O melhor pedaço da Maçã.

Em entrevista, executivos da Apple falam sobre o futuro dos iPads, as novidades dos novos Pros e citam o… fim do mini?

iPad Pro

Em 2010, assim que o primeiro iPad foi lançado, o mercado de tablets crescia assustadoramente. Com o tempo, entretanto, isso foi diminuindo e está como vemos hoje em dia, em constante queda.

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Não sabemos se foi por essa queda ou por algum objetivo maior, mas o fato é que cada vez mais a Apple tem levantado a bandeira de que o iPad tomará parte do lugar dos computadores. Digo “parte” pois a Maçã sempre faz questão de lembrar que ainda há mercado para os computadores — ora, ela acabou de atualizar praticamente toda a linha de Macs, não é? Entretanto, há, sim, um apelo da empresa mostrando que é possível fazer basicamente tudo o que se fazia antes nos PCs, agora nos iPads.

Para quem acha que essa ideia é nova, parte do novo gerenciamento da empresa, engana-se. Como bem lembrou o BuzzFeed, o próprio Steve Jobs, em uma entrevista seis meses depois do lançamento do iPad, afirmou que os “PCs seriam como caminhões” (que eles ainda estariam por perto, continuariam tendo valor, mas seriam utilizados por cada vez menos pessoas).

iPads Pro com acessórios

Em entrevista concedida a John Paczkowski, Craig Federighi (chefão dos softwares da Apple) e Phil Schiller (mandachuva do marketing) falaram sobre as novidades anunciadas ontem na keynote de abertura da Worldwide Developers Conference 2017 (tanto os iPads Pro quanto o sistema operacional, o que Federighi chamou de “o maior lançamento de iPad que já fizeram”).

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“Queremos que o iPad seja um dispositivo de computação primário ainda melhor para aqueles que assim desejam que ele seja”, disse Schiller.

“O [iPad de] 10,5 polegadas cruza esse limite realmente interessante”, disse Federighi. “Ao diminuir as bordas, fomos capazes de manter um tamanho que é ótimo para segurar na cama durante a leitura, mas também ter um teclado de tamanho completo. O tamanho do teclado engana, pois quando você coloca as mãos nele e começa a digitar, você sente imediatamente ‘ah sim, agora eu posso digitar exatamente como no meu Mac’.”

Apple Pencil no iPad Pro com iOS 11

Uma das grandes novidades do novo iPad Pro é algo chamado “ProMotion”. Com ele, a taxa de atualização na tela do dispositivo chega a 120Hz (mais do que TVs em 4K). Comparativamente, a geração anterior dos iPads chegava a 60Hz. O resultado é uma reprodução mais fluida e detalhada de qualquer conteúdo na tela (vídeo, animações do sistema como dar zoom em uma foto, etc.), assim como respostas mais rápidas ao toque tanto do dedo quanto com o Apple Pencil.

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Apesar de ter sido revelada agora, os executivos contam que a tecnologia ProMotion foi descoberta há quatro anos e todo esse tempo eles passaram aperfeiçoando um chip para suportá-la.

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Diz Federighi:

Nós construímos alguns protótipos iniciais para experimentar o toque com uma latência superbaixa, em uma exibição de 120Hz, ligando-os a grandes plataformas de engenharia ligadas a Macs Pro. A experiência touchscreen foi incrível. Era como se a tela estivesse diretamente ligada ao seu dedo.

Foi um esforço enorme e multifuncional. Dificilmente existe uma equipe de engenharia que não contribuiu nisso e acho que fomos bem-sucedidos. Eu sei que usamos muito a palavra “mágico”, mas é assim que me sinto em relação a essa tecnologia.

ProMotion no iPad Pro

Ainda no campo de rápidas respostas do iPad, o Apple Pencil e sua interação com dispositivos também foi melhorada graças ao aprendizado de máquinas, que permite “prever” o caminho que ele percorrerá.

Schiller:

Nós realmente planejamos o próximo frame para onde pensamos que o Pencil vai em seguida, então ele o desenha quando você chegar lá, em vez de fazer isso depois que você já passou por lá.

Junto aos novos hardwares, a Apple lançou uma atualização do seu sistema operacional bastante focada no iPad, algo que os usuários pediam há um tempo. Isto é, não que os sistemas anteriores fossem inadequados para o tablet, porém havia uma gama de possibilidades que a Maçã ainda não tinha explorado até agora com o arrastar e soltar, um sistema de gerenciamento de arquivos e um Dock presente quase o tempo todo. A Apple parece ter ouvido o feedback dos usuários.

A questão geral, então, seria em relação ao papel de cada dispositivo: o iPad Pro, com as suas grandes novidades, e os Macs. E os executivos não voltaram atrás na ideia de que cada um tem o seu lugar.

“É simples, realmente”, disse Federighi. “Há um produto que você segura na sua mão, projetado para manipulação direta. E há um produto que você usa na sua mesa, projetada para manipulação indireta. Quando você leva essas ideias na sua máxima expressão, quando você estender o alcance, inevitavelmente haverá alguma sobreposição. Mas, em última instância, as pessoas vão escolher aquele que é o mais atraente para o que elas querem fazer.”

Retornando à afirmação de Jobs, Paczkowski perguntou se, talvez, o iPhone não teria tomado o lugar dos iPads no sentido de se tornarem o “principal” aparelho de computação das pessoas atualmente. Os executivos acreditam que a afirmação ainda continua atual.

“Não querendo aumentar a analogia, mas já o fazendo, acho que há espaço para um carro, um caminhão e algo que se sobrepõe a ambos”, disse Schiller. “O smartphone é o nosso modo principal de transporte digital. Está conosco o tempo todo — é o nosso navegador, o nosso dispositivo de comunicação, a nossa câmera. Mas ele consegue fazer um filme mais elaborado ou criar um aplicativo? Claro que não. Para tarefas que precisam de mais potência como essas, você precisa de um caminhão, você precisa de um Mac.”

“O iPad oferece algo único entre os dois”, concluiu Schiller. “É como um veículo crossover. E no mundo do veículo, os crossovers estão crescendo drasticamente”.

Talvez seja este, finalmente, o real iPad “Pro” que a empresa queria entregar a seu público; como Jobs gostava de dizer, “uma integração perfeita de hardware, software e serviços”.

E o iPad mini, cadê?

Com todo o orgulho envolvendo os iPads anunciados, você com certeza deve ter se perguntado o que aconteceu com o iPad mini. Quer dizer, já que ele não ganhou nenhuma atualização, poderíamos pensar que o pequeno teria sido descartado pela Apple, certo? Errado. Quer dizer, sim e não…

iPad mini 4 segurado com uma mão

Em seu Twitter, Paczkowski publicou um trecho da entrevista que não entrou na matéria do BuzzFeed. Nele, Schiller declara com todas as letras que o futuro do iPad está na tela de 9,7″ para cima, que o mini continuaria disponível, mesmo sem receber um atualização, para quem ainda prefere esse tipo de tela (afinal, mercado sempre existirá, por menor que ele seja).

Como seu tweet saiu do ar pouco tempo depois, suponho que exista um motivo para que a afirmação não tenha sido publicada — e que a Apple rapidamente tratou de pedir para que a citação desaparecesse da face da Terra.

Analisando os fatos: se alguém quiser um iPad com um bom custo/benefício e tamanho menor, podem muito bem adquirir o iPad de 9,7″ — ele tem muito mais recursos e ainda é mais barato que o iPad mini 4. E, se preferirem um dispositivo maior, existem as versões maiores dos iPads Pro.

Portanto, como já falamos aqui, existe uma base muito forte de argumentos para afirmar que o iPad mini não mais receberá atualizações de hardware e, consequentemente, será descontinuado mais cedo ou mais tarde. 😢

via TechCrunch

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