Lembro-me bem do ano da graça de 2011, quando eu, assim como vocês, ainda era um simples leitor deste singelo website. Era uma época de esperança: a economia andava (relativamente) bem, a Seleção tinha alguma chance de ganhar a Copa e a Foxconn dava toda a pinta de que estaria prestes a começar a fabricação de iPhones e iPads no Brasil, o que tornaria os dispositivos significativamente mais baratos para o consumidor brasileiro. Né?
Bom… seis anos depois, sabemos que nenhuma destas coisas durou muito. A economia murchou mais que o pato da Fiesp, a Seleção é símbolo de um dos maiores traumas nacionais da história, e os iPhones e iPads tupiniquins mais baratos não passaram de uma promessa vazia. Sim, eles existem, mas nunca tiveram um centavo retirado das suas etiquetas por serem fabricados em território nacional. Agora, a Foxconn está sentindo o baque da empreitada falida.
Há dois meses, a gigante taiwanesa já tinha desativado o galpão onde ocorria a produção local de iPads e demitido 70 pessoas; agora, de acordo com uma reportagem da ISTOÉ DINHEIRO, o espaço destinado à fabricação nacional de iPhones será também fechado, colocando um melancólico ponto final na saga dos iGadgets “Indústria Brasileira”.
Segundo uma ex-funcionária, mais de 50 empregados da linha de montagem do iPhone foram demitidos no dia 6 de junho, após voltarem de um período de férias coletivas “forçadas”, motivadas pela baixa demanda. A fabricação do aparelho da Maçã na planta em Jundiaí (SP) deve ser totalmente encerrada até dezembro. Com isso, a Foxconn do Brasil passará a focar somente na montagem de produtos para outras empresas — a taiwanesa mantém uma parceria com a ASUS para fabricação de smartphones e laptops, por exemplo.
As razões para o fracasso da aventura brasileira da Apple-Foxconn são incertas, mas alguns fatores podem ser responsáveis pela ruína da empreitada: a reportagem fala em promessas nunca cumpridas pela Foxconn (como o compromisso de gerar 100 mil empregos, o que definitivamente nunca aconteceu), bem como os recentes abalos sísmicos na economia nacional e uma queda nas vendas de smartphones e tablets. A decisão da Apple de expandir a fabricação de iGadgets para outros países, como a Índia, também deve ter sido determinante para este fechamento.
No final das contas, o fato é que o fim da fabricação dos iPhones e iPads no Brasil não afetará em nada os bolsos dos consumidores destes produtos — afinal, como bem se sabe, os iGadgets não viram um centavo a menos nas suas etiquetas após o início da fabricação nacional. Como de costume, o ônus será dos trabalhadores — demitidos por um planejamento falho e uma falta de compromisso em realmente realizar alguma mudança no status quo das coisas. Esperamos que eles deem mais sorte em seus próximos empregos.
via Gizmodo Brasil
Atualização, por Rafael Fischmann 27/06/2017 às 17:52
Ao jornal Diário do Nordeste, a assessoria de imprensa da Apple Brasil negou a informação trazida pela ISTOÉ DINHEIRO — sem dar mais detalhes. Teremos que aguardar para ver…