Fora da Apple, Tim Cook é uma figura quase anônima — são raras as aparições do executivo como “civil”, dando declarações sobre sua vida pessoal ou realizando alguma atividade pública que não seja diretamente ligada à Maçã. A mais notável exceção a essa regra aconteceu há quatro anos, quando Cook escreveu um artigo revelando-se gay e explicando que, com aquele ato, esperava inspirar outras pessoas a se sentirem livres para fazer o mesmo.
Agora, nesses tempos de intolerância e ânimos exaltados com assuntos relacionados à diversidade (incluindo sexual) em todos os cantos do mundo, o CEO da Apple voltou ao assunto numa entrevista para Christiane Amanpour, da CNN.
Ser gay é o maior presente que Deus me deu.
Na conversa, Cook explicou que o principal motivo para a sua revelação nunca foi incentivar que outros executivos da área fizessem o mesmo; na verdade, a razão estava o tempo todo nas crianças. Muito antes da confirmação do executivo, rumores sobre a sua orientação sexual já circulavam pelos veículos de imprensa americanos e, por isso, Cook recebia emails e cartas de crianças perguntando se tudo aquilo era verdade.
As correspondências vinham predominantemente de crianças em processo de descoberta sexual e que sofriam discriminação, bullying e abusos por causa dos seus trejeitos ou preferências. Segundo Cook, manter aquele fato na esfera privada seria “egoísta” quando ele poderia ajudar aquelas crianças — e muitas outras pessoas ao redor do mundo — a se sentirem um pouco mais livres e seguras em revelar sua orientação sexual.
Eu precisava fazer algo por eles. Eu queria demonstrar que crianças e adultos podem se aceitar como gays e fazer grandes coisas em suas vidas.
O executivo afirmou ainda ter muito orgulho da sua homossexualidade, acrescentando: “Ser gay é o maior presente que Deus me deu.”
Cook disse ainda ter ficado chocado ao descobrir que ele era o primeiro CEO de uma empresa da Fortune 500 a se declarar homossexual, adicionando que ficou feliz ao ver outros executivos de grandes empresas seguindo seus passos — ainda que esse não tenha sido seu objetivo. Ele também afirmou que a experiência de se declarar gay o ajudou enquanto líder:
Eu aprendi o que é ser uma minoria. O sentimento de estar numa minoria lhe dá um nível de empatia para outras pessoas que não estão na maioria.
A entrevista completa de Cook vai ao ar amanhã à noite na CNN International e na PBS.
via Cult of Mac
Atualização, por Rafael Fischmann 21/11/2018 às 13:37
Quase um mês depois, saiu no YouTube o vídeo a parte da entrevista que tratamos acima:

Além do debate sobre gays e minorias, no fim do papo com a repórter da CNN Tim Cook também confirma que a Apple está trabalhando em sistemas autônomos — sem especificar, é claro, com que propósito exato.
via AppleInsider