Ok, ok, eu admito que o título faria mais sentido se a Nintendo não tivesse basicamente interrompido suas operações em terras brasileiras, como melancolicamente fez há dois anos e meio. Ainda assim, vai que você mora em outro país, ou vai que está procurando uma unidade do mais recente hit do mundo dos videogames, o Switch, no mercado paralelo online (mais conhecido como Mercado Livre), sem sucesso.
O fato é um só: os estoques do Switch não estão atendendo à assustadoramente alta demanda pelo novo console. A própria Nintendo admite isso e promete dar um gás na produção do híbrido para colocá-lo na mão do maior número possível de consumidores ávidos. Mas, como informa o Wall Street Journal [matéria fechada para assinantes], a gigante japonesa pode ter uma pedra no sapato deveras improvável nesta missão: a Apple.
Aparentemente, as grandes culpadas por este imbróglio seriam algumas peças-chave de basicamente qualquer dispositivo eletrônico moderno: a memória flash NAND, as telas de LCD e os motores vibratórios — três componentes utilizados tanto nos iPhones e demais produtos da Apple quanto no Nintendo Switch. De acordo com o artigo, a Maçã (e, em menor escala, outras fabricantes de smartphones) estariam aumentando significativamente seus pedidos destas peças, o que estaria comprometendo o plano da Nintendo de fabricar 20 milhões de unidades do Switch até março de 2018.
Tome-se como exemplo a Toshiba, fornecedora dos componentes de memória flash NAND tanto para a Apple quanto para a Nintendo. A divisão responsável pela manufatura destas peças vai mal das pernas e está à venda, mas por enquanto, continua operando normalmente; a fábrica, entretanto, não consegue suprir a demanda exigida pela Apple e pelas outras fabricantes de dispositivos móveis. De acordo com uma porta-voz da empresa, a situação deverá permanecer assim ao longo de 2017, colocando a Nintendo numa posição desconfortável.
O grande problema aqui é que a Big N, mesmo figurando entre as maiores empresas de tecnologia do mundo, não consegue competir com a Apple em termos de volume de pedidos — e, segundo vários analistas da cadeia de fornecimento da Maçã, Tim Cook e sua turma oferecem “melhores termos” às fornecedoras do que a empresa do Super Mario. Em outras palavras, imaginem a Apple como uma bocarra aberta no fim de uma esteira de onde saem todos os componentes eletrônicos fabricados, engolindo tudo o que sai de lá sem deixar nada para a Nintendo.
A situação, entretanto, não deve afetar a improvável amizade estabelecida entre as duas empresas ao longo dos últimos anos. A Nintendo continua com planos de lançar versões dos seus jogos para os dispositivos iOS, e a Apple certamente ficará feliz em receber executivos da gigante japonesa nos palcos das suas keynotes para vangloriar-se de como o iPhone está crescendo como uma plataforma de jogos com as desenvolvedoras mais respeitadas do mundo.
Só espero que eles não briguem nos bastidores.
via Cult of Mac