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Review: iPhone X, o maior salto no smartphone da Apple desde a sua primeira geração

iPhone X

Pela primeira vez na história do iPhone, em 2017 a Apple lançou duas gerações flagship simultaneamente. Nosso review do iPhone 8 Plus ficou a cargo do Edu, e aqui estou eu para lhes trazer a minha análise completa do iPhone X após cerca de um mês inteiro de uso.

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Eu usei o iPhone 8 Plus durante algumas semanas, também — até porque o iPhone X só chegou ao mercado internacional no comecinho de novembro. Então, para este review, não pretendo repetir boa parte das coisas já faladas pelo Edu quando comparando o 8 com o 7, até porque o X proporciona o maior salto no smartphone da Apple desde a sua primeira geração.

O maior salto merece, claro, o maior review que eu já escrevi para este site. Vamos lá?

Design

Comecemos pela parte estética do aparelho, pelo que mais mudou nele logo quando batemos o olho no iPhone sem nem sequer ligá-lo. O seu design externo.

iPhone X prateado de trás e cinza espacial de frente na diagonal

Acho que posso afirmar que esta é a primeira vez que, não importa o ângulo pelo qual você olhe pro iPhone, você identifica que é um X. O pessoal brinca que a Apple “estagnou” o design dele do 6 ao 8 (há quem chame o 7 de “6ss” e o 8 de “6sss”), mas em todas as gerações tivemos mudanças sutis — ao menos na parte traseira e nas cores. Olhando todos eles de frente, realmente, é difícil — senão impossível — distinguir um do outro.

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No iPhone X, tudo mudou. A frente agora é (quase) toda tela, que traz um novo formato de 18:9 com um pequeno recorte superior e, pela primeira vez na história do iPhone, a ausência do botão de Início (Home). Nas laterais, a Apple deu adeus ao alumínio e trouxe de volta o aço inoxidável, com um acabamento similar ao encontrado em Apple Watches. Atrás, assim como no 8, ela adotou vidro — só que agora temos um sistema duplo de câmeras posicionado verticalmente.

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Ao menos inicialmente, temos no iPhone X apenas duas opções de cores: cinza espacial (space grey) e prateada (silver), popularmente referenciadas como preta e branca. Ambas, na minha opinião, ficaram lindas; acabei optando pelo cinza espacial, mas fiquei na dúvida até o último segundo — especialmente depois de vê-las pessoalmente. E isso tem um forte motivo: nas duas, a frente do iPhone X é mantida preta. Finalmente, a Apple abandonou aquela moldura branca que muitos criticavam — até porque é uma moldura tão fina, agora, que nem faria sentido.

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O iPhone X é fisicamente um pouco maior e mais pesado que os iPhones de 4,7 polegadas, porém obviamente menor e mais leve que os de 5,5 polegadas. Confira a tabelinha:

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ModeloiPhone XiPhone 8 PlusiPhone 8
Altura143,6 mm158,4 mm138,4 mm
Largura70,9 mm78,1 mm67,3 mm
Espessura7,7 mm7,5 mm7,3 mm
Peso174 gramas202 gramas148 gramas

Observe que, dos três, o iPhone X é também o mais espesso. A diferença numérica é muito pequena (o que são 0,2mm?), mas você sente quando segura ele pela primeira vez. Somando isso às dimensões e aos materiais usados em sua carcaça, temos um aparelho com uma pegada bastante premium e segura.

iPhone X deitado e de lado

Diante do preço, eu resolvi comprar o AppleCare+ para o iPhone X e, com isso, me sinto confortável em, pela primeira vez em anos, usá-lo sem capinha nenhuma. Além de não cobrir nadinha desse belo design, é muito legal usar o iPhone “nu”, assim. Experiência realmente diferente, principalmente por conta dos diversos gestos que agora temos que fazer na tela.

Voltar a usar vidro na traseira do iPhone deixa-o sem dúvida muito mais bonito, mas a troca foi necessária para a adoção tardia da tecnologia de recarga sem fio. Por outro lado, vidro… quebra. A Apple pode dizer o que quiser quanto à durabilidade do vidro usado no iPhone, mas é inegável que, em termos de resistência, ele perde pontos em relação aos antecessores. E nós comprovamos isso na prática, neste vídeo:

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E não é só o vidro. O aço inoxidável nas laterais deixa o iPhone também muito bonito e faz jus ao preço que pagamos por ele, mas também é um material que infelizmente tende a arranhar com muita facilidade.

Postas essas considerações, devo dizer que meu iPhone X, mesmo sem capinha, está praticamente impecável após um mês de uso. Em uma análise cuidadosa que fiz há pouco, sob a luz do dia, notei apenas dois micro-riscos no vidro traseiro, e só. Nada no vidro frontal, nadinha nas laterais. Not too shabby.

Aliás, falando em resistência, nada mudou na classificação oficial dele em relação a água e poeira: IP67. Ou seja, o iPhone X é resistente mas não à prova d’água. Não invente de usá-lo, sem uma case apropriada, para tirar fotos na piscina ou muito menos no mar.

iPhone X com água espirrando

Para concluir este tópico, dois detalhes: o botão lateral do iPhone X está um pouco mais alongado, provavelmente para facilitar o seu uso (já que é agora o único botão físico no aparelho além dos dois de volume, e ganhou novas funções nesta geração), e a Apple conseguiu tirar da traseira todas aquelas marcações regulamentares que ficavam abaixo do nome “iPhone”. Vale notar que tanto ele quanto o logo da Maçã ficam agora por debaixo do vidro; você não “sente” eles, quando passa o dedo.

O notch

Passei vários parágrafos falando do design do iPhone X e, propositadamente, não comentei nada do seu recorte superior. Você já deve ter ouvido pessoas referenciando-o pelo termo inglês “notch”, que em tradução direta significa “entalhe” ou “chanfro”. Enfim, vamos de recorte mesmo.

Câmera frontal do iPhone X

Até eu pegar o meu iPhone X e começá-lo a usar de fato, tudo o que eu tinha eram fotos e vídeos no site da Apple. E, quando você vê essas imagens sem estar interagindo de fato com ele, o recorte superior ali na tela chama muito a atenção.

No desenvolvimento do software do iPhone X, a Apple teve a opção de “esconder” o recorte via software. A ideia seria manter a barra superior sempre preta, aproveitando também o fato de a tela dele ser agora de OLED, mas ela decidiu ir no caminho contrário. A Apple “abraçou” o recorte, levando a interface do sistema e de apps (quase) sempre até as “orelhas” do iPhone X, destacando isso com orgulho nas fotos do smartphone e até mesmo impedindo que desenvolvedores caminhem contra isso.

Desenho/ícone do novo iPhone

A explicação mercadológica é bem compreensível: sem o recorte, o iPhone X não seria tão facilmente identificável quando visto de longe. Ora, os próprios ícones dele em forma de “silhueta” destacam bem o recorte; mesmo pequenininhos, indicam bem se tratar de um iPhone X. É algo único, passa a ser a nova marca do iPhone tal como era, até agora, o seu único botão de Início frontal.

Obviamente, ninguém aqui é besta de achar que a Apple só colocou esse recorte ali para dar essa cara única ao iPhone X. O recorte foi necessário porque, bem, não há tecnologia suficiente ainda para esconder todos os componentes do sistema TrueDepth (câmera frontal) atrás da tela. Um dia, sem dúvida nenhuma, chegaremos lá; e aí será problema da Apple, não nosso, pensar em como continuar dando ao iPhone um desenho único.

Aliás, por falar em tecnologia, haja coisa no recorte: nesse espacinho minúsculo há uma câmera infravermelha, um emissor de luz, um sensor de proximidade, um sensor de luz ambiente, um alto-falante, um microfone, uma câmera de 7 megapixels e um projetor de pontos. Esse é o conjunto que a Apple chama de “sistema da câmera TrueDepth”, do qual falarei em mais detalhes adiante.

Pois bem, é incrível como esse recorte “desaparece” quando você começa a usar o iPhone X. Não é nem uma questão de você se acostumar depois de dias/semanas, basta começar a usar o aparelho que você percebe o quão “insignificante” ele é.

Há momentos em que o recorte chama atenção? Há, sem dúvida. Quando você está numa tela escura e troca imediatamente para uma com fundo branco, ocorre inclusive uma sensação esquisita de que o recorte “deslizou” de cima para baixo na tela, devido às próprias animações do iOS. Mas beleza, você (talvez) nota ele ali e acabou. É um pedacinho muito pequeno no meio dessa linda tela OLED de 5,8 polegadas.

Outra ocasião em que o recorte pode incomodar é quando você assiste a vídeos em tela cheia, mas isso quando você realmente usa o movimento de pinça para fazê-lo preencher tudo. A maioria dos vídeos hoje em dia segue o padrão 16:9, ou seja, já deixam bordas laterais no iPhone X que escondem o recorte. Pessoalmente, prefiro sempre vê-los assim, não pelo notch em si, mas porque quando você expande acaba recortando um pouco da parte superior e um pouco da parte inferior do vídeo original. Não curto.

Eu dificilmente uso o iPhone em modo paisagem, nem mesmo quando ainda tinha o modelo “Plus”. Mas, novamente, o recorte chama atenção quando ele está na horizontal e você navega por sites. Inclusive, se desenvolvedores quiserem explorar toda a tela do iPhone X na horizontal, preenchendo até as suas “orelhas”, precisam fazer pequenas adaptações em seus sites conforme orientações dadas pela Apple. Nós já fizemos aqui, diga-se.

Adeus ao botão de Início

Se o recorte é agora o elemento de design que distingue o iPhone X de todo o resto, o que dizer da ausência do único botão que sempre esteve presente na parte frontal do smartphone da Apple?

Ao menos para mim, a adaptação foi menos traumática do que eu imaginaria. Conto nos dedos de uma mão quantas vezes, durante esse mês inteiro, eu me peguei “procurando” o botão de Início no iPhone X, meio que de forma involuntária.

Considero a remoção do botão físico algo necessário para esse novo paradigma de smartphones com telas ocupando toda a sua parte frontal, mas fiquei bastante preocupado quando a Apple anunciou que tudo no iOS dele seria baseado em gestos. Até então, acreditava-se que ela poderia seguir uma linha similar à de alguns concorrentes que optaram por “esconder” um botão virtual ali atrás da tela, mais ou menos no mesmo lugar onde ficaria o físico, acionado com um pouco de pressão (tecnologia que o iPhone já possui, o 3D Touch).

Mas, como sabemos, a Apple decidiu investir em gestos. Então, agora, em vez de você pressionar o botão físico, você simplesmente desliza de baixo para cima para acessar o aparelho ou retornar à tela inicial de algum app. E isso funciona superbem, você se acostuma muito rapidamente.

Quando não clicávamos uma vez apenas no botão de Início, clicávamos duas — para acessar a interface de multitarefa do iOS, o chamado “seletor de apps”. A Apple orienta usuários a deslizar de baixo para cima, parar e aguardar uma fração de segundos para essa interface aparecer. Funciona? Sim, funciona. Mas há uma forma bem mais rápida: ao deslizar para cima, você imediatamente joga o dedo para a direita ou a esquerda (fazendo um “L” de ponta-cabeça). Acaba sendo tão rápido quanto dar um duplo-clique no botão de Início e também é algo com que você se acostuma num piscar de olhos.

Melhor ainda e mais rápido do que acessar o seletor de apps é simplesmente deslizar para a esquerda ou para a direita na parte inferior da tela do iPhone X para alternar instantaneamente entre os últimos apps abertos. Por exemplo, quando você está copiando algo de um para o outro, isso é uma grande mão na roda. É uma forma de alternar entre apps que simplesmente não tem nada equivalente em nenhum outro modelo de iPhone.

Obviamente, essa não é a primeira vez que deslizamos de baixo para cima, para fazer algo no iOS. Até então, esse era justamente o gesto que usávamos para chamar a Central de Controle. No iPhone X, ela foi para o canto superior direito da tela, ou seja, você agora desliza dali, de cima para baixo. Se deslizar de cima para baixo do centro ou do canto esquerdo, você chama a Central de Notificações.

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A mudança na Central de Controle me agradou por um lado, mas por outro não. Ninguém dirá que é mais fácil/prático deslizar ali no canto superior direito em vez de pela parte inferior do iPhone, como era antes, mas em compensação agora esse gesto funciona 100% das vezes. Explico: muitos apps possuem elementos em suas interfaces que conflitavam com o gesto de deslizar de baixo para cima antes, e nos forçavam a fazer isso duas vezes seguidas para chamar a Central de Controle. Agora, ela fica num local que não é explorado assim por app nenhum, então está realmente sempre acessível.

Não é à toa que sempre há, nos apps, um pequeno espaço inferior dedicado ao chamado “indicador de início”. Trata-se de uma barrinha horizontal, sempre acessível quando precisamos deslizar de baixo para cima e retornar à tela inicial. Pessoalmente, acho esse indicador um pouco chamativo demais em certos locais, mas nada que não possa ser polido com o tempo em updates do iOS. A Apple só precisa de tempo para re-educar seus usuários.

Uma coisa interessante a se notar é que todos esses gestos agora dependem da orientação do iPhone. Ou seja, para retornar à tela inicial você sempre deslizará de baixo para cima — mesmo se o iPhone estiver em modo paisagem (ou seja, você deslizará de uma lateral dele para cima). Para chamar a Central de Controle, a mesma coisa: só puxar do canto superior direito da tela, mesmo se ela estiver deitada.

Central de Controle na horizontal no iPhone X

Ainda falando na Central de Controle, agora é só nela que temos acesso a todos os ícones que antes ficavam visíveis na barra de status do iPhone. Como há o recorte, o espaço útil que sobra nas “orelhas” é muito pequeno para mostrar sinal e nome da operadora, hora, ícones de Wi-Fi, Bluetooth, localização, alarme, etc., além da porcentagem da bateria e da sua representação gráfica.

Desta forma, por padrão agora só vemos a hora na “orelha” esquerda junto ao ícone de localização e, na direita, o sinal da operadora, o ícone do Wi-Fi e a representação gráfica da bateria. Pois é: nada de porcentagem, só puxando a Central de Controle. Terrível, meus amigos.

Já há, é claro, designers sugerindo como a Apple pode vir a resolver isso:

Ah, e como não temos mais o botão de Início, agora é possível simplesmente tocar em qualquer lugar da tela para ligá-la (você não precisa apertar o botão lateral para isso). Outra alternativa, que já funcionava em gerações anteriores, é só “levantar” o iPhone; o acelerômetro detecta o movimento e liga a tela, também.

Como eu havia citado, o botão lateral ganhou novas funções no iPhone X. Agora, um clique liga/desliga a tela, apertando e segurando chamamos a Siri e ele também é usado para a confirmação de compras (falo disso mais a seguir). Se você quiser desligar o iPhone, precisa pressionar e segurar o botão lateral com um dos de volume; para tirar uma screenshot, é só apertar uma vez o botão lateral junto ao de aumentar volume.

O processo de reinicialização forçada é o mesmo do iPhone 8/8 Plus:

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Face ID (ou: adeus, Touch ID!)

Se não temos botão de Início no iPhone X, não temos também Touch ID. Sim, a Apple resolveu ousar e mexeu em time que estava ganhando: nesta nova geração do seu smartphone, abandonou a autenticação por leitura de impressão digital em prol de um novo método de biometria: o reconhecimento facial.

Introduzido no iPhone 5s, em 2013, o Touch ID chegou arrebentando e mexeu com a indústria de smartphones. Não foi o primeiro sensor de impressão digital incorporado num telefone, mas foi o primeiro decente. O primeiro rápido, seguro e funcional. E evoluiu, ganhando uma segunda geração que o tornou ainda mais rápido e menos propenso a falhas.

Hoje, o Touch ID está em toda a linha de iPhones (com exceção do X, é claro), em todos os iPads e também na Touch Bar dos últimos MacBooks Pro. Era, até agora, o principal componente para autenticação de usuários em produtos da Apple, com uma única alternativa: a tradicional senha (alfa)numérica.

Quando surgiram os rumores sobre o Face ID, poucos apostavam que a Apple abandonaria de vez o Touch ID. Tínhamos quatro alternativas: um leitor de impressão digital escondido sob a tela, no botão lateral, na parte traseira (como fazem hoje a maioria dos concorrentes com Android) ou, é claro, sem Touch ID. A Apple optou pela última opção e apostou todas as fichas no novo sistema biométrico facial.

Mulher usando o Face ID do iPhone X

Novamente, o iPhone X não é o primeiro smartphone a incorporar autenticação pela leitura do rosto. Mas é o primeiro a fazer isso de uma forma decente, rápida e realmente segura. Não é à toa que o Face ID utiliza todos os componentes do sistema TrueDepth, afinal, ele faz um scan extremamente complexo e tridimensional do rosto da pessoa. Por isso, ele não pode ser burlado com uma mera fotografia do dono; a identificação não é simplória, assim.

De acordo com a Apple, o Face ID projeta 30.000 pontos invisíveis no rosto da pessoa no momento em que faz a sua identificação — tudo em uma fração de segundos. Enquanto o fantástico Touch ID tinha uma taxa de falsos-positivos (probabilidade de um dedo alheio ser autenticado como se fosse o do dono, e não a taxa de erros no processo de identificação em si) de 1 em 50.000, a do Face ID é de absurdos 1 em 1.000.000. Obviamente, e a própria Apple diz isso, esse número cai (drasticamente) se estamos falando de gêmeos — e há testes por aí comprovando isso.

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Mas vamos ao que realmente interessa, que é a experiência prática com a coisa. O Face ID realmente foi um bom substituto para o Touch ID?

Amigos, respondo “Sim” para a pergunta acima com a maior das certezas. O Face ID é fantástico, funciona exatamente como a Apple promete e eu, pessoalmente, não sinto saudade nenhuma do Touch ID. O que não quer dizer que o Face ID seja perfeito. Ele evoluirá com o tempo, tal como o Touch ID evoluiu; mas estamos, agora, partindo de um patamar superior.

Isso que eu postei no Twitter, há algumas semanas, é a mais pura verdade. Para quem “vê de fora”, os AirPods são apenas fones de ouvido Bluetooth com um design esquisito (não deixe de ler meu review completo deles). Da mesma forma, o Face ID é um prato cheio pros céticos de plantão. Ora, o mercado já tinha visto e experimentado outras soluções (toscas) de reconhecimento facial, e por que diabos a Apple acha que tem o direito de remover do iPhone algo tão bacana e funcional como o Touch ID?

Aversão a mudanças é algo inerente ao ser humano, mas quem está acostumado a lidar com tecnologias aprende, com o tempo, que há certas coisas que você realmente precisa usar para entender. Não adianta ler descritivos, ver fotos, assistir a vídeos… é a experiência no dia-a-dia que conta e, quando a coisa é bem feita, você ainda vai descobrindo nuances dela aos poucos, mesmo após dias de uso do produto.

iPhone X de frente desbloqueado pelo Face ID

O Face ID é revolucionário porque, bem, simplesmente parece que você está usando um iPhone sem senha. Você pega o aparelho e ele sabe que é você, e então lhe libera para fazer tudo o que você quiser sem ter que fazer absolutamente nada. Eu não entendo quem diz que “olhar pro iPhone” é um passo que deve ser contado no processo de uso; ora, se você consegue mesmo fazer coisas numa tela sensível ao toque sem olhar, parabéns para você.

Meu último dispositivo Apple que me permitia esse tipo de coisa foi o iPod (video) de quinta geração, lá em 2006; aí sim, com a Click Wheel física dava para avançar/retroceder músicas, parar/continuar a reprodução e, é claro, alterar o volume sem nem tirá-lo do bolso. Você pode realmente desbloquear um iPhone “pré-X” (ou qualquer Android) com o dedo sem tirá-lo do bolso, mas e aí? Faz o que com isso?…

Nós mesmos mostramos, no vídeo abaixo, que na prática o desbloqueio em si com o Touch ID é mais rápido que o do Face ID. Mas essa diferença de fração de segundos é facilmente compensada pelo fato de que, no dia-a-dia, você não precisa fazer nada para desbloquear o iPhone ou mesmo se autenticar em apps como gerenciadores de senha, bancos/cartões de crédito, comunicadores e afins.

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Falando do desbloqueio do iPhone em si, a única coisa que vejo alguns comentando como “desejo para um futuro update” seria a possibilidade de ir para a tela inicial de ícones sem nem mesmo deslizar de baixo para cima. O “problema” disso é bem óbvio: desta forma, você nunca conseguiria ver a tela bloqueada do iPhone com as suas notificações, bastaria olhar para ele e já estaria na sua tela inicial de ícones. Já vi gente dizendo que isso não seria um problema, mas me soa um pouco estranho.

Não só acho estranho, como seria um “desperdício” não usufruir do fato de que as suas notificações agora ficam escondidas na tela bloqueada até você olhar pro iPhone:

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E, de novo: o número de passos para acessar a tela inicial do iPhone X é exatamente o mesmo dos anteriores: você só desliza de baixo para cima, enquanto que antes precisava posicionar o seu dedo no Touch ID e/ou apertar o botão de Início. “Olhar” para o iPhone não é um passo extra, pessoal, até porque você não precisa esperar o Face ID lhe autenticar para deslizar; tudo acontece simultaneamente.

Apps que já suportavam autenticação via Touch ID funcionam automaticamente com o Face ID, sem nem precisarem ser atualizados. No caso de download/compra de apps ou pagamentos móveis (já vão aprendendo, para quando o Apple Pay chegar ao Brasil), basta dar um duplo-clique no botão lateral para confirmar a transação. Mostramos isso neste vídeo rápido:

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Eu não sou daqueles que têm e/ou sempre tiveram problemas com o Touch ID. Ele já funcionava bem para mim desde o iPhone 5s e, sem dúvida nenhuma, melhorou na sua segunda geração com o 6s. Mas não era infalível e, para mim, era supercomum falhar, sei lá, 1-2 vezes por dia — especialmente quando eu estava na academia, com os dedos molhados de suor. Sem problemas, eu digitava a minha senha de seis dígitos e tocava a vida, feliz.

Pois bem, o Face ID também não é infalível. Mas agora, pela primeira vez, eu consigo passar um dia inteiro sem falha nenhuma. Acontece, mas muito de vez em quando. Melhorou e é perceptível. Também já tirei a barba e cortei o cabelo, uso dentro de casa ou no sol, em luz forte ou no escuro total… sem problemas. Ele funciona inclusive quando eu estou de óculos escuros, embora a própria Apple diga que alguns modelos de óculos podem bloquear o funcionamento do sistema TrueDepth.

Tenho costume de, logo quando acordo, pegar o iPhone no criado-mudo e dar uma passada de olho rápida nas notificações. Se eu ainda estou com a cabeça “afundada” no travesseiro, cobrindo parte do meu rosto, o Face ID não funciona; preciso levantar ligeiramente a cabeça e, aí sim, a autenticação acontece.

Outra coisa chata é que o Face ID só funciona com o iPhone na vertical. Ou seja, se a tela apagar enquanto você estiver assistindo a um vídeo, por exemplo, não basta tocar nela e aguardar a autenticação; é preciso girar mesmo o iPhone para isso acontecer. Típica coisa que deverá certamente melhorar na próxima geração do sistema.

Antes que me perguntem, eu consigo usar o Face ID superbem no carro. O iPhone fica suspenso num suporte e totalmente dentro do meu ângulo de visão. Não vou dizer que é perfeito, pois já houve, sim, ocasiões em que tive que digitar a senha. Mas provavelmente tem um pouco a ver com o tipo ou a força da luminosidade do sol que está batendo em meu rosto, num determinado momento.

Por fim, um esclarecimento que já demos aqui no site: só é possível cadastrar um único rosto no Face ID porque, bem, nós humanos só temos um único rosto. O Touch ID permitia múltiplos dedos e muitos aproveitavam isso para cadastrar as impressões digitais de outra pessoa num mesmo iPhone (marido «» esposa, por exemplo), mas esse nunca foi o propósito original da coisa. Se isso irá mudar, no futuro, só o tempo dirá.

Animoji

É claro que a Apple não ia investir tanto no sistema TrueDepth do iPhone X e “só” usá-lo pro Face ID. Ele também é usado para selfies em Modo Retrato (falarei disso mais adiante) e também para uma nova “firula” que merece, sim, um tópico exclusivo: os Animojis!

Quem viu Craig Federighi demonstrando o Animoji na keynote de lançamento do iPhone X deve ter pensado, assim como eu, que eles nada mais são do que uma besteirinha extra típica da Apple que busca, entre outras coisas, agregar valor à rede iMessage.

Essa percepção não é completamente errada, mas na prática os Animojis são muito mais legais do que parecem. Como o nome já indica, tratam-se de emojis (12 diferentes ao todo, por enquanto) em versões grandes e animadas, que se movimentam justamente de acordo com as expressões do nosso rosto. E é algo sensacional, cheio de detalhes; na minha opinião, só falta mesmo poder mostrar a língua dos bichinhos — mas não duvido que isso chegue num futuro breve.

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Por padrão, você só pode mandar Animojis pelo aplicativo Mensagens e eles têm no máximo dez segundos de duração cada. Mas já tem desenvolvedor por aí, como o brasileiro Guilherme Rambo, que criaram soluções explorando APIs privadas da Apple as quais nos permitem gravar Animojis por uma interface independente e com duração ilimitada. Não tem para onde correr: ou a Apple criará um app à parte para eles, ou terá que dar o braço a torcer e permitir esses apps na sua loja. É algo divertido demais para ficar restrito apenas ao Mensagens.

Após gravar a sua mensagem em Animoji, você pode obviamente enviá-la para qualquer usuário de iPhone, iPad, Mac, etc. que ele será reproduzido sem problema nenhum. Dá até para enviar para smartphones com Android, mas aí a mensagem chega em formato de vídeo (e não é tão suave quanto na reprodução nativa).

https://www.youtube.com/watch?v=Kkq8a6AV3HM

Como já mostramos aqui no site (e também no vídeo acima), uma coisa que “pegou” com os Animojis foram os vídeos de karaokê. Mas essa claramente é uma febre passageira, e fica a torcida também para a Apple continuar trazendo novos personagens diferentes ao recurso.

Tela

A tela do iPhone X também é totalmente nova. Ela tem um novo tamanho (5,8 polegadas), uma nova proporção (18:9), a maior densidade de pixels já vista numa tela de iPhone (são 2346×1125 pixels, a 458 pontos por polegada) e utiliza, pela primeira vez, a aclamada tecnologia OLED.

Esse não é o primeiro produto da Maçã a adotar OLED; os Apple Watches, desde a sua primeira geração, já usavam. Mas, conforme a Apple disse na keynote de apresentação do iPhone X, foi só agora que a tecnologia maturou a um nível adequado para ser incorporada num iPhone — em termos de brilho, contraste e precisão de cores, principalmente, mas também na redução de problemas inerentes a ela, como alterações cromáticas em certos ângulos de visualização e o famoso burn-in.

Quem comprovou isso foi a DisplayMate, referência em avaliação de telas de produtos como smartphones. Para ela, a do iPhone X é realmente e melhor já vista até hoje em qualquer smartphone.

Por um lado, deve-se parabenizar a Samsung por ser capaz de produzir e fornecer um componente de tamanha qualidade para a Apple (ironia, né?). Por outro, a própria DisplayMate observa que a maior parte dessa avaliação tão positiva deve-se à própria calibração de hardware e software feita pela Apple, esta sim totalmente proprietária dela.

iPhone X de frente

Na prática, temos realmente uma tela linda de se ver. A nitidez é extrema, as cores são vivas, o brilho é excelente (embora não seja o maior entre todos os smartphones do mercado) e, graças à tecnologia OLED, temos agora pretos “verdadeiros” no iPhone. Mas, ao contrário do que muitos imaginariam, ao olhar pro iPhone X você não tem nenhum “baque” e nem percebe algo tão diferente assim na sua tela em relação aos anteriores. Isso porque a Apple realmente fez uma calibração para dentro do seu padrão, sem deixar a tela exageradamente saturada ou coisa do tipo como vemos em alguns smartphones Android com OLED por aí.

Assim como nos iPhones 8/8 Plus, o X incorpora como novidade também a tecnologia True Tone, que ajusta a “temperatura” das cores na tela de acordo com o ambiente onde a pessoa está. Eu, que já curtia o Night Shift, acho isso também muito bem-vindo — e funciona maravilhosamente bem, sem que você se atente muito ao fato no dia-a-dia.

Para melhorar a visualização de fotos e vídeos, a tela do iPhone X também suporta a tecnologia HDR (High Dynamic Range, ou grande alcance dinâmico). Isso significa que, nesses casos, temos imagens com contraste ainda maior e cores mais vivas. Para vídeos, o iPhone X suporta ambos os formatos Dolby Vision e HDR10.

O que faltou, e isso porque é a tecnologia OLED que não permite hoje em dia, foi uma taxa de atualização a 120Hz junto à tecnologia ProMotion que a Apple já incorporou nos iPads Pro. Aliás, esse pode ser inclusive o principal motivo por estarmos já ouvindo rumores de que os tablets, no ano que vem, continuarão com telas LCD.

Fabricar telas OLED (de qualidade) é também ainda muito caro e difícil. Isso sem dúvida nenhuma elevou o custo de fabricação do iPhone X, mas a Apple colocou eles num patamar de preço ainda maior do que poderia justamente para reduzir um pouco a demanda pelo aparelho e conseguir ter oferta suficiente para dar conta. Abordarei esta questão novamente na conclusão do review.

Além da tecnologia usada na tela, é a nova proporção dela que também altera um pouco a nossa experiência com o aparelho. Fizemos uma demonstração em vídeo:

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Resumidamente, embora 5,8 polegadas sejam numericamente mais do que as 5,5 polegadas dos iPhones “Plus” de antes, como ela é mais esticada verticalmente nós ganhamos espaço quando o iPhone está na posição vertical, mas perdemos um pouco quando ele está na horizontal — também, em partes, devido ao indicador de início ali embaixo.

Aos interessados, fizemos um artigo comparando inúmeras screenshots do sistema e de apps lado a lado entre um iPhone X e um 8 Plus.

Câmeras traseiras

A Apple não deu tanto foco a isso quando anunciou os iPhones 8/8 Plus, mas, como cobrimos em nosso review deles, o salto das câmeras deles em relação aos iPhones 7/7 Plus é fenomenal. As especificações continuaram as mesmas, mas o sensor foi atualizado e o chip A11 Bionic também contribui bastante para uma melhor performance.

No caso do iPhone X, temos que levantar as mãos para o céu por ter, finalmente, um iPhone com tamanho físico “decente” e que também dispõe de um sistema duplo de câmeras. No meu review do iPhone 7 Plus, ano passado, coloquei a segunda câmera traseira como um dos principais motivos por eu ter finalmente me rendido ao iPhone “trambolhão” de 5,5 polegadas. É uma delícia voltar a ter um aparelho que me permite fazer várias coisas com uma mão só e que cabe perfeitamente no bolso de qualquer calça minha. Mas divago.

Câmeras traseiras do iPhone X

O iPhone X não só traz um sistema duplo de câmeras de 12 megapixels cada, como também vem com uma lente teleobjetiva (2x) significativamente melhor até mesmo que a do iPhone 8 Plus. Sua grande angular continua tendo uma abertura ƒ/1.8 com estabilização óptica, mas a teleobjetiva passou de ƒ/2.8 para ƒ/2.4 e ganhou também, pela primeira vez, estabilização óptica.

Em câmeras fotográficas, quanto maior a abertura do diafragma (medida em ƒ-stops — em que quanto menor o número, maior a abertura), maior a capacidade da câmera de captar luz sem ter que elevar demais o ISO e, com isso, gerar ruído na imagem. Ou seja, é algo muito bem-vindo — infinitamente mais do que aumentar o número de megapixels do sensor, por exemplo.

Para este review do iPhone X, não farei comparativos focados na sua câmera grande angular. Nós já fizemos isso no review do iPhone 8 Plus e essa lente, especificamente, é basicamente igual nos dois aparelhos. Se houver alguma diferença entre eles, seria algo imperceptível para colocarmos num comparativo.

Ainda assim, seguem algumas fotos de exemplo capturadas pela lente grande angular do iPhone X. Clique/toque para ampliá-las:

Exemplo de foto tirada com a lente grande angular do iPhone X

Exemplo de foto tirada com a lente grande angular do iPhone X

Exemplo de foto tirada com a lente grande angular do iPhone X

Exemplo de foto tirada com a lente grande angular do iPhone X

Exemplo de foto tirada com a lente grande angular do iPhone X

Exemplo de foto tirada com a lente grande angular do iPhone X

Exemplo de foto tirada com a lente grande angular do iPhone X

Aqui, dois grandes panoramas:

Exemplo de foto tirada com a lente grande angular do iPhone X

Exemplo de foto tirada com a lente grande angular do iPhone X

O que vale mesmo analisarmos, desta vez, são os ganhos na teleobjetiva. E, como esperado, eles são visíveis.

Dificilmente alguém terá comprado um iPhone 8 Plus para depois migrar pro X (nós só fizemos isso porque, bem, é o nosso trabalho), então mantivemos o mesmo aparelho de referência usado no review anterior: um iPhone 7 Plus. Ainda assim, vale notar que os ganhos aqui seriam em parte perceptíveis mesmo do iPhone 8 Plus pro X.

Confira (clique/toque para ampliá-las):

iPhone 7 Plus à esquerda, iPhone X à direita.

iPhone 7 Plus à esquerda, iPhone X à direita.

iPhone 7 Plus à esquerda, iPhone X à direita.

Também gravamos um rápido vídeo simultâneo com o iPhone 7 Plus e o X, andando. Observem como ambos ficam bem estabilizados quando estão na grande angular, mas o 7 Plus fica horrível quanto trocamos para a lente 2x.

Recomendo ver em tela cheia, na resolução máxima:

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Um outro ganho importante dessa melhoria na teleobjetiva é que, vocês devem lembrar, é ela a câmera principal utilizada para fotos no Modo Retrato. Ou seja, você conseguirá capturar imagens melhores em ambientes com baixa luminosidade, e também com menos probabilidade de saírem tremidas.

Exemplos (clique/toque para ampliá-los):

iPhone 7 Plus à esquerda, iPhone X à direita.

iPhone 7 Plus à esquerda, iPhone X à direita.

É incrível como, após tantos anos de evolução das câmeras do iPhone, ainda estejamos vendo saltos tão significativos de um ano para o outro. E desta vez, vale notar, o iPhone X ficou com a maior pontuação do DxOMark entre todos os smartphones do mercado para fotos, perdendo um pouco na média geral pro Google Pixel 2 apenas pela sua performance em vídeos.

Câmera frontal

Este review certamente merece um tópico separado sobre a câmera frontal, mas eu gostaria de ter ficado tão empolgado com ela quanto vi em outros reviews por aí. Sendo bem direto ao ponto: melhorou, sim, mas ainda acho ruim.

Câmera frontal do iPhone X

Em termos de especificações técnicas, nada mudou na câmera em si: são 7 megapixels com abertura ƒ/2.2. O grande diferencial da câmera frontal, no iPhone X, é que ela está ali no meio do sistema TrueDepth. Ou seja, o aparelho consegue usar informações captadas pelos outros sensores utilizados pelo Face ID para não só melhorar as imagens, como também possibilitar, pela primeira vez, que tiremos selfies com Modo Retrato (e com o Modo Iluminação de Retrato, é claro) com um iPhone.

Alguns comparativos do iPhone 7 Plus pro X (observem, especificamente, as tonalidades de cores e o grande ruído presente nas fotos do 7 Plus):

iPhone 7 Plus à esquerda, iPhone X à direita.

iPhone 7 Plus à esquerda, iPhone X à direita.

Aqui, dois exemplos de selfies com o Modo Retrato — propositadamente, mostramos que no segundo a opção “Luz de Palco” do Modo Iluminação de Retrato não ficou legal, o que não é nada incomum de acontecer:

Modo Retrato com o iPhone X

Clique/toque nas imagens para ampliá-las.

Modo Retrato com o iPhone X

Clique/toque nas imagens para ampliá-las.

Eu não vou discordar com ninguém que a câmera frontal melhorou bastante, mas eu ainda acho a qualidade dela bem aquém de satisfatória. É muito prático poder se ver e se enquadrar certinho olhando para a tela na hora de bater uma foto, mas o resultado fica tão melhor com a câmera traseira que eu na maioria das vezes prefiro abrir mão disso.

Obviamente, se é para tirar uma selfie em Modo Retrato, aí não tem jeito: só usando a câmera frontal mesmo, porque ninguém tem um braço longo o suficiente para conseguir um bom enquadramento usando a teleobjetiva traseira. Aí, é só certificar-se de estar em um ambiente bem iluminado que você terá um resultado bem bacana.

Alto-falantes

Desde os iPhones 7/7 Plus, a Apple diz que seu smartphone conta com um sistema de alto-falantes estéreo. Como? Bom, ela passou a usar a própria saída de som acima da tela (a que colocamos na orelha) também para a reprodução multimídia, dando muito mais potência ao aparelho.

Eu já não tinha muito do que me queixar em relação a isso no ano passado, e ao que me parece a coisa ainda melhorou um pouquinho mais nesta nova geração de iPhones. A Apple conseguiu aumentar ligeiramente a potência e a qualidade desses alto-falantes, e milagrosamente até dar um certo grave a eles.

Obviamente, com a maravilha dos AirPods eu quase sempre assisto a vídeos no iPhone usando eles, mas quando não é o caso esses alto-falantes realmente não deixam a desejar. Não é mais preciso fazer aquele gesto de “concha” na parte inferior para direcionar o som e, na maioria das vezes, eu nem sequer deixo o volume no nível máximo.

Bateria

O pessoal da iFixit já nos mostrou que, em termos de capacidade, a bateria do iPhone X é a maior de todos os atuais: são 2.716mAh contra 2.691mAh do iPhone 8 Plus e 1.821mAh do iPhone 8. Ele, contudo, perde para o iPhone 7 Plus (2.900mAh) e pro 6s Plus (2.750mAh), que continuam à venda.

Na prática, a promessa oficial da Apple é que devemos obter, no iPhone X, uma autonomia “duas horas maior que a do iPhone 7” — um tanto subjetivo e curioso, ao mesmo tempo, considerando que a autonomia dos modelos “Plus” é sempre melhor.

Pois bem, na prática o que posso lhes dizer é que não senti nenhuma grande diferença, seja para mais ou para menos, em relação ao que já estava acostumado com ambos meus iPhones 7 Plus e 8 Plus — o que é ótimo, pois eu estava com medo diante da promessa da Apple. Deixo o aparelho recarregando na base sem fio da mophie, durante a noite, e uso ele tranquilamente durante todo o dia sem precisar recarregar.

iPhone X sobre uma base de recarga sem fio

Também não senti, no dia-a-dia, nenhuma grande diferença no tempo de recarga do iPhone X. Em teoria, ele deveria demorar até mais para carregar pois há mais capacidade na sua bateria.

Fizemos, tal como em nosso review do iPhone 8 Plus, testes comparativos do tempo de recarga do iPhone X usando todos os diferentes métodos possíveis hoje em dia: base sem fio (da mophie), adaptador de 5W incluso na caixa, adaptador de 12W do iPad, adaptador de 87W do MacBook Pro e cabos USB ligados ao MacBook Pro (tanto USB-A quanto USB-C). Eles já foram todos realizados com o smartphone atualizado pro iOS 11.2, que traz como uma das novidades suporte a uma recarga um pouco mais rápida em bases sem fio.

Eis o gráfico com o resultado:

Gráfico do teste de recarga da bateria do iPhone X

Comentários e conclusões que podemos tirar daí:

  • Você não conseguirá levar o iPhone X de 0% a 100% em menos de 2h, mas a recarga com adaptadores de MacBooks é a que dá mais energia inicial — chegando a 48% em apenas meia-hora.
  • Apesar de o carregador do Mac (usamos o de 87W, mas o resultado teria sido o mesmo com o de 61W ou mesmo o de 29W) ser o mais rápido, ele não fica tão à frente assim do do iPad. Ou seja, se você comprar um adaptador especificamente para isso, invista no do iPad que é bem compacto e mais barato.
  • Incrivelmente, a recarga usando um cabo USB-C conectado ao MacBook Pro com Touch Bar gerou um resultado praticamente idêntico ao do carregador do iPad. Observem que a linha amarela está quase toda escondida atrás da verde, no gráfico.
  • A performance da recarga sem fio realmente melhorou muito com o iOS 11.2 (no nosso teste do iPhone 8 Plus, que tem uma bateria menor que a do X, levamos 5h para ir de 0% a 100%; desta vez, o processo foi concluído em 4h30), mas ainda é bem mais lenta até mesmo que o carregador de 5W que vem na caixa do iPhone.
  • Em todos os testes, observem que a recarga começa numa certa velocidade e, a partir de uns 80%, reduz bastante e vai num ritmo mais devagar até completar os 100%.

Também estou curioso para saber se a base AirPower, da Apple, oferecerá uma performance de recarga superior a essas que da mophie e da Belkin que já chegaram ao mercado. O grande diferencial dela será a possibilidade de recarregar o iPhone, o Apple Watch e os AirPods (com um novo estojo que ainda será lançado) simultaneamente, mas estou curioso para saber se a Apple guardou alguma carta na manga, nesse sentido. Saberemos em breve, quando o AirPower finalmente chegar ao mercado.

Base de recarga AirPower com iPhone X Plus, o Apple Watch Series 3 e o AirPods

Só é realmente vergonhoso a Apple finalmente incorporar suporte a recarga rápida em todos os últimos iPhones e continuar entregando-os com esse adaptadorzinho mequetrefe de 5W; um de 10-12W, dos iPads, já estaria de ótimo tamanho conforme podemos observar pelo gráfico acima.

Um aspecto curioso da autonomia da bateria do iPhone X é que há muitos fatores em jogo, aqui. Pensando só na tela, temos a tecnologia OLED para ajudar porém uma diagonal de 5,8 polegadas (a maior já vista num iPhone). Todavia, o que mais influencia no todo, na minha opinião, é o sistema TrueDepth. Imaginem o tanto de bateria que todos aqueles componentes devem consumir, considerando que são ativados e ficam “procurando” um rosto para autenticar cada vez que a tela do iPhone X é ligada durante o dia. Punk!

Performance, capacidades e conectividade

Se tem algo no iPhone que a Apple ainda está conseguindo deixar toda a indústria comendo poeira, é o seu processador. Nesta nova geração, todos são equipados com o chip A11 Bionic — e não é nem preciso olhar os benchmarks para saber que ele é sensacional.

Aliás, já tem alguns anos que donos de iPhones de última geração (quem tem a oportunidade de trocar todo ano, isto é) realmente não têm nada a se queixar em termos de performance. Eles são extremamente potentes e tudo no iOS flui lindamente, sem engasgos ou esperas. Não conheço nenhum app ou jogo que realmente consiga pôr o A11 Bionic para suar.

O A11 Bionic também é equipado com um coprocessador de movimentos M11 e ainda, pela primeira vez, com um “motor neural” destinado a aplicações que explorem inteligência artificial, aprendizado de máquina e afins — capaz, segundo a Apple, de realizar 600 bilhões de operações por segundo. Chupa essa manga!

Assim como os iPhones 7 Plus e 8 Plus, o X é equipado com 3GB de RAM. Embora haja no mercado smartphones com Android que têm o dobro ou até mais de memória, testes práticos mostram que a otimização do iOS ainda deixa a grande maioria deles no chinelo em termos de performance de abertura de apps e do retorno a eles sem que tenham que ser reabertos por completo.

Posto isso, devo dizer que minha experiência com esses 3GB de RAM no iPhone X tem sido um pouquinho pior do que eu estava acostumado nos iPhones 7 Plus e 8 Plus. Não sei se ainda é algo que a Apple precisa consertar no sistema ou um aspecto inerente do novo aparelho (quem sabe relacionado com o sistema TrueDepth), mas na prática tenho visto mais apps sendo reabertos e sites recarregados do zero, por exemplo, do que antes. Mas pode ser impressão minha.

Assim como nos iPhones 8/8 Plus, no X a Apple agora só oferece duas opções de capacidade: 64GB ou 256GB. Acho excelente, um ano depois de abandonar os 16GB, ela já ter abandonado também os 32GB — afinal, 64GB são mais que suficientes para a grande maioria das pessoas hoje em dia. Por outro lado, não oferecer um modelo intermediário de 128GB é claramente uma estratégia para forçar o consumidor indeciso a ir logo de 256GB — gastando mais por isso; faz parte.

Em termos de conectividade, temos no iPhone X tudo o que se pode esperar de um smartphone de 2017: Wi-Fi 802.11ac com MIMO, Bluetooth 5.0, 4G/LTE super-rápido (qualquer modelo funciona nas redes brasileiras), NFC, GPS/GLONASS/Galileo/QZSS, etc. Nada a comentar, aqui.

Cases e mais alguns vídeos

Como citei acima, estou usando o meu iPhone X sem capinha nenhuma. Mas comprei e testei, rapidamente, ambas as cases de couro e a nova Folio para ele. Confira a seguir nosso vídeo de unboxing delas:

YouTube video

As cases normais de couro e de silicone seguem o mesmo padrão da Apple, nos últimos anos. Foram, obviamente, apenas adaptadas para as dimensões do iPhone X e para o posicionamento vertical das câmeras traseiras.

Eu gosto de ambas as cases, mas passei o ano do iPhone 7 Plus com a de couro por preferir os botões físicos dela (não sei se são de plástico ou de alumínio, mesmo). Os da de silicone podem ser um pouco mais difíceis de apertar, em certos casos.

Case Folio do iPhone X de frente, aberta

Mas, obviamente, a grande novidade deste ano foi a nova case Folio pro iPhone X. A parte da capa em si é igualzinha à de couro, mas ela tem também uma parte frontal com compartimentos para cartões/documentos e, ao ser fechada, desliga a tela do iPhone automaticamente (provavelmente usando ímãs).

Eu pretendia usar a Folio por alguns dias para ver se me adaptava, mas não consegui ficar com ela por mais do que 1-2 horas. Ela é de muito boa qualidade e ter um compartimento assim é ótimo para quem quer sair às vezes só com o iPhone (sem carteira), mas a parte da frente fica meio “solta” e achei ela pouco prática, principalmente para tirar fotos. Não é para mim, mas é uma excelente capa para os desastrados de plantão.

A seguir, mais alguns vídeos aleatórios da nossa cobertura:

YouTube video

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Conclusão

É muito comum eu escrever conclusões de reviews de iPhones falando algo meio óbvio: para quem está na geração imediatamente anterior, as novidades podem valer a pena e talvez justificar o investimento, mas no geral a recomendação de compra fica bem mais forte para quem está há duas ou mais gerações atrás.

Desta vez, é diferente — em muitos aspectos. O iPhone X é realmente um aparelho totalmente novo, e é um atual flagship da Apple tanto quanto são os iPhones 8/8 Plus. Eles não foram lançados juntos à toa, possuem propósitos e públicos-alvo distintos, definidos inclusive pelo próprio patamar de preços que ocupam.

iPhones X, 8 Plus e 8

O iPhone X é uma delícia de usar. É um aparelho bonito, rápido, moderno e muito capaz, com todas as últimas tecnologias que podemos sonhar num smartphone. Estou, até agora, comemorando o fato de poder de novo ter um modelo topo-de-linha que não seja um trambolho como os modelos “Plus”. Chegamos ao futuro.

Mas você gastará (muito) mais para ter esse novo form factor mais compacto, a tela OLED, o Face ID, a nova interface baseada em gestos, a lente teleobjetiva traseira que é superior e a câmera frontal com Modo Retrato. Porque são esses, na prática, os principais diferenciais do X pros iPhones 8/8 Plus.

Se vale isso tudo, é algo absurdamente relativo. Por um lado, eu fico “contente” de o meu trabalho me obrigar a investir todo ano no que há de mais novo em produtos Apple, mas, como citei num podcast recente nosso, me doeu bastante no bolso pagar o que paguei pelo iPhone X. É muito dinheiro e, por mais fantástico que seja o aparelho (porque é), é um valor que não se justifica para quem faz contas na hora de comprar um produto desses. Por outro lado, se você pode gastar o quanto for em gadgets assim, nem pense duas vezes.

Todo mundo sabe que a Apple é uma empresa que trabalha com margens de lucro folgadas em seus produtos, e é assim com os iPhones desde os primeiros modelos. Desta vez, contudo, adentramos novos patamares de preços nunca antes alcançados — inclusive nos Estados Unidos. Mas não foi só para engordar a margem: o iPhone X realmente utiliza uma série de componentes de última geração que encareceram o seu custo e, acima de tudo, a indústria mundial de displays simplesmente não tem hoje capacidade para atender à demanda que a Apple teria se incorporasse telas OLED em toda a linha de iPhones, de vez.

Isso tudo resultou na linha mais extensa de iPhones oficialmente à venda que já vimos até hoje. Se você ainda curte o tamanhozinho compacto dos iPhones de 4 polegadas, vá de SE; se quer um iPhone grande e com saída de 3,5mm para fones de ouvido, escolha o 6s; se busca um modelo ainda excelente porém não tão caro, sua opção é o 7; caso queira um iPhone de última geração mas não aceite o preço surreal do X, vá de 8; e se você quiser o top do top, coce os bolsos e agarre o X.

Nos Estados Unidos, estamos falando em partir de meros US$349 (mais taxas) pelo iPhone SE de 32GB indo até US$1.149 (mais taxas) pelo iPhone X de 256GB — com este valor, você consegue comprar três unidades do mais barato e ainda sobra troco pra capinha. Trazendo para a nossa realidade, vamos de R$1.999 (ou R$1.799,10, à vista) pelo iPhone SE de 32GB a inacreditáveis R$7.799 (ou R$7.019,10, à vista) pelo iPhone X de 256GB — aqui, quase dá para comprar quatro(!) do “mais barato” pelo valor do mais caro.

iPhone X sobre a sua caixa

Independentemente de que modelo de iPhone você comprar, receberá na caixa as mesmíssimas coisas: o aparelho, o manual com os adesivinhos da Maçã, EarPods (com conector de 3,5mm ou Lightning), um cabo de Lightning para USB-A e um adaptador de tomada de 5W. No caso dos iPhones 8, 8 Plus e X, acho estes dois últimos itens absurdos. Se a Apple está adotando USB-C com toda a força em seus Macs, como que não vende ainda iPhones com uma opção de cabo Lightning para USB-C na caixa? Melhor ainda: manda os dois cabos na caixa nesse período transitório, ou no mínimo um conversor. Quanto ao adaptador de 5W, eu já havia comentado antes quão vergonhoso é finalmente oferecer recarga rápida nos iPhones mas exigir a compra de um acessório à parte para usufruir disso; mais vergonhoso ainda, considerando que vários Androids já incluem em suas caixas um adaptador pronto para isso.

Vi gente por aí dizendo que, se fosse para cobrar o que cobra pelo iPhone X, a Apple devia ter incluído AirPods na caixa deles. Eu até adoraria isso, mas preciso discordar dessa reclamação específica. Se a Apple incluísse os AirPods na caixa do iPhone X, a diferença de preço dele pro iPhone 8 Plus simplesmente deixaria de existir e aí a estrutura da linha atual perderia o sentido. De novo: a Apple não colocou os iPhones X num patamar de preço superior só “por colocar”, e sim porque ela não conseguiria vender a quantidade de iPhones que vende todo trimestre frente à capacidade atual da indústria de lhe entregar o que precisa. Aos poucos, chegaremos lá.

Pois bem; se você está receoso com o recorte (notch), com o Face ID ou com a ausência do botão de Início, que são basicamente as três principais mudanças de paradigmas trazidas pelo iPhone X, não se preocupe. Você fará a transição e se adaptará num piscar de olhos. Mas, na dúvida, antes de comprar pegue um emprestado com alguém que você conheça ou visite uma Apple Store/revenda próxima para senti-lo de fato em suas mãos.

O iPhone X será lançado Brasil nesta sexta-feira, dia 8 de dezembro.

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