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Histórias de bastidores: como o iTunes para PCs e a touchscreen do iPhone foram criados

Tony Fadell

Não é incomum vermos por aí entrevistas com ex-executivos da Apple trazendo à tona histórias de bastidores da empresa. Já aconteceu com Tony Fadell (considerado um dos “pais” do iPod) algumas vezes — ele, por exemplo, chegou a falar que a Apple quase lançou um iPhone com teclado físico e que a empresa já pensava em carros lá em 2008. Mas engana-se quem acha que ele não tem mais coisas para compartilhar da época em que trabalhou com Steve Jobs e companhia.

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Fadell foi homenageado no SV Forum Visionary Salon Dinner e entrevistado por Kevin Surace (CEO do Appvance e presidente da organização SV Forum). Lá, entre outros muitos assuntos (incluindo seu passado na General Magic e na Philips), ele compartilhou um pouco das histórias de quando ainda trabalhava na Apple.

O começo na Apple

Na época, Fadell era DJ e não queria mais ficar carregando dezenas de CDs de um lado para o outro. Então ele teve a ideia de criar um hardware que ripasse CDs (uma startup chamada Fuse). Logo depois, porém, a internet explodiu e, com ela, os softwares. Fadell então rapidamente abandonou a ideia do hardware e focou-se em criar um software capaz de fazer isso.

Depois de 80 tentativas de captar algum investimento, ele finamente conseguiu. Ao mesmo tempo, recebeu uma ligação da Apple. Basicamente, a Maçã tinha o iTunes no qual era possível mixar CDs. Paralelamente, o mercado estava inundado de MP3/pirataria. A Apple viu uma chance de criar algo interessante para consumidores e então chamou Fadell para uma consultoria de 8 semanas — que acabaram se transformando em 10 anos e 18 gerações de iPods!

iTunes para PCs

O iTunes atualmente é um software renegado por muitos. Mas antigamente ele desempenhava um papel crucial no ecossistema de iPods, afinal, era através dele — e apenas dele — que usuários sincronizavam suas músicas com o gadget musical da Maçã.

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Depois de muitas batalhas e descrenças alheias, o iPod foi lançado e se transformou em um sucesso. O problema era que apenas usuários de Macs podiam comprar o aparelho, pois o MP3 player era compatível apenas com os computadores da Apple. Fadell então colocou uma equipe para criar uma versão do iTunes para PCs, mas Jobs repudiou a ideia — mesmo! —, dizendo que era preciso vender Macs.

iPod

O argumento de Fadell era justamente esse. Que um iPod, na verdade, não custava US$400 já que clientes tinham também que comprar um Mac. O executivo tinha convicção de que era preciso dar algum tipo de degustação às pessoas. Depois de alguns trimestres com o iPod sendo um sucesso de crítica, mas não de vendas (afinal, o mercado era bem limitado), Jobs deu o braço a torcer e concordou em liberar o iTunes para PCs, mas com uma condição.

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Ele finalmente disse, “OK. Mas sob uma condição. Nós vamos criar isso e dar para [Walt] Mossberg testar. E se Mossberg disser que ele é bom o suficiente para lançarmos, aí lançamos.” Ele queria se distanciar de ter que tomar essa decisão. Mas Walt disse: “Não é ruim. Eu lançaria.” É assim que nós lançamos [o iTunes] para PCs.

Curiosamente, depois disso as vendas de Macs também aumentaram — as pessoas tiveram um gostinho de tudo com o iPod/iTunes e queriam mais.

O iPod… phone

Em um certo ponto da história, os features phones foram lançados. Neles, consumidores podiam reproduzir músicas facilmente e isso, é claro, era uma ameaça enorme ao domínio do iPod. A Apple então tentou fazer algo em parceria com a Motorola (o ROKR E1), que acabou sendo um desastre.

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Como as operadoras tinham o domínio de tudo, a experiência não era focada no consumidor. E a Apple sabia que, se quisesse fazer algo, deveria então nadar com os seus próprios braços. Foi aí que nasceu a ideia de um “iPod phone”. Sim, estamos falando basicamente de um iPod com um telefone dentro.

A ideia era utilizar a Click Wheel do iPod para tudo, inclusive para digitar os números — o que, convenhamos, não tinha como dar certo! E não deu. Depois de oito meses de muitas tentativas, eles tiveram que adicionar mais botões ao aparelho e tudo ficou horrível. Paralelamente, a Apple estava querendo criar um Mac com touchscreen.

Nós também estávamos tentando melhorar a experiência de vídeos em iPods. Tínhamos uma tela real, mas as pessoas não gostavam de assistir a vídeos em seus iPods. Então, como podemos ter uma tela realmente grande, mas sem a Click Wheel envolvida? Instantaneamente, sabíamos que precisávamos de uma interface virtual em cima de um telefone. Nós queríamos fazer esse “Mac touch” e sabíamos que o “iPod phone” não iria funcionar, mas sabíamos que precisávamos fazer um telefone.

Steve disse, “Venha aqui!” Eu não sabia sobre isso no momento, mas ele me mostrou uma mesa de pingue-pongue que foi a primeira tela multi-toque. Era uma mesa do tamanho de uma de pingue-pongue. Tinha um projetor de Mac em cima dela e você podia interagir com ela. Ele disse: “Nós vamos colocar isso em um iPod!” “Steve, é do tamanho de uma mesa de pingue-pongue!”

Foi aí que ficou claro para Fadell que a Apple precisava criar um telefone, mas que para isso precisava antes criar uma empresa de telas sensíveis ao toque. E foi o que eles fizeram. Depois, criaram um sistema operacional utilizando muita coisa das equipes do Mac e do iPod, resultado na primeira versão do tal telefone. Em seguida, eles jogaram tudo fora e partiram para a segunda versão. E foi essa a lançada, a que conhecemos na Macworld de 2007.

iPhone

Tudo isso levou dois anos e meio, três anos. As pessoas perguntavam para Fadell por que eles simplesmente não compraram uma empresa de telefonia celular e a utilizaram como base para criar o tal telefone. Mas para ele, a Apple não estava criando um telefone celular com um pouco de tecnologia de música; estava criando um computador com uma pitada de telefone celular.

O resto, como sabemos, é história.

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A entrevista (em inglês) é bem grande e, se você se interessa pela assunto, vale muito a pena. 😉

[via MacRumors]

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