Oh, lobbying. Tão presente na realidade de empresas e grupos organizados grandes e pequenos ao redor do mundo e, ainda assim, tão polêmico. O ato de colocar um representante (ou vários) no epicentro das operações governamentais de um país como forma de exercer influência e “puxar a sardinha” para o seu lado é mais velho que andar para a frente, e, como era de se esperar, nossa velha e boa Maçã não age diferente dos seus pares.
Interessante notar, entretanto, como os gastos da Apple com lobbying viram um salto assustador desde que Donald Trump assumiu o Salão Oval da Casa Branca. Por lei, todas as empresas americanas devem declarar exatamente quanto gastaram em atividades relacionadas a essa prática — e o dinheiro despendido pela Maçã nos últimos três meses chama atenção pelo volume e por ter quebrado todos os recordes de Tim Cook e sua turma quando o assunto é lobismo.
De acordo com um documento já disponível na internet, a Apple gastou US$2,2 milhões entre 1º de abril e 30 de junho de 2017 em Washington, o que representa o maior gasto da história da empresa nesta prática em um determinado trimestre. No período anterior — o primeiro em que a Maçã estava lidando com a nova administração —, foram quase US$1,4 milhão; o que já era uma figura bastante superior àquelas costumeiramente registradas na era Barack Obama — no segundo trimestre de 2016, por exemplo, a Apple gastou US$1,12 milhão; já nos primeiros seis meses do governo do ex-presidente, foram gastos somente US$730 mil.
Além disso, o crescimento dos gastos de lobbying da Apple nunca foi superior a US$330 mil na comparação de um trimestre para outro; nestes dois últimos, o salto foi de quase US$800 mil — ou seja, talvez não seja surpreendente se começarmos a ver saltos ainda maiores nesse montante daqui para a frente. Dinheiro em caixa para isso a Apple tem, certamente.
Resta saber, claro, em que exatamente a Apple está gastando todo esse dinheiro — esta é uma informação que o governo não exige que as empresas esclareçam. Considerando os embates de Trump com Cook e a Apple, entretanto, não é difícil ter uma ideia do que está acontecendo lá por Washington: enquanto o presidente tenta aplicar suas medidas protecionistas, a Apple — junto a outras gigantes da tecnologia — tentam convencê-lo de abrandar suas posições. Mover quase toda a sua capacidade de operação para a Ásia, no fim das contas, parece estar dando uma certa dor de cabeça à Maçã e às suas concorrentes.
via Recode