Desde os primórdios da operação da Apple no Brasil — ao menos quando estamos falando de vendas de conteúdo online —, a empresa opera em dólares. Isso quer dizer que, se você adquirir um filme na iTunes [Movie] Store, assinar o Apple Music, comprar mais espaço no iCloud ou qualquer coisa do gênero, pagará em US$ em vez de em R$.
Há muito tempo se discute se a Apple passará a trabalhar com a nossa moeda local ou não; recentemente, Eddy Cue (vice-presidente sênior de softwares e serviços para internet) afirmou que o Apple Music passaria a ser cobrado em reais até o fim do ano. Caso isso aconteça, é plausível afirmarmos que não apenas o serviço de streaming musical da empresa mas absolutamente todo e qualquer tipo de conteúdo que hoje é comercializado em dólares passaria a ser vendido em reais. E há alguns dias surgiu um indício de que isso de fato poderá acontecer.
Ao visitar o site da Jucesp (Junta Comercial do Estado de São Paulo) e fazer uma busca por “Apple”, é possível verificar o registo de uma empresa intitulada APPLE SERVICOS DE REMESSAS LTDA, registrada no mesmo endereço da Apple Brasil. A descrição da atividade econômica principal da empresa é: “atividades de cobranças e informações cadastrais” (código 8291-1/00
).
Tal atividade econômica conta com as seguintes notas explicativas:
- As atividades de cobrança de faturas e de dívidas para clientes e a transferência aos clientes dos pagamentos recebidos;
- As atividades de compilação de informações, como históricos de crédito, de emprego, para empresas clientes;
- O fornecimento de informações sobre a capacidade de endividamento de pessoas e de empresas a instituições financeiras, ao comércio e a empresas de outras atividades que necessitam avaliar a capacidade de crédito de pessoas e empresas.
Com base nisso, temos um forte indicativo de que estamos diante de uma empresa criada para que a Apple resolva burocraticamente as coisas a fim de vender conteúdo em reais no Brasil. Essa empresa poderia ter alguma ligação com o serviço Apple Pay, também, mas até por conta da indicação da Maçã de que o serviço ainda não chegará por aqui neste ano — e da declaração de Cue de que o Apple Music passará a ser cobrado em reais —, eu arrisco que não é este o caso (para a tristeza de muitos usuários que aguardam ansiosamente a chegada do serviço de pagamento móvel).
Nós já abordamos aqui no MacMagazine os prós e os contras de se cobrar em dólar/real. Resumidamente, com a mudança, os preços muito provavelmente subirão bastante; por outro lado, os Gift Cards (Cartões Presentes) poderão se tornar realidade em nosso país, possibilitando a compra de conteúdos sem a necessidade de se ter um cartão de crédito.
Veremos se isso realmente se concretizará.
dica do Thalisson Santos