O posicionamento do CEO da Apple, Tim Cook, sobre a política americana de separação de pais e filhos na fronteira dos Estados Unidos com o México (ele chamou essas separações de “desumanas” e “dolorosas”), deu o que falar na semana passada.
Não obstante, durante uma entrevista que aconteceu ontem (25/6) no fórum CEO Initiative, da Fortune, Cook disse que ele simplesmente falou o que achava e não tentou seguir a linha de “CEO comum”.
Eu disse o que pensei. Acho que eu poderia ter adotado o pivô normal de CEO, no qual não sou particularmente bom.
Durante a conversa com Adam Lashinsky, editor-chefe da Fortune, o CEO da Maçã debateu diversos assuntos e passou por questões como imigração, direitos humanos, privacidade, entre outros assuntos. No entanto, o foco da entrevista foi a participação da Apple em assuntos de cunho sociais, no qual Cook defendeu que a empresa é, como qualquer outra empresa, uma coleção de pessoas e, assim como as pessoas devem ter valores, a empresa também deve ter.
Na Apple, nós sempre pensamos em mudar o mundo. Ficou claro para mim alguns anos atrás que você não faz isso ficando quieto sobre as coisas que importam. Para nós, essa tem sido a questão motriz. Eu não acho que os negócios devam lidar apenas com coisas comerciais. Negócios, para mim, nada mais são do que uma coleção de pessoas. Se as pessoas devem ter valores, então, por extensão, uma empresa deve ter valores.
No que tange a imigração nos EUA, Cook disse que a importância de empregar trabalhadores imigrantes através do DACA (sigla em inglês para Deferred Action for Childhood Arrivals) é criar perspectivas e compartilhar diferentes pontos de vista que contribuem para o avanço de uma empresa global, como a Apple. Atualmente, cerca de 300 pessoas do programa — criado no governo de Barack Obama para regularizar a situação de imigrantes que entraram no país ainda quando eram menores de idade — trabalham para a Apple.
Além disso, Cook comentou sobre privacidade e enfatizou a importância e a responsabilidade da gigante em Cupertino sobre essa questão. O CEO aproveitou a oportunidade e criticou, mais uma vez, as empresas que constroem um “perfil detalhado de pessoas” — referindo-se ao Facebook e às suas políticas de privacidade.
Nós não acordamos uma manhã com a mídia dando foco em privacidade e dizemos: “Vamos fazer isso.” Podemos ver que a construção de um perfil detalhado de pessoas provavelmente resultaria em danos significativos com o tempo. [Os dados] podem ser usados para muitas coisas nefastas.
Por fim, Lashinsky indagou sobre os planejamentos e futuros investimentos da Apple. Nesse sentido, Cook defendeu que, como CEO, é dever dele pensar a longo prazo e pediu que outros executivos da empresa deixem os preços das ações de lado e se concentrem em objetivos para o futuro.
Quando perguntado quanto tempo ficaria no cargo de CEO da gigante de Cupertino, Cook disse que é um privilégio de uma vida estar na Apple e liderar a empresa. “Espero que tenha algum tempo sobrando”, completou Cook.
Confira o vídeo da entrevista completa de Cook para a Fortune no site da revista.
via Cult of Mac