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Review de livro: “iCon Steve Jobs: The Greatest Second Act in the History of Business”

Capa do livro iCon - Steve Jobs

por Rodrigo Stulzer

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Capa do livro iCon - Steve JobsComecei a ler o livro iCon — de Jeffrey S. Young e Willian L. Simon — há quatro dias e não consegui parar até acabar com suas 360 páginas. É aquele tipo de texto que você adentra a madrugada lendo, mesmo sabendo que irá acordar com sono no dia seguinte! 🙂

iCon é uma biografia de Steve Jobs, cobrindo desde o seu nascimento/infância até o ano de 2005, quando o iPod batia recordes de vendas e lucrava tanto (ou mais) que a linha de computadores Mac. Apesar de não pegar a era iPhone/iPad, Young e Simon tiveram muita coisa para contar, e o melhor: com conhecimento de causa.

Os autores são jornalistas experientes, que cobriram a Apple por muitos anos. Young foi um dos cofundadores da revista Macworld, em 1983, além de ser autor do livro Steve Jobs: The Journey is the Reward (1987). Já Simon fez roteiros para vídeos e discursos para a Apple, no início da década de 1980. Também é co-autor do livro On the Firing Line (1998), juntamente com Gil Amelio, o CEO que Jobs substituiu quando voltou para a Apple, em 1996.

O livro é envolvente, pois disseca a personalidade e o jeito de ser de Jobs, e não tem como passar incólume pela experiência da leitura. Ver como um ícone da indústria tecnológica galgou os seus degraus não é algo para os fracos de coração!

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Steve Jobs não é uma pessoa fácil, e pelo livro dá muito bem para ver as suas várias facetas. Nos primeiros capítulos sente-se uma atração pelo jovem inteligente e determinado, que, ainda adolescente, tenta convencer um outro Steve (o Wozniak), com 18 anos, a fundar uma empresa de computadores. Naquela época ele já mostrava que não entrava em brigas para perder, e usava de todas as táticas possíveis para sair sempre vitorioso.

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No livro se descobre que Jobs trabalhou na Atari, e também que ganhou a vaga depois de invadir os escritórios da companhia dizendo que não saía de lá sem um emprego. Também descobrimos das suas experiências com drogas como o LSD e dos seus estudos do Zen Budismo, chegando até uma viagem para a Índia, à procura do seu Guru.

No livro fica claro que Jobs escutava poucas pessoas e, quando isso acontecia, demolia as ideias para, poucos dias depois, voltar com elas dizendo que eram suas. Chegou a um ponto em que eu fiquei com uma dúvida: não sabia se ele era um FDP-visionário ou somente um visionário. 😛

No livro transparece que seu sucesso tão jovem (milionário aos 23), só ajudou a potencializar as suas características. O seu imenso carisma, que ninguém podia negar, recebeu outro nome mais condizente com o meio high tech: “Reality Distorsion Field”, ou o “Campo de Distorção de Realidade”, quando ele tomou o desenvolvimento do Macintosh original das mãos de Jef Raskin. Naquela época (e ainda alguns anos depois), Jobs parecia fazer o possível para tomar todo o crédito para si.

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Mas é impossível não se render ao talento que este homem tem para enxergar oportunidades e modificar indústrias. O livro mesmo enfoca muito este ponto, mostrando que ele conseguiu transformar três indústrias: praticamente criou a era dos computadores pessoais com a Apple; construiu uma empresa do zero, iniciando a era das animações feitas totalmente de forma digital (Pixar) e revolucionou a indústria da música com o iPod.

Steve Wozniak e Steve Jobs

Mas estas conquistas não foram atingidas somente com a sua inteligência e tino para os negócios. Muitas pessoas foram derrubadas pelo caminho e se ressentem até hoje. O livro conta até que Jobs passou a perna em Woz antes mesmo de eles fundarem a Apple. O caso aconteceu quando Jobs, ainda na Atari, teve a incumbência de desenvolver o jogo Break Out para a companhia. Não teve dúvida: convenceu Woz a fazer o desenvolvimento e, quando recebeu o pagamento, disse que havia recebido menos do que realmente obtivera. Quando Woz soube disso, anos mais tarde, se ressentiu profundamente com Jobs.

Mais tarde, na Pixar, demitiu um dos seus cofundadores porque este pegou uma caneta marca-texto de suas mãos e escreveu no quadro branco (que só ele podia tocar). E olha que não era um funcionário comum, mas sim um executivo!

Uma bênção para Jobs parece ter sido o seu casamento. Além de polir um pouco as arestas duras de engolir por muita gente, abrandou os seus rompantes de ira. A paternidade e a experiência dos anos ajudaram a moldar um Steve Jobs um mais cordial, que não tomava mais tantos créditos para si, compartilhando o sucesso com os seus funcionários.

Como ele foi um menino adotado, parece que a sede de vencer, independente de como, ajudou a moldar o seu caráter. Muitos zombavam de suas qualidades dizendo que ele nunca havia criado nada, pois o Apple I e II vieram da cabeça de Woz. Ele ansiava por ter algum produto de sucesso só seu. Provavelmente esta foi a razão para tomar de assalto o desenvolvimento do Mac, quando viu que o projeto do Lisa estava afundando. Tudo isso é contado no livro nos mínimos detalhes, dos insights revolucionários até as as exigências pelas longas jornadas de trabalho que demandava do time de desenvolvedores.

Steve Jobs e John Sculley na Apple

Mas essas suas atitudes geraram vários inimigos, culminando com a sua saída da Apple, dispensado por John Sculley, o CEO que ele próprio havia lutado para contratar.

Longe da Apple, Jobs sentiu-se perdido e sem saber o que fazer. Acabou fundando a NeXT, tentando duplicar a Apple construindo hardware e software ao mesmo tempo e acabou comprando uma divisão da Lucasfilm — que se tornaria, anos mais tarde, a Pixar. Nesse período os altos e baixos foram grandes, e Jobs quase foi à falência em pelos menos duas ocasiões. Juntando uma boa dose de ousadia e seu faro para administrar e contratar as melhores pessoas do mercado, conseguiu a sorte grande: vendeu a NeXT para a Apple por causa do sistema operacional NeXTSTEP (que viraria o Mac OS X) e emplacou hits de público na Pixar, um a um, começando com Toy Story (1994).

O livro conta todas estas histórias e muitas outras, detalhando o surgimento do iTunes/iPod e da briga feroz com a Disney, pelo contrato de parceria com a Pixar.

iCon termina com um Steve Jobs mais velho, maduro, sobrevivente a um raro tipo de câncer no pâncreas e, pelo menos aparentemente, mais fácil de se lidar. O último parágrafo fala que “as pessoas aguardam ansiosas para ver quais os mundos que ele iria conquistar depois”. E o ano era somente 2005, quando ainda faltavam dois para conhecermos o iPhone e mais três para sermos apresentados ao iPad. Nessa hora os autores foram visionários, assim como Jobs continua sendo.

Recomendo para qualquer pessoa que queira conhecer melhor a história da Apple e, em especial, do seu mais controverso fundador.

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Rodrigo Stulzer mantém o blog Transpirando.com, onde conta as suas aventuras esportivas, auxiliado por um MacBook Pro e o iMovie.

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