidas como NET, SKY, Vivo, etc.). Um dos protótipos da Apple TV de quarta geração, por exemplo, tinha uma entrada para cabo coaxial para que o usuário conectasse tudo na set-top box da Maçã e controlasse a sua TV por uma interface criada e pensada nos mínimos detalhes pelos designers/engenheiros da empresa. A Apple, então, cobraria de alguma forma de usuários, e parte dessa receita seria compartilhada com as companhias de cabo e mídia.
O “plano B” envolvia criar um serviço o qual deixaria usuários livres para montar os seus pacotes de canais (sem pagar por canais que você não assiste, como acontece hoje). O conteúdo seria fruto de um acordo entre Apple e os quatro maiores provedores de conteúdo dos EUA (esse seria o catálogo disponível no serviço, além de filmes e TV sob demanda) e custaria entre US$30-40 por mês. O acordo, infelizmente, não veio (e cada lado, é claro, tem as suas desculpas/razões).
Outra possibilidade de dar um up no produto era disponibilizar junto dele um controle para jogos (como o leitor Gustavo Salume comentou nos emails do último podcast), a fim de “competir diretamente” com Xbox, PlayStation e outros consoles — algo que também não aconteceu.
Com a Apple TV de quarta geração nós ganhamos basicamente uma loja de aplicativos e suporte à Siri, o que sem dúvida melhorou um pouco a experiência. Mas ficou nisso. De acordo com um empregado da Maçã que se manteve anônimo por questões óbvias, a Apple TV se tornou um produto evolucionário, e não revolucionário (discurso que a empresa utilizou tanto interna quanto externamente). E convenhamos: se essas ideias decorridas por mim aí em cima fossem mesmo implementadas, teríamos nas mãos um produto realmente diferenciado.
A Apple TV por muito tempo foi vista pela empresa como um hobby. E, apesar de não concordar com muita coisa que o analista Gene Munster (ex-Piper Jaffray; agora, Loup Ventures) já falou sobre o produto (ele, por exemplo, previa que a Maçã lançaria de fato uma TV de 50-55 polegadas em vez de uma set-top box), tenho que concordar com a afirmação que ele fez:
A Apple TV levanta uma questão: por que a Apple investe em hobbies? Ou você faz direito ou simplesmente não faz.
A empresa não informa o número de Apple TVs comercializadas num trimestre fiscal, mas o CFO2Chief financial officer, ou diretor financeiro. da Maçã afirmou no último evento financeiro que as vendas caíram, sim; e apesar de não ser um produto que tem um peso grande nas finanças da companhia, estrategicamente ele é muito importante para compor os serviços — o qual a companhia pretende dobrar o faturamento em alguns poucos anos.
Quem sabe agora, com a chegada de Timothy D. Twerdhal, algum desses antigos planos não seja resgatado e colocado em prática. Torço muito para que algo assim aconteça!
de Apple
Cor: preta
Dimensões: 35x98x98mm (altura x largura x espessura)
Resolução: Full HD (1080p)
Conectividade: HDMI e Bluetooth
Armazenamento: 32GB ou 64GB
Notas de rodapé
- 1High dynamic range, ou ampla faixa dinâmica.
- 2Chief financial officer, ou diretor financeiro.