The Cambridge Union é o grupo de debates mais antigo do mundo e o principal da Universidade de Cambridge, na Inglaterra. No ano passado, a instituição estabeleceu o Stephen Hawking Fellowship, um reconhecimento a figuras notáveis que mostram excelência nos campos da Ciência, Tecnologia, Engenharia e Matemática.
O lendário físico foi, naturalmente, o primeiro laureado com o prêmio — quando deu um dos seus últimos discursos antes de morrer. Agora, a segunda figura a receber o reconhecimento foi ninguém menos que nosso designer favorito (ou não), Jony Ive.
No seu discurso de agradecimento, Ive tocou em vários assuntos, da sua relação com o design a Steve Jobs. Em um dos pontos mais legal da sua fala, ele comentou como foi sua primeira experiência com um Mac, em 1988 — quatro anos antes de se juntar à Apple.
Eu amei usá-lo e ele se tornou uma ferramenta muito poderosa que me ajudou a desenhar e criar. Além disso, eu percebi que o que você faz representa quem você é. É um testamento dos seus valores e preocupações e, usando o Mac, eu senti uma conexão clara e direta com as pessoas que criaram o Macintosh. Pela primeira vez, eu me lembro de ficar comovido com o cuidado e a humanidade por detrás da funcionalidade indispensável.
Ive falou também sobre a concepção do Multi-Touch, a forma de interação com múltiplos dedos na tela que revolucionou a indústria no primeiro iPhone. Segundo Ive, a tecnologia não foi apenas disruptiva por si só — ela foi uma das chaves para a criação de outro produto revolucionário, a App Store.
Nós percebemos que poderíamos fazer aplicações com propósitos, atraentes e intuitivas. Então, conforme esse potencial para um leque vasto de apps foi se tornando claro, também veio à tona a ideia da App Store. Mas é importante lembrar que essas ideias iniciais eram somente tentativas […] elas não eram uma resposta a uma oportunidade tecnológica.
O designer também comentou como, mesmo depois de tanto tempo — quase 30 anos na Apple —, ele continua “totalmente maravilhado, completamente encantado com o processo criativo”, suas formas e manifestações, acrescentando que “ama a imprevisibilidade e a surpresa”.
Seguindo o discurso, Ive compartilhou alguns ensinamentos sobre como “tornar o processo criativo menos assustador” e de que forma é possível equilibrar a curiosidade e a resolução de problemas.
A curiosidade sozinha, mesmo energizando e motivando, e mesmo que seja absolutamente fundamental para a geração de ideias, gera apenas um bocado de listas grandes e talvez algumas ideias, mas acaba aí. A determinação necessária para encontrar soluções para problemas que se põem entre pensamentos hesitantes e algo substancial parece se por em conflito direto com a maioria dos comportamentos criativos. […] Você vê, sendo imoderado e resoluto, você tem que resolver problemas difíceis. Mas resolver problemas requer novas ideias. Então nós precisamos ter ideias e voltar a sermos curiosos. Isso não é uma mudança que ocorre em mim uma ou duas vezes durante um projeto de muitos anos; eu sinto ela acontecendo em mim uma ou duas vezes no dia e essas transições entre duas formas tão diferentes de ver e pensar é fantasticamente exigente.
Ive encerrou seu discurso com palavras não suas, mas do seu maior e mais importante mestre — Steve Jobs. O cofundador da Apple as compartilhou com o designer há cerca de dez anos e ele achou apropriado concluir a fala trazendo o pensamento de Steve à tona:
Existem muitas maneiras de ser. As pessoas expressam sua admiração de diferentes maneiras. Uma das formas que eu acredito que elas podem expressar essa estima para com o resto da humanidade é criando algo maravilhoso e colocando isso no mundo. E você nunca conhece essas pessoas, você nunca aperta a mão delas. Você nunca ouve as histórias delas ou conta as suas, mas, no ato de fazer algo com cuidado e amor, algo é transmitido ali. E essa é uma forma de expressar para a nossa espécie nossa mais profunda admiração.
Aos interessados, mais citações do discurso de Ive podem ser lidas nesse compilado da Forbes. Incrível, não?
via AppleInsider