Quando pensamos em iPhone quebrado, invariavelmente vem às nossas cabeças aquela maravilhosa tela completamente rachada, estilhaçada. Ao menos é a primeira coisa que eu penso, afinal, ela continua sendo de vidro e as pessoas continuam deixando os seus telefones caírem. E é exatamente nesse ponto que a coisa fica polêmica — não pelo vidro quebrar, mas pelo fato de só a Apple poder fazer as trocas das telas.
Desde quando esse tipo de reparo começou, apenas as lojas físicas da Maçã possuem uma máquina “trambolhuda” que tem apenas dois propósitos: fazer a calibragem de uma nova tela que é colocada em um corpo antigo de iPhone e realizar a troca do componente do Touch ID (conectada a um Mac, a máquina automaticamente valida o novo sensor nos servidores internos da Apple).
Por essa razão, nenhum Centro de Serviço Autorizado Apple tem como trocar a tela de um iPhone. Nos Estados Unidos, onde existem centenas de lojas da Apple, isso não é lá um grande problema. Mas no Brasil, por exemplo, onde temos apenas duas lojas, a falta de uma máquina dessas em CSAAs é bastante prejudicial pois acaba forçando o cliente a resolver o problema diretamente com a Apple nas lojas físicas (o que aumenta, e muito, o número de atendimentos realizados) ou tendo que enviar o telefone para a Maçã pelos Correios para que o reparo seja feito. Isso, como eu disse, no Brasil; em países onde a Apple simplesmente não tem lojas, as coisas são ainda mais complicadas.
Mas esse cenário tem tudo para mudar em 2017, ao menos de acordo com a Reuters. Executivos da Apple disseram ao veículo que, até o fim de 2017 (mais conhecido como este ano), a Apple disponibilizará a célebre máquina em cerca de 400 CSAAs distribuídos em 25 diferentes países — o que representaria 8,5% dos cerca de 4.800 CSAAs existentes no planeta. Nós, é claro, estamos na torcida para que o Brasil esteja dentro desse bolo.
Confira algumas fotos da máquina que calibra iPhones 6s ou mais recentes em cerca de 15 minutos — e alguns equipamentos utilizados na desmontagem/montagem dos aparelhos:
O programa piloto da Apple já começou há cerca de um ano, com algumas máquinas em funcionamento em locais como Miami, Bay Area (região que engloba San Francisco e cidades vizinhas), Londres, Xangai e Singapura. Ainda segundo a Reuters, alguns países que não contam com lojas da Apple como Colômbia, Noruega e Coreia do Sul receberão primeiro essas máquinas — o que, como expliquei acima, faz bastante sentido.
A novidade vem para complementar outra recente, que cobrimos no MacMagazine em fevereiro: reparos das telas de iPhones feitos por terceiros não anulam mais a garantia dos aparelhos, mas obviamente o componente em si não era mais coberto pela garantia. Com essa troca oficial feita por CCSAs, isso não se aplica.
Em vários Estados americanos, há um movimento legislativo com a finalidade de forçar a Apple a dar o direito das pessoas de consertarem seus iGadgets; a empresa, porém, negou que esse novo plano tenha ligação com isso, afirmando que tudo foi pensado para simplesmente reduzir o tempo de espera de reparos nas suas lojas e facilitar reparos de alta qualidade em países onde a empresa não possui presença no varejo.
De fato, um ex-empregado da Apple Morumbi nos contou que essa é uma briga interna de longa data e que era ainda mais dificultada pelo fato de que as assistências precisariam utilizar a VPN1Virtual private network, ou rede privada virtual. da Apple para poder fazer a máquina funcionar.
Independentemente de ser ou não uma resposta ao movimento, quem sai ganhando somos nós.
Atualização, por Rafael Fischmann 08/06/2017 às 18:47
Confirmando as nossas suspeitas, o Brasil estará, sim, entre os 25 países da iniciativa — conforme divulgou o TechTudo. Todavia, não há previsão de quando a primeira Horizon Machine (tal como é chamada a máquina) chegará ao nosso país.
Notas de rodapé
- 1Virtual private network, ou rede privada virtual.