Diferentemente do que muitos podem imaginar, a trajetória das maiores redes sociais enfrentam, de uma forma ou de outra, a moderação de gigantes da tecnologia como a Apple e o Google — devido à constante revisão de diretrizes das suas respectivas lojas de aplicativos.
Nesse sentido, o ex-chefe de confiança e segurança do Twitter, Yoel Roth, disse que o não cumprimento das regras dessas empresas seria “catastrófico” para a rede comandada por Elon Musk. Após sua saída da empresa, ele compartilhou no The New York Times alguns pontos importantes sobre por que acha que o Twitter não pode ser um aplicativo baseado apenas na promoção da liberdade de expressão.
Hoje, estou compartilhando algumas ideias sobre o que vem a seguir para o site.
No artigo, ele revelou como a Apple e o Google começaram a controlar o que a plataforma pode ou não permitir em termos de conteúdo. Como operadoras das principais lojas de aplicativos, as companhias funcionam como “guardiãs da internet móvel”.
Em uma ocasião, um membro de uma equipe de revisão de aplicativos entrou em contato com o Twitter, dizendo consternado que havia procurado por “#peitos” no aplicativo do Twitter e viu… exatamente o que você esperaria. Em outra ocasião, na véspera do lançamento de um grande recurso, um revisor enviou capturas de tela de tweets de vários dias antes contendo uma calúnia racial em inglês, perguntando aos representantes do Twitter se isso deveria ter permissão para aparecer no serviço.
Mais precisamente, Apple e Google não querem que conteúdos prejudiciais e desinformação se espalhem por meio dos aplicativos que eles oferecem. E a reativação unilateral de contas banidas do Twitter por Musk, além do corte da equipe de moderação de conteúdo, pode colocar o Twitter do lado errado de suas diretrizes.
Os revisores sugerem que a aprovação do aplicativo pode ser adiada ou talvez até totalmente negada se os problemas não forem resolvidos de forma satisfatória — embora os padrões de resolução estejam frequentemente implícitos.
Mesmo que pareçam ser conduzidos em grande parte por verificações manuais e anedotas, esses procedimentos de revisão podem inviabilizar os planos da empresa e desencadear crises por semanas ou meses.
Como bem lembrado por John Gruber, do Daring Fireball, o aplicativo Parler foi banido da App Store durante três meses em 2021 por sua total falta de moderação — e parece que os executivos da Apple não são exatamente fãs do Twitter da era Musk.
Fato é que, uma hora ou outra, as decisões de Musk poderão colidir com as regras (ou os nervos) das gigantes da tecnologia. Resta-nos continuar acompanhando.
