Que fique claro: muito antes de nós até mesmo sonharmos com o nome ARKit, o Google já tinha embarcado na missão de levar a realidade aumentada para os aparelhos móveis. O chamado Projeto Tango, entretanto, era muito diferente da plataforma recém-revelada da Maçã, no sentido de que exigia aparelhos construídos especialmente com ele em mente, com componentes especiais e sensores sofisticados; no fim das contas, as fabricantes não compraram a ideia e o projeto não conseguiu ganhar o mundo.
Agora, o Google está renovando suas ambições no mundo da realidade aumentada aposentando o Tango e apresentando um novo projeto. O ARCore é, como o próprio nome já diz, a resposta da gigante de Mountain View ao ARKit, a começar pelas exigências muito mais brandas em relação aos dispositivos em que funcionará, à facilidade de implementação e ao grande potencial que apresenta a todo um universo de aparelhos Android ao redor do mundo.

As demos desse vídeo, particularmente, não me parecem ter sido lá muito bem escolhidas…
Apesar de ser baseado no Tango, o ARCore depende somente de sensores e peças presentes em basicamente qualquer smartphone moderno — nomeadamente, a câmera, o acelerômetro e o giroscópio, bem como o GPS em casos específicos. A primeira prévia para desenvolvedores da plataforma já foi liberada pelo Google, mas, por enquanto, ela é exclusiva para o smartphone Pixel ou para o Galaxy S8, da Samsung.
A promessa do Google é que, quando a plataforma for liberada para o grande público, ela seja suportada em mais de 100 milhões de dispositivos ao redor do mundo, de fabricantes como Samsung, LG, Huawei e ASUS — caso a expectativa confirme-se, aliás, é bom a Apple pensar em parar de dizer que o ARKit é a “maior plataforma de realidade aumentada do mundo” [Pensando melhor, talvez não — afinal, a Apple já vendeu uma quantidade bem superior a 100 milhões de iPhones 6s ou superiores e iPads Pro, certo? Talvez a estimativa do Google seja conservadora ou o ARCore realmente só funcionará nos dispositivos Android bem parrudos? Só o tempo dirá.]
Qualitativamente, ambas as plataformas equiparam-se, com recursos e nível de refinamento similar — assim como o ARKit, o ARCore traz tecnologias de rastreamento de movimento, captação de ambiente e compreensão de luz e sombra, oferecendo a possibilidade de criações absolutamente realistas na tela dos dispositivos; a criação do Google também traz suporte a motores gráficos como o Unity e o Unreal. Claro que, na prática, teremos que ver qual das duas plataformas sai-se melhor na tarefa de introduzir elementos virtuais em cenários da vida real.
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Falando no ARKit, já que estamos aqui, que tal conferirmos mais algumas demonstrações promissoras da plataforma da Maçã? Vamos a elas.
Esculturas (quase) na vida real
🎨 Stroke of genius → Sculpting & painting w/ Apple Pencil & this app by @fabinrasheed. Will help biceps toning too 💪 https://t.co/fEHamQZ3NG pic.twitter.com/pYPb7xDfvp
— Made With ARKit (@madewithARKit) 26 de agosto de 2017
Toque de gênio — esculpindo e pintando com o Apple Pencil e este aplicativo de @fabinrasheed. Vai ajudar com a tonificação do bíceps também!
Afinal, talvez o Bernini do século XXI esteja a apenas um iPad de distância… 😛
Maquiagem de mentirinha
Eu entendo que, dentro do árduo e complexo processo de escolher maquiagem, passar horas naquelas lojas enormes e perfumadas e sair com 10 tipos de batons e 15 variedades de bases na cara é uma das partes mais divertidas. Se você não estiver com a disposição de pintar-se na vida real, entretanto, adivinhe: o ARKit pode lhe ajudar.

A empresa ModiFace é a responsável pela criação de tecnologias para empresas de beleza e cosméticos que aplica demonstrações dos produtos diretamente nos rostos dos/das clientes. A companhia, inclusive, afirma já ter vários parceiros de grande porte fazendo testes com sua tecnologia — os primeiros aplicativos para os consumidores finais, entretanto, só sairão em setembro, junto à disponibilidade do iOS 11.
Uma invasão zumbi na sua casa
The Walking Dead conseguiu sozinha a proeza de acabar com a mania dos zumbis ao transfigurar-se, bom, numa série horrorosa depois da sexta temporada. Isso não significa, entretanto, que desenvolvedores ao redor do mundo não estejam divertindo-se com estas criaturas:

O ARZombi, jogo que chegará em breve ao iOS, é a demonstração perfeita disso. A estética aqui é ligeiramente cartunesca, mas, de qualquer forma, não deixa de ser bem divertido ver os mortos-vivos invadirem a sua casa, não é mesmo?
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Eu só quero ver estes apanhados daqui a alguns meses, quando o ARCore tiver ganho tração no mundo dos desenvolvedores. Quem será que ficará com a vantagem em (mais) essa briga épica?