Na semana passada, falamos aqui sobre a mais recente pesquisa de satisfação de tablets da J.D. Power, na qual a Apple perdeu a sua costumeira liderança para a Microsoft. Naquela lista, entretanto, a Maçã ainda conquistou um honroso segundo lugar, com uma diferença relativamente pequena de pontos. Além de tudo, estávamos falando de um segmento no qual Tim Cook e sua turma já perderam o primeiro lugar outras vezes, portanto, nenhum grande choque ali.
Mas e se eu lhe disser que, num segmento em que a Apple sempre costumou liderar com folga as avaliações da imprensa especializada, a Maçã viu o seu perene primeiro lugar numa pesquisa renomada ser substituído não por uma segunda, nem por um terceira, mas por uma assustadora quinta posição? Por que foi exatamente o que aconteceu.
A Laptop Mag, publicação online de propriedade do Tom’s Guide, publicou o seu ranking anual de melhores fabricantes de notebooks. São os próprios editores do site que dão pontos em uma série de quesitos para as principais concorrentes do segmento e determinam a grande vencedora do ano.
Eis os resultados fresquinhos de 2017:
Parece ruim? Pois então dê uma olhada nesta outra visualização da lista, com os resultados históricos das marcas:
Pois é: desde a gênese da pesquisa, em 2010, a Apple sempre liderou o ranking das melhores fabricantes de laptops — o gráfico acima mostra apenas os resultados de 2013 em diante, mas a coisa foi exatamente a mesma nos anos anteriores. Em 2017, entretanto, a gigante de Cupertino caiu para o quinto lugar, perdendo para Lenovo, ASUS, Dell e HP — do primeiro ao quarto lugar, respectivamente. A Maçã ainda dividiu a quinta colocação com a Acer. Completando a lista, temos ainda, respectivamente, MSI, Razer, Samsung e Microsoft.
A questão é: quais as razões para uma queda tão brutal? Certamente vocês já têm algum palpite, mas para calcarmo-nos em números frios e realistas em vez de palavras ao vento, vamos dar uma olhada nesta outra lista, abaixo, na qual a pontuação de cada marca em cada um dos quesitos é evidenciada:
Como podemos ver, a Maçã conseguiu se destacar em alguns aspectos. Ela liderou o quesito suporte, foi uma das melhores (junto à Dell) em garantia e também conseguiu uma boa avaliação em design; a pontuação referente às críticas da imprensa especializada aos notebooks da empresa ficou no meio do caminho. A coisa pegou pro lado da turma de Cook, entretanto, nos quesitos inovação e, principalmente, valor e seleção (que avalia o custo/benefício e a variedade na gama de modelos oferecida pela empresa) — neste, a Apple superou somente a Microsoft.
No texto dedicado à Maçã na página do ranking, a Laptop Mag destaca que os mais novos MacBooks (o que inclui, presumo, os MacBooks Pro com Touch Bar) são esbeltos, poderosos e bem construídos, mas muito caros, e extremamente dependentes de adaptadores e outros adicionais.
A avaliação deles, temos de convir, não é nada diferente do que temos visto por aí: a Apple apostou muito numa nova geração de computadores que, segundo ela, representa o futuro da computação pessoal e ditará as novas regras do mercado de notebooks. Provavelmente ela está certa, devo acrescentar. Mas o fato é que, como já li em vários reviews dos MacBooks mais recentes, o futuro é lindo e maravilhoso no lugar a que ele pertence — justamente o que há de vir, não o agora.
No momento — ao menos para a grande maioria de nós, usuários meramente mortais ainda a conviver com pendrives, projetores antigões de universidade, redes de internet não tão confiáveis como gostaríamos e mais –, os novos MacBooks simplesmente pregam por um mundo onde ainda não vivemos. Diria que esta é a principal razão para a queda da Maçã, tanto no ranking acima como na própria reputação para com seus consumidores. Agora, se o futuro chegará logo exatamente da forma como os engenheiros de Cupertino previram e a Apple retomará a liderança em breve ou se a empresa terá que se conformar em admitir um possível erro (outro?), isso nós só saberemos… no futuro.
[via 9to5Mac]