É verdade que a publicidade da Apple hoje é bem diferente daqueles dois estilos que a consagraram, seja o solene e impactante (pense em “1984” ou “Think Different”) ou o puxado para o humor geek (pense na campanha do iMac G3 com Jeff Goldblum ou os icônicos comerciais da série “Get a Mac”). Atualmente, a coisa se assemelha muito mais à comunicação de uma grife de moda, com pouco foco no produto e muito mais no estabelecimento de um estilo de vida e uma estética moderna.
Claro que essa nova abordagem terá seus defensores e detratores, mas, de acordo com uma nova pesquisa, há uma linha muito clara quando se discute para quem a Apple faz esses comerciais e quem não está lá gostando muito deles.
https://www.youtube.com/watch?v=0oEqjlOox1Q
A UserTesting, plataforma de pesquisa de público, fez um estudo no qual exibiu três comerciais recentes da Apple (“Sticker Fight”, “Unlock” e “Fly Market”) para 200 pessoas divididas em 2 públicos: um composto de integrantes da chamada “Geração Z” (entre 18 e 25 anos) e outro por integrantes dos chamados Baby-Boomers (de 55 anos ou mais). Ambos os grupos tinham usuários de iPhones ou smartphones Android.
https://www.youtube.com/watch?v=ciU4oc59S8w
Os resultados? No geral, os jovens expressaram contentamento com as propagandas, declarando em sua maioria que sentiam que aquele produto estava sendo divulgado especificamente para eles. Os mais velhos, por sua vez, tiveram uma reação contrária: a estética “jovem”, os cortes rápidos, as situações absurdas, as músicas moderninhas e as cores extremamente saturadas fizeram com que o público mais maduro se afastasse do conteúdo ali vendido, classificando as peças como “irritantes”.
https://www.youtube.com/watch?v=Cd0eOKC12u0
Mais que isso: em relação especificamente ao comercial “Fly Market” (“Feirinha”), focado no Apple Pay, o conteúdo da peça fez com que boa parte dos espectadores mais velhos ficassem ativamente preocupados com a segurança e a confiabilidade da plataforma — a propaganda, afinal, não perde tempo explicando os recursos de segurança do serviço. Como afirmou uma espectadora de 54 anos, usuária do iOS: “O pensamento de pagar com um olhar me assusta. Muitas variáveis precisam ser consideradas.”
A UserTesting, entretanto, afirmou que a Apple não precisa se preocupar com os resultados — e, de fato, já planeja sua comunicação com esse tipo de reação em mente. De acordo com a firma, cada vez mais nós vivemos num mundo onde usuários de tecnologia escolhem um ecossistema em um determinado ponto da vida (cada vez mais cedo) e ficam nele indefinidamente; ao criar uma publicidade que se conecta mais facilmente com os jovens da “Geração Z” (ou mesmo gerações posteriores), a Maçã está efetivamente tentando puxar adeptos para o seu lado da força antes que eles escolham a concorrência.
É uma estratégia arriscada? Não sei — parece ter dado certo até o momento, entretanto. O que vocês acham?