Quando começamos a cobrir todo o caso dos iPhones que ficaram mais lentos devido a baterias desgastadas, uma das coisas que dissemos que a Apple deveria fazer era dar aos seus clientes um meio prático, oficial e acessível para que troquem as baterias dos aparelhos.
Pois bem: como sabemos, essa foi uma das coisas que ela fez, reduzindo o preço da troca de US$79 para US$29 nos Estados Unidos, e de R$449 para R$149 aqui no Brasil.
Outra diferença importante no atendimento ao consumidor foi esclarecida hoje pelo site francês iGeneration: antes, só podia de fato pagar os tais US$79/R$449 clientes cujas baterias realmente estivessem numa condição ruim, após diagnóstico feito pela Apple. Agora, não mais: mesmo se a bateria ainda estiver boa (acima de 80% da sua capacidade original), a Apple aceitará fazer a troca da bateria do iPhone pelo novo valor inferior — se assim o cliente quiser, é claro.
Conforme a Apple anunciou em sua carta, tudo isso refere-se a iPhones 6 ou superiores. Já recebemos questionamentos de donos de iPhones 5s e inferiores (inclusive de iPhones 4s), mas não sabemos ao certo como que a Apple lidará nesses casos ainda. Todavia, o valor para troca de baterias de iPhones fora da garantia é o mesmo independentemente da geração — então imaginamos que os donos de aparelhos mais antigos também poderão se “beneficiar” desse valor mais baixo para troca.
Outra coisa curiosa é que a Apple, por ora, só promete esse valor inferior até dezembro. Ou seja, em teoria a partir de janeiro de 2019 os preços de troca voltarão para US$79/R$449, o que me soa muito estranho. Mas pode ser algo que mude, daqui para lá. O ideal, mesmo, é que esses novos preços se tornem oficiais/definitivos.
Aos clientes que trocaram recentemente baterias com a Apple pagando o preço cheio anterior, antes da redução, a empresa também tem analisado cada caso e oferecido reembolsos parciais. Não há, contudo, uma política universal e bem definida sobre quando isso realmente é aplicável.
O que dizem as outras fabricantes?
Obviamente, diante de toda essa polêmica, uma das principais coisas que se questionou por aí foi se outras fabricantes também reduziriam a performance de seus smartphones quando as baterias ficam desgastadas.
HTC, Motorola, Samsung e LG já emitiram declarações negando. Ao contrário da Apple, elas dizem que não reduzem a performance dos seus aparelhos mesmo quando as baterias já estão em condições ruins.
Tentando se aproveitar da situação (e com toda razão), a LG ainda alfinetou a Apple: “Nunca fizemos, nunca faremos! Nós nos preocupamos com o que consumidores pensam.”
A Apple não entrou em detalhes a nesse nível, mas o fato de esse problema só ter surgido do iPhone 6 em diante pode ter a ver com a própria evolução de potência dos chips “A”, que chegaram a um nível tal que realmente só conseguem funcionar plenamente enquanto a bateria está em uma boa condição. O que não deixa de ser, de novo, um problema que a Apple terá que resolver.
A sina da linha Note
Um ano depois do pesadelo do Galaxy Note7 e suas baterias explosivas, a Samsung novamente está enfrentando uma dor de cabeça com certos aparelhos da geração Note8 — essa, muito pior que a da Apple.
Segundo o Android Authority, unidades do Note8 (e algumas do Galaxy S8, também) estão simplesmente morrendo após suas baterias acabarem. O aparelho desliga e depois não consegue mais receber carga, quando conectado à energia.
A Samsung já reconheceu o problema e está trocando todos os aparelhos afetados. Por ora, cada caso está sendo avaliado individualmente; não há nenhum recall geral anunciado referente a esse problema.
Ainda daremos risada disso tudo
Baterias que acabam rápido, baterias que demoram de carregar, baterias que estufam, baterias que explodem, baterias que afetam a performance de dispositivos… Acho — e espero — que nós ainda iremos rir bastante disso tudo.
É uma grande pena que a evolução das baterias não esteja acontecendo de forma tão rápida. É claro que elas evoluíram, afinal, elas têm que aguentar hoje em dia telas enormes com resoluções incríveis, processadores potentes, câmeras, inúmeros sensores e por aí vai. Mas, na prática, a sensação para o usuário é que estamos um tanto estagnados.
No máximo, encontramos no mercado um ou outro aparelho com bateria de maior capacidade (normalmente, mais trambolhudo) que promete durar um pouco mais do que a média. Mas não é nada de outro mundo, afinal, todos usam baterias da mesmíssima tecnologia — íons de polímeros de lítio. É, basicamente, o melhor que temos hoje.
Vira e mexe pintam por aí estudos/descobertas que prometem revolucionar as baterias com durações absurdas e/ou recarga super-rápida (“super” mesmo, coisa de ir de 0% a 100% em, digamos, dois minutos), mas até o momento nada se concretizou, até por ser um componente muito delicado e que precisa ser extensivamente testado para que não ocorram novos casos como os do Note7.
Mas eu acredito que, mais cedo ou mais tarde, chegaremos lá. Não é nada razoável que, em pleno 2018, ainda fiquemos contentes quando nossos smartphones conseguem passar um dia inteiro sem precisar de uma recarga.