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Review: AirPods Pro — o que já era bom ficou… melhor/diferente?

AirPods Pro

Não imaginei que escreveria um segundo review de AirPods em 2019, mas cá estou. Minha análise do modelo original saiu no comecinho de 2017 e há alguns meses, em maio, avaliei em detalhes a segunda geração dos fones de ouvido sem fio da Apple.

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Agora, é hora de falarmos dos AirPods Pro. Eles já eram aguardados há bastante tempo e boa parte das novidades inclusive era esperada para o tal modelo de segunda geração, mas acabaram sendo lançados sem um evento especial no final de outubro.

Eis o vídeo que publiquei quando os recebi, com um unboxing e um hands-on bastante completos:

YouTube video

Agora, algumas semanas depois, cá estou para lhes trazer minha avaliação completa dos AirPods Pro.

Design

Se absolutamente nada mudou dos AirPods originais pros de segunda geração, agora no modelo Pro temos, sim, um design totalmente novo — tanto dos fones em si quanto do estojo de recarga.

Imagem frontal dos AirPods Pro

É claro que você ainda bate o olho neles e sabe que se tratam de AirPods (especialmente porque continuam disponíveis apenas na cor branca, o que é uma grande pena), mas estamos sem dúvida nenhuma falando de uma nova iteração do produto por aqui.

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O estojo ficou um pouco mais baixinho e comprido, com um volume cerca de 15% maior que o anterior e pesando 45,6g. Ele continua com o mesmo mecanismo de dobradiça, porta Lightning na parte inferior e botão para emparelhamento manual na traseira, e o LED indicativo bem na frente.

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Os fones, por sua vez, mudaram consideravelmente. A parte superior está mais “gordinha” (há mais componentes espremidos lá dentro), a perninha ficou bem menor (com uma lateral achatada para facilitar os comandos, que agora funcionam mediante “pressão” nelas) e há agora câmaras de ar visto que os AirPods Pro passam a ser fones intra-auriculares — ou seja, a ponta realmente entra um pouco no canal auditivo, por isso eles usam pecinhas de silicone intercambiáveis.

AirPods Pro nas mãos de cliente na Apple Xangai

Quando você tira os AirPods Pro da caixa, eles já vêm com pontas de silicone no tamanho médio, mas ali dentro você também encontra outros dois pares: um pequeno, o outro grande. Para decidir qual o ideal, você não só pode experimentar todos e sentir qual o mais confortável, como dentro dos ajustes dos AirPods Pro no iOS (que ainda ficam bem escondidinhos, dentro da área de Bluetooth) a Apple implementou um teste em software que ajuda a determinar se a ponta escolhida realmente está fazendo um bom isolamento acústico.

É bom pontuar, aqui, que nós não necessariamente temos canais auditivos 100% simétricos. Ou seja, não é raro que uma pessoa opte por uma ponta pequena para o lado esquerdo e uma média para o direito, por exemplo.

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O tal sistema de entrada e saída de ar é responsável por equalizar a pressão dos ouvidos, e devo dizer que isso funciona muito bem. Essa sensação de “abafamento”/”entupimento” é inclusive um dos motivos mais frequentes de críticas a fones intra-auriculares, então não é à toa que a Apple realmente se preocupou em melhorar tal experiência.

Cancelamento Ativo de Ruído e Modo Transparência

Não dá para avançar muito mais neste review sem tratar logo da, sem dúvida nenhuma, principal novidade dos AirPods Pro. Na verdade, duas.

Qualquer pessoa que já usou os AirPods (seja de primeira ou de segunda geração) sabe que eles são earbuds comuns, que se apoiam na orelha sem tamparem o canal auditivo. Ou seja, enquanto você está usando eles, ainda é possível ouvir tudo à sua volta. Se você quiser se “isolar” do mundo exterior, o único jeito é aumentando (bem) o volume.

Quando estamos falando de fones intra-auriculares, como os AirPods Pro, o simples fato de você encaixá-los no canal auditivo já proporciona o que chamamos de Cancelamento Passivo de Ruído. Ou seja, eles podem estar desligados e sem reproduzir nada, mas só de usá-los você já está “tampando” boa parte do ruído externo. Consequentemente, no geral, pode ouvir músicas num volume mais baixo (ótimo para a sua saúde auditiva, diga-se).

Mulher usando os AirPods Pro no metrô

Mas os AirPods Pro — assim como vários outros fones de ouvido premium que estão hoje no mercado — vão além: usando microfones presentes nas suas partes exterior e interior, eles são capazes de fazer o que é chamado de Cancelamento Ativo de Ruído. Em tempo real, os fones captam todo o som ambiente e fazem uma “inversão” das frequências sonoras, emitindo isso para o seu canal auditivo de forma que você não consiga ouvir (quase) nada que está acontecendo à sua volta. Todo isso é calculado e adaptado 200 vezes por segundo, de acordo com a Apple.

Na prática, significa que você pode ter uma imersão muito maior no que vai ouvir e sem ter que jogar o volume lá em cima. É ótimo em ambientes muito barulhentos, embora nesse caso o sistema ainda não consiga fazer um cancelamento completo, mas simplesmente sensacional em situações com barulhos mais simples e constantes — como, por exemplo, o ruído de uma cabine de avião. Nesses casos, a coisa funciona que é uma maravilha.

Por outro lado, o fato de os AirPods Pro já isolarem o usuário do mundo exterior mesmo com o Cancelamento Ativo de Ruído desligado pode deixar algumas pessoas preocupadas em determinadas situações. Ora, se você tem um bebê em casa ou está pedalando na rua, é importante poder ouvir as coisas à sua volta mesmo enquanto está usando os fones de ouvido.

É aí que entra o tal Modo Transparência. O que ele faz é basicamente o inverso do Cancelamento Ativo de Ruído: ele usa o microfone exterior dos AirPods Pro para levar o som ambiente para dentro do seu canal auditivo, funcionando como uma espécie de “amplificador” — mas de forma bem natural. Com ele ativado, a sensação é de que você não está com os AirPods Pro na orelha. É bem louco!

Aliás, é a combinação do software do Modo Transparência com as câmaras de ar dos AirPods Pro que fazem a gente conseguir conversar com pessoas ouvindo a nossa própria voz sem aquela sensação de estranhamento proporcionada por outros fones de ouvido que já contam com um modo semelhante. A coisa, aqui, foi muito bem feita.

Controles

Ok, mas como que ativamos e desativamos esses recursos de Cancelamento Ativo de Ruído e Modo Transparência?

Nos AirPods anteriores, os controles neles eram feitos por meio de toques nos fones. Agora, como temos a câmara de ar ocupando boa parte desse espaço onde antes a gente encostava, o método é pressionar as perninhas deles. Não se trata de um botão físico, mas a sensação é como se fosse já que os AirPods emitem um som de “clique” quando você faz a pressão.

Eu acho que preferia o jeito anterior; já me acostumei com os novos, mas ainda há vezes em que eu pressiono talvez um pouco fora do lugar certo e nada acontece.

Audiófilo analisa AirPods Pro

Pressionando uma vez a perninha, você pausa/reproduz o que está tocando; duas vezes, avança para a próxima faixa; três vezes, retrocede a faixa. E, se pressionar e segurar por uns 2-3 segundos, alterna entre os modos desligado, Cancelamento Ativo de Ruído ou Transparência.

Se você quiser, nos ajustes dos AirPods Pro, pode optar por marcar/desmarcar entre essas três opções e fazer com que pressionar as perninhas simplesmente alterne entre Cancelamento Ativo de Ruído e Modo Transparência — é como eu configurei aqui. Também dá para, em apenas um dos lados, fazer com que ao pressionar a perninha ele chame a Siri em vez de alternar os modos — o que não faz muito sentido, já que você pode evocar a assistente virtual apenas falando “E aí, Siri”.

Obviamente, também é possível alternar entre os modos pelo iPhone, pelo Mac ou pelo Apple Watch. No primeiro caso, isso é feito abrindo a Central de Controle e tocando/segurando na barra de volume; no segundo, basta clicar no ícone de volume na barra de menus e selecionar os AirPods Pro; já no terceiro, enquanto você está escutando algo, pode tocar no ícone do AirPlay e escolher a opção desejada.

AirPods Pro ao lado de iPhone 11 Pro com ajuste de volume

O que a Apple ainda não trouxe para os AirPods Pro, e é uma grande falha, é um controle físico de volume. Nada mudou aqui, então: para ajustar o volume você precisa fazer isso pelo iPhone, pelo Mac, pelo Apple Watch ou dando um comando de voz para a Siri.

Bateria

Quem vê o estojo de recarga maior dos AirPods Pro pode achar que eles ganharam muito mais bateria, mas não: no geral, é tudo mais ou menos a mesma coisa.

Quer dizer, se você usar o Cancelamento Ativo de Ruído ou o Modo Transparência a todo momento, terá até um pouco menos de bateria quando comparado com os AirPods anteriores: 4,5h, em vez de 5h (ou até 3h30, se você for usá-lo muito para conversação).

O estojo dos AirPods Pro vem com o recurso de recarga sem fio (Qi), enquanto que no modelo normal isso é opcional; a porta Lightning continua lá embaixo, claro, mas agora na caixa ele vem com um cabo de Lightning para USB-C. O estojo continua provendo até 24h de autonomia para os fones, quando totalmente recarregado.

Bateria dos AirPods Pro
Foto: iFixit

Eu sempre achei a autonomia dos AirPods excelente, o problema aqui não é esse — e sim a longevidade deles. A depender da intensidade de uso que você faz dos fones, após 1-2 anos a saúde da bateria deles (tanto dos fones quanto do estojo de recarga, em si) pode despencar vertiginosamente, a ponto de nem dar mais para usá-los no dia a dia.

E, como eles são basicamente “irreparáveis” — ou seja, não dá para levá-los a uma Apple Store e pagar pela troca da bateria apenas (você até pode pagar por isso, mas receberá fones novos — e, portanto, o preço não é lá tão atrativo) —, temos aqui possivelmente os melhores fones de ouvido “descartáveis” do mercado.

A boa notícia deste ano é que a Maçã passou a vender também o plano AppleCare+ para os AirPods Pro, e não hesitei em fazer isso para os meus. Com isso, eles passam a ter dois anos de garantia e direito a duas trocas — inclusive por danos acidentais (tipo seu cachorro mastigar um fone).

Qualidade de som

Taí um ponto que é ao mesmo tempo bastante subjetivo e também foge um pouco da minha praia como reviewer de tecnologia, e não como audiófilo.

Estrutura interna dos AirPods Pro

Tenho total consciência de que os AirPods, desde a sua primeira geração, proporcionam uma qualidade de áudio bastante razoável para earbuds. Eles tiveram uma melhoria quase imperceptível na segunda geração e agora, no modelo Pro, um salto um pouquinho maior especialmente nos graves — mas nada de outro mundo.

A Apple promete o seguinte:

Os AirPods Pro oferecem uma qualidade de som superior com a Equalização Adaptativa, que ajusta automaticamente as frequências baixas e médias das músicas ao formato individual de cada ouvido, criando uma experiência rica e envolvente. O amplificador com alto alcance dinâmico produz um som puro e nítido, permitindo uma maior duração da bateria e alimentando o driver do alto-falante personalizado de alta amplitude e baixa distorção que otimiza a qualidade do áudio e elimina ruídos do ambiente. O driver oferece sons graves com qualidade e consistência, chegando a 20Hz, e áudio detalhado de média e alta frequência.

Como não me considero a pessoa mais indicada para falar sobre o assunto, recomendo que vejam o nosso post com o vídeo do YouTuber Quinn Nelson, que é um audiófilo e comparou os AirPods Pro ao Sony WF-1000XM3 — o qual, adianto, ele considera superior em qualidade de som.

A questão aqui é muito simples: ninguém deve comprar os AirPods (sejam os normais ou os Pros) exclusivamente pela qualidade de som. Ela é sim muito respeitável e satisfatória, mas existem outros fones de ouvido no mercado — com e sem fio, intra-auriculares ou não — que são, sem dúvida nenhuma, superiores nesse quesito. O que faz dos AirPods especiais é o conjunto como um todo, a experiência.

Outra coisa que pouco mudou, nesse sentido, foi o microfone dos AirPods Pro. Eles são super-razoáveis para ligações e para enviar mensagens de áudio em chats, mas definitivamente não servem, por exemplo, para você gravar um podcast. Nesse quesito, eu esperava mais do sufixo “Pro”.

Chips/tecnologias

Os AirPods Pro são equipados com um SiP (system-in-package) bastante poderoso, que viabiliza o funcionamento de novidades como o Cancelamento Ativo de Ruído e o Modo Transparência.

Visão interior dos AirPods Pro

Em seu núcleo ainda está o chip H1, introduzido com os AirPods de segunda geração, e responsável por melhorar a performance e a confiabilidade do emparelhamento dos AirPods com dispositivos Bluetooth (versão 5.0), bem como possibilitar o comando “E aí, Siri”.

Falando em Bluetooth, vale sempre lembrar aqui que os AirPods, embora se integrem melhor com devices da Apple (iPhones, iPads, Macs, Apple TVs, Apple Watches, etc.), funcionam também como fones de ouvido Bluetooth convencionais. Até fizemos, recentemente, um vídeo mostrando eles conectados a smart TVs modernas:

YouTube video

Os AirPods Pro contam, como seus antecessores, com sensores ópticos e de movimento (acelerômetro) que sabem, por exemplo, quando você tira um deles da orelha e emite um comando para que a reprodução da música, do vídeo ou seja lá o que for seja pausada automaticamente (algo que também pode ser configurado nos ajustes dos fones).

Vale notar aqui, também, que os AirPods Pro são agora oficialmente resistentes a suor e água (classificação IPX4). Testes variados mostraram que os anteriores já eram bem resistentes, mas agora isso está saindo da boca da própria Apple. 😉

Experiência de uso

Aqui, tive uma grande surpresa… negativa.

Mas vamos lá, com calma, separando por partes. Em termos de usabilidade, emparelhamento, bateria, qualidade de som e principalmente os novos recursos de Cancelamento Ativo de Ruído e Modo Transparência, não tenho o que falar; os AirPods Pro são sensacionais! Estou amando eles.

O que “me pegou”, e eu já havia dado um spoiler disso num podcast nosso, é que estou tendo problemas com os AirPods Pro ficando presos na minha orelha. Mais especificamente o lado esquerdo; sim, senhoras e senhores, como pontuei há alguns parágrafos, nós — seres humanos — não somos perfeitos e, por isso, estou tendo problema apenas com o fone na minha orelha esquerda.

Quando eu começo a usar os AirPods Pro, a sensação é de extremo conforto. Experimentei os três tamanhos de pontas de silicone e só não gostei da grande; acabei optando pela pequena, mas usaria a média numa boa. O problema é que, após um certo tempinho, o fone esquerdo simplesmente “pula”/cai da minha orelha. Se eu estiver falando (isto é, movendo o maxilar), aí o processo de queda é acelerado.

É uma sensação muito esquisita e inesperada, considerando que agora temos a ponta de silicone para prender ele melhor à orelha. Mas eu, que nunca tive problema com isso nos AirPods anteriores, agora estou enfrentando isso com os novos.

De uns dois dias para cá, coincidentemente logo antes de escrever este review, descobri uma forma de deixá-los mais presos à orelha: assim que eu encaixo o fone no ouvido, eu “giro” um pouco ele até a perninha tocar no lóbulo da minha orelha. Sei lá por que, nesse ângulo tenho sentido eles mais presos à orelha. Parece que resolvi o problema, mas ainda pretendo, futuramente, experimentar pontas de outras fabricantes que usem um material diferente do silicone, menos escorregadio. A ver.

Conclusão: vale comprar?

Posto tudo isso, antes de mais nada, recomendo a quem ainda tiver dúvidas que confira esse nosso artigo sobre as diferenças dos AirPods normais para os AirPods Pro.

Close-up dos AirPods Pro
Foto: Hamilton Hamamoto

Tim Cook em algum momento após o lançamento dos AirPods Pro disse que eles não seriam “substitutos” para os anteriores e que muita gente poderia ter os dois. Bem, “poderia” é uma coisa; isso fazer algum sentido, aí são outros 500. Se os AirPods Pro não contassem com o Modo Transparência, eu até poderia concordar com isso já que eles não seriam recomendáveis em diversas situações.

O interessante, aqui, é que os AirPods normais continuam sendo uma excelente escolha para muita gente. O Pro chegou como um novo integrante da linha, US$50 mais caro que os AirPods de segunda geração com o estojo de recarga sem fio — e US$90 mais caro se compararmos com o modelo com o estojo convencional. É uma diferença significativa.

Quem optar pelo modelo Pro deve fazê-lo por:

  1. Nunca ter se adaptado bem ao formato dos AirPods normais.
  2. Realmente se interessar muito pelo Cancelamento Ativo de Ruído e pelo Modo Transparência — e isso é algo que deve ser testado, já que sei de pessoas que não se dão bem com nenhum fone com cancelamento ativo de ruído (há relatos de pessoas que ficam um pouco “zonzas” ou até têm dor de cabeça).
  3. Já ter um modelo anterior cuja bateria está indo pro brejo, aí pode aproveitar e já fazer o “upgrade”.

No momento em que publico este review, os AirPods Pro ainda não foram homologados pela Anatel mas já sabemos quanto eles custarão quando foram lançados no Brasil: R$2.250 em até 12x ou R$2.024,10 à vista. Os preços dos anteriores não foram alterados: R$1.350 para o normal e R$1.680 para o modelo com estojo de recarga sem fio.

Se você curte os AirPods, não tenho dúvida de que vai adorar o modelo Pro. Mas sim, ainda há espaço para melhorias: controle físico de volume, aprimoramentos mais significativos na qualidade do som, melhorias na longevidade da bateria (e/ou possibilidade de troca) e opções de cores são as principais que me vêm à mente.

Mas ei, a Apple precisa deixar algumas coisas para nos trazer nas próximas gerações, né? 🤷🏼‍♂️

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