No último sábado (18/3), o CEO da Apple, Tim Cook, discursou no China Development Forum 2017. A conferência anual — que é patrocinada pelo governo chinês — reúne líderes empresariais do mundo todo, instituições e estudiosos a fim de conversarem sobre tópicos concernentes ao país, sua economia, sua relação com outras nações, entre outras coisas. E, como a Apple acabou de anunciar dois novos centros de pesquisa e desenvolvimento no país, Cook foi convidado — pela primeira vez — para abordar assuntos como globalização, economia e privacidade de dados.
De acordo com o The Wall Street Journal [matéria fechada para assinantes], o CEO da Maçã afirmou que a globalização e, em geral, é algo “bom para o mundo”, embora reconheça que a distribuição de renda não seja feita de forma igualitária entre os países. E, apesar da pressão realizada pelo governo Trump para priorizar investimentos internos, Cook fez questão de incentivar a China e outros países a investirem em um futuro de desenvolvimento mais equilibrado, através de uma maior abertura ao investimento estrangeiro.
Eu acho que a pior coisa seria — porque não ajuda a todos — dizer que é ruim, e fazer menos sobre isso. Eu acho que a realidade é que você pode ver que os países do mundo… que se isolam, isso não faz bem para o seu povo.
Muito sabiamente, Cook preferiu não tocar em questões políticas mais sensíveis do país. Ainda assim, deixou pairando no ar a questão sobre como deve ser tratada a privacidade — a Apple defende que “o usuário precisa ser capaz de possuir e controlar seus próprios dados”. Atualmente, na China, o modo como lidam com os dados pessoais apenas reforça o controle do Estado sobre os fluxos de informação e equipamentos de tecnologia dentro do país.
É claro, a maneira como o CEO se referiu a estes assuntos não podia ser diferente, já que a China tem regras e tolerâncias diferentes das dos Estados Unidos. Se tanto o mercado quanto a produção no país são algo precioso para a Apple, dificilmente Cook falaria abertamente sobre algumas questões políticas do país como, por exemplo, as restrições de acesso a conteúdos na internet, pois isso poderia afetar negativamente a relação do país com a empresa.
Hoje, segunda-feira (20/3), o executivo ainda planeja se encontrar com Xu Lin, diretor administrativo de ciberespaço da China, em uma reunião privada.
[via MacRumors]