A Apple liberou hoje o seu tradicional Relatório de Diversidade anual, dedicado a relatar os avanços (ou não) da empresa nos esforços de construir uma equipe que represente as diferenças do mundo e ajude na tão crucial tarefa de empoderamento das minorias. Este é o primeiro documento após a nomeação de Denise Young Smith como primeira vice-presidente de inclusão e diversidade da empresa, e também o primeiro após a eleição de Donald Trump como presidente dos Estados Unidos.
A visão geral da situação mostra que a Apple, embora esteja contratando números mais significativos de pessoas negras, asiáticas ou latinas, não está vendo uma mudança geral no cenário interno de representatividade. Pelo menos, a presença de mulheres em cargos altos subiu nos últimos 12 meses — já é algo a ser comemorado.
Falando de números, a força de trabalho da Apple mundialmente é composta 68% de homens e 32% de mulheres, índices inalterados em relação ao ano passado; nos Estados Unidos, 51% dos trabalhadores se auto-declaram brancos, enquanto 9% declaram-se negros e 13%, latinos. Asiáticos compõem cerca de 27% das vagas da Maçã no seu país de origem. Pode não ser a situação ideal, mas ao menos é um quadro mais diverso que o de várias de suas principais concorrentes, como Facebook, Microsoft e Google — como a própria Apple destaca no relatório.
Ao longo do último ano, 27% das contratações da Apple foram de pessoas participantes de grupos minoritários/sub-representados; considerando apenas as contratações relacionadas às vagas de tecnologia, essa taxa sobe para 50%.
Apesar disso, os cargos de liderança da empresa ainda são dominados por homens brancos: 71% das cadeiras são ocupadas por esse grupo. Apenas 3% da alta cúpula da Apple nos EUA são negros, enquanto 7% são considerados latinos — como bem se sabe, as posições mais altas são as que enfrentam maiores dificuldades em apresentar uma taxa de diversidade mais ampla.
A Apple disponibilizou também um vídeo institucional falando sobre suas ações de ampliação da diversidade dentro da empresa — e notem a presença da trilha sonora de “A Chegada” (o melhor filme do ano passado, de acordo com a opinião deste que vos escreve), obra que trata justamente da cooperação entre os povos como um dos seus pontos principais:

Na Apple, “aberto” não é só uma palavra. É a nossa cultura. Uma cultura que abraça religiões, deficiências, raças, idades, ideologias, personalidades e diferenças. Porque a humanidade não é singular. É plural.
No fim das contas, como eu sempre faço questão de repetir em textos sobre o tema, a questão aqui não é necessariamente forçar a contratação de pessoas provenientes de grupos minoritários. Não: a questão é trazer à luz a ideia, por tantos séculos rechaçada, de que estas pessoas são tão competentes e capazes de ocupar todos os tipos de cargos, dos mais básicos até as mais altas lideranças, como aqueles que historicamente dominaram todas essas posições.
Neste sentido, a Apple, por mais que esteja longe de ser perfeita, faz um serviço importante em prol da disseminação desse ideal de igualdade. Claro, claro: a motivação pode ser basicamente o marketing, já que o mundo (felizmente!) respira ares de diversidade e as empresas que não embarcarem nessa onda quebrarão a cara. Ainda assim, não deixa de ser uma atitude louvável da Maçã.