O melhor pedaço da Maçã.

Em entrevista, Tim Cook afirma que os produtos da Apple não são apenas para os ricos e que ajudam a humanidade como um todo

Tim Cook para a Fortune em agosto de 2017

A Fortune publicou recentemente a edição deste ano do seu especial denominado Change The World — um ranking que lista, como vocês devem imaginar, as empresas que mais mudam o mundo dentro das suas respectivas áreas de atuação. E, finjam surpresa, nossa velha e boa Maçã fez bonito na relação, conquistando o terceiro lugar e perdendo apenas para a financeira JPMorgan Chase, em primeiro, e para a companhia de saúde e nutrição DSM. Outras empresas de tecnologia na lista incluem a Microsoft (25º lugar), o Airbnb (31º), a IBM (35º) e a Dell (48º).

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Para comemorar a escolha, o CEO Tim Cook sentou-se com o editor-executivo da Fortune, Adam Lashinsky, para uma entrevista cobrindo tópicos deveras polpudos como a suposta “elitização” dos produtos da Apple e a tendência dos dispositivos modernos a isolar as pessoas em suas próprias bolhas. A entrevista pode ser lida na íntegra, em inglês, neste link; abaixo, destacamos algumas das passagens mais interessantes.

Tim Cook para a Fortune em agosto de 2017

Quanto ao motivo fundamental da entrevista — as formas sobre as quais a Apple muda o mundo —, Cook afirmou que o veículo principal dessas mudanças está, compreensivelmente, nos seus produtos. Mas a Maçã vai além, seja lutando por práticas ambientais mais sustentáveis, pelos direitos humanos ou pelos esforços da empresa nas áreas de educação e saúde. Como afirma o executivo:

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Nós advogamos pelos direitos humanos porque a Apple sempre quis fazer produtos para todos. E se algumas pessoas são tratadas como cidadãs de segunda-classe em alguma parte do mundo, é difícil alcançar este objetivo.

Nós também acreditamos que a educação é um grande equalizador, então fazemos o máximo para trazê-la ao foco principal. E no momento estamos focando em linguagem de programação porque nós acreditamos que ela é o segundo idioma que todos no mundo deveriam aprender. […]

E nós advogamos pela privacidade das pessoas porque vivemos num mundo onde a tecnologia pode fazer uma série de coisas, mas existem coisas que ela não deveria fazer. Então nós tentamos proteger a privacidade e segurança de todos e, com sorte, manter algumas dessas coisas ruins longe deles.

Então nós tentamos fazer todas essas coisas na forma que conduzimos nós mesmos e a empresa. Mas a forma primária em que nós mudaremos o mundo é através dos nossos produtos, porque nós tocamos muito mais pessoas desta maneira.

Quando questionado se a Apple não seria uma empresa focada exclusivamente nos ricos por trabalhar com produtos caros com alta margem de lucro, Cook respondeu:

Bom, não é uma alta margem de lucro. Eu não usaria esta expressão. Existem muitas empresas com margens maiores. Nós precificamos nossos produtos com base nos seus valores, e nós tentamos fazer os melhores produtos. Isso significa que nós não fazemos simples mercadorias ou atuamos em vários segmentos. Nós não criticamos quem o faz, é um modelo de negócios perfeitamente aceitável. Mas não é o nosso modelo.

Mas se você olhar a nossa linha de produtos, você pode comprar hoje um iPad por menos de US$300. Você pode comprar um iPhone, dependendo do que você escolhe, por algo em torno deste preço. Ou seja, isso não é para os ricos. Nós obviamente não teríamos mais de 1 bilhão de produtos na nossa base ativa instalada se estivéssemos fazendo produtos só para os ricos porque este é um número enorme, não importa quem está analisando.

Outro ponto interessante diz respeito ao segmento de saúde — um no qual a Apple passou a atuar muito recentemente, com o Apple Watch e o já tão célebre HealthKit, e já fez marcas profundas e extremamente positivas entre profissionais e pacientes do mundo todo. Ao ser perguntado se a investida da Maçã é lucrativa ou tem um viés mais altruísta, Cook respondeu:

[…] Nós estamos extremamente interessados nessa área. E, sim, é uma oportunidade de negócio — se você olhar, a atividade médica é o maior ou segundo maior componente da economia em uma série de países, e ele não foi construído de uma forma que o foco, no sentido do dispositivo, é em fazer ótimos produtos. O foco tem sido em fazer produtos que podem ser reembolsados por planos de saúde, ou empresas de seguro. Então nós trazemos uma visão totalmente nova para este mercado e dizemos, “esqueçam isso tudo. O que vai ajudar as pessoas?”.

[…] Nós só estamos riscando a superfície agora e, honestamente, não estamos fazendo dinheiro algum com esse mercado. Mas foi algo que nós pensamos que seria bom para a sociedade, então fizemos. Vai nos levar a algo? Teremos que descobrir. Mas eu não posso responder isso hoje.

Cook ainda explicou o porquê de a Apple nunca ter criado uma fundação com o objetivo de destinar lucros a causas sociais ou ambientais, como várias outras empresas já fazem.

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Eu pensei nisso no início de 2012, e decidi não fazer. E eis o porquê: quando uma empresa cria uma fundação, existe um risco, no meu julgamento, de a fundação se tornar uma coisa separada que não está conectada com a empresa. Ela tem uma mesa de diretores diferente. Eles tomam decisões independentes, às vezes. Ela vira uma coisa separada. Eu não quero isso para a Apple; eu quero todos envolvidos. Porque eu penso que o poder que nós temos, as coisas que podemos fazer, são possíveis porque somos unidos. Elas só são possíveis quando pomos tudo de nós nelas.

Lashinsky, então, tocou em um assunto polêmico e tão discutido nos dias de hoje: a tendência trazida pelos dispositivos móveis — nos quais a Apple é uma das pioneiras e líderes, naturalmente — de isolar as pessoas e torná-las menos sociais. Sobre a questão, Cook afirmou que o segredo para evitá-la é fazer produtos que tenham humanidade.

Quando você pensa no que o Watch faz, além de tudo o que já falamos de um ponto de vista do bem-estar, uma das coisas é permitir que você tenha um nível curado de conexão sem ser absorvido por ela. Então se você quer receber mensagens só de determinadas pessoas, você pode esperar somente por elas. […] E no iOS 11, quando você começa a se movimentar num carro, seu telefone não vai receber notificações. Ele só fará isso se você o pegar e disser “eu não estou dirigindo”. Você pode desligar isso se quiser, mas nós estamos tentando ajudar as pessoas a se ajudarem e fazerem a coisa certa.

[…] Eu acho que usar um dispositivo é como comer comida saudável. É ótimo. Mas você corre riscos se comer comida saudável demais, e também se prejudica se usar um produto demais.

Esperamos que Cook esteja tão afiado amanhã como esteve nesta entrevista.

via MacRumors

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