A polêmica esquentou tanto, nos últimos dias, que não podia mais só ficar naquela declaração inicial que a Apple havia dado a alguns veículos da mídia internacional. Agora, sim, ela publicou uma carta aberta a consumidores no seu site, basicamente fazendo tudo o que esperávamos que ela iria fazer.
No texto, a Apple começa obviamente pedindo desculpas a todos os consumidores pelo seu erro porém reiterando que “nunca faria qualquer coisa para intencionalmente encurtar a vida de qualquer produto Apple”, respondendo aos teóricos da obsolescência programada.
Em seguida, ela voltou a explicar como funcionam as atuais baterias de íons de lítio, citando que não é só o tempo de vida e o número de ciclos realizados que afetam a sua capacidade, mas também casos como deixar ou até recarregar o dispositivo num local muito quente. Ela inclusive publicou um novo artigo de suporte (já em português) que explica tudo isso em detalhes.
Uma passagem dele:
Com um estado de carga de pouca bateria, uma maior idade química ou temperaturas mais frias, é mais provável que os usuários enfrentem desligamentos inesperados. Em casos extremos, os desligamentos podem ocorrer com mais frequência, tornando o dispositivo não confiável ou inutilizável. O iOS 10.2.1 (lançado em janeiro de 2017) inclui atualizações para modelos anteriores de iPhone para evitar esse desligamento inesperado. Isso inclui um recurso para iPhone 6, iPhone 6 Plus, iPhone 6s, iPhone 6s Plus e iPhone SE para o gerenciamento dinâmico de picos instantâneos de desempenho, somente quando necessário, para evitar que o dispositivo seja inesperadamente desligado. Esse recurso também foi estendido para o iPhone 7 e iPhone 7 Plus com iOS 11.2, e continuaremos melhorando nosso recurso de gerenciamento de energia futuramente. A única intenção desse recurso é evitar desligamentos inesperados para que o iPhone ainda possa ser usado.
“Nós sempre quisemos que nossos consumidores possam usar seus iPhones o máximo que puderem. Temos orgulho de que os produtos Apple são conhecidos por sua durabilidade e por manterem seus valores por mais tempo que dispositivos de concorrentes”, afirma a empresa.
E agora?
A Apple anunciou três medidas imediatas que irá tomar:
- Reduzirá o preço da troca de baterias de iPhones (6 ou superior) fora da garantia, de US$79 para US$29 nos Estados Unidos, a partir de janeiro de 2018 e se expandindo mundialmente até dezembro de 2018. Esse valor aqui no Brasil é atualmente de R$449, então podemos esperar que caia para algo em torno de R$169 (mero chute).
- No começo de 2018, liberará uma atualização do iOS com “novos recursos” que darão mais visibilidade a usuários quanto ao estado da bateria de seus iPhones. Basicamente, passará a informar explicitamente quando a bateria chegar a um nível tal que comece a prejudicar a performance do aparelho.
- Também prometeu aprimorar as formas como gerencia performance e evita que iPhones desliguem inesperadamente, à medida em que as baterias se tornam mais desgastadas.
É basicamente tudo o que esperávamos que ela fizesse, tal como discutimos nos nossos últimos três podcasts inclusive. A medida de ajustar a performance dos iPhones é correta (ninguém em sã consciência optaria por usar um aparelho que pudesse desligar do nada, a qualquer momento), mas faltou uma comunicação prévia dessa natureza e, principalmente, uma forma fácil/justa de consumidores trocarem suas baterias se acharem por bem fazer isso em vez de investir num aparelho totalmente novo.
Obviamente, os anúncios de hoje não resolvem nenhum dos processos já abertos contra a Apple pelo mundo — ou seja, ela ainda pagará por isso, começando pela mancha causada em sua reputação. A resposta dada, ao menos a meu ver, foi felizmente bem dentro do que consumidores fiéis esperariam dela. E que ela aprenda com tudo isso.