Esta bola já tinha sido cantada há algum tempo, mas agora temos a confirmação: ao menos no Brasil, 2016 foi um ano pavoroso para o iPhone — e, considerando que o aparelho é o carro-chefe absoluto de vendas da sua fabricante, para a Apple como um todo.
Dados da firma de consultoria Counterpoint, divulgados pela Folha de S.Paulo [matéria fechada para assinantes], mostram que o mercado de smartphones no Brasil decresceu significativamente no ano passado, com uma queda de 16% nas vendas em relação a 2015. Por outro lado, no último trimestre do ano as coisas já deram um sinal de melhora, com uma recuperação de 15% em relação ao trimestre anterior.
Neste contexto, analisando a fatia detida pelas principais fabricantes que atuam no país, a Apple foi de longe a que tomou o maior tombo. Se a Maçã já não podia se gabar de muita coisa ao fim de 2015, quando tinha 8,3% do market share nacional de smartphones, que dirá ao fim do ano seguinte, quando os dígitos se inverteram: agora sua fatia é de parcos 3,8%, caindo mais da metade na comparação anual.
Com a derrocada, a Apple perdeu o quarto lugar entre as fabricantes de smartphones que atuam no Brasil: este posto agora é ocupado pela Alcatel, que, ao contrário da Maçã, quase dobrou sua participação no mercado nacional e agora detém 5,5% dele. Em terceiro vem a LG, que caiu ligeiramente para 12,4% e perdeu a segunda posição para a Motorola, que, por sua vez, manteve-se quase estável nos 12,9%.
A liderança folgada e tranquila no mercado brasileiro, como certamente todos vocês já previram desde o parágrafo anterior, é de uma velha conhecida nossa. A Samsung não só é líder disparada como conseguiu ampliar sua fatia no mercado brasileiro ao longo do último ano, subindo de 40% para 46,7%, o que no mínimo prova que os brasileiros têm coisas muito mais importantes a se preocupar do que telefones explosivos.
No geral, a leitura é clara: as fabricantes que oferecem aparelhos mais baratos tiveram sucesso em 2016, enquanto a Apple, mesmo com um smartphone de menor custo — para os seus padrões ao menos —, sofreu com uma linha de preços considerados assustadores para boa parte da população. Por esta lógica, inclusive, poderia-se dizer que é absolutamente normal e esperado que a Maçã tenha uma fatia pequena do mercado nacional.
Em todo caso, o preocupante aqui não é o número, e sim a queda. Basta considerar que, numa perspectiva geral, as coisas estão melhorando — como mostra a própria pesquisa, 90% dos aparelhos celulares vendidos no Brasil em 2016 foram smartphones, e na comparação ano-a-ano o número de modelos equipados com suporte às redes 4G subiu 53%. A questão é que se a Apple continuar perdendo terreno por aqui mesmo com este cenário, aí sim o sinal de alerta soará com força na filial brasileira da empresa. Só não me pergunte que medidas poderiam ser tomadas para reverter isto.
[dica do @luizhfeliciano]