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iVida: “Wirelesslização”

Wirelesslização

por Marco Lonzetti [@mlonzetti], CIO do Grupo.Mobi

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Outro dia, num dos poucos almoços de domingo que ainda fazemos na casa da Baixinha, me peguei explicando aos da melhor idade como é possível falar com alguém do outro lado do mundo através de um aparelhinho que cabe no bolso — me referi à infraestrutura das operadoras de celular.

Tudo ia bem até que mostrei o FaceTime funcionando para a tia-avó da vizinha da minha mãe (acho que era isso; enfim, era alguém com mais de 70, filando o chá da tarde). A distinta senhora achou que era sacanagem, ficou meio desconfiada e mudou de assunto: “Vocês viram que a Tereza Cristina vai matar o Ferdinand?” — disse ela. Pelo jeito, para alguns jovens há mais tempo, a “wirelesslização” das coisas ainda pode causar espanto.

Wirelesslização

É bem verdade que as tecnologias sem fio — como infravermelho, Bluetooth, RFID, Wi-Fi, 3G, etc. — já vêm transformando a nossa vida de inúmeras maneiras. Desde o conforto do controle remoto (se não me engano, criado em meados dos anos 1950), passando pelos pedágios do Sem Parar, chegando às facilidades de comunicação hoje existente.

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Mas, na minha opinião, a maior consequência das tecnologias sem fio em nossas vidas é a forte mudança nos modelos de negócio praticados. Itens antes considerados produtos, agora ofertados como serviços.

Não estou falando daquilo que já estamos carecas de saber, como o produto “vela” que virou o serviço “energia/luz”, nem o produto “meia social” que já virou serviço no site blacksocks.com, tampouco o produto “carro” que está virando o serviço “leasing”. Mas me refiro àquelas transformações impulsionadas especificamente pelo mundo sem fio. São os produtos de conteúdo digital que estão virando serviços de conteúdo digital.

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Há não muito tempo, por mais digital que fosse algum conteúdo (texto, áudio ou vídeo), seu “fim” era físico. Os livros, as fitas VHS e as fitas cassete. Depois os CDs e os DVDs. Ou seja, o consumidor final comprava tal conteúdo como produto — que, segundo o próprio Código de Defesa do Consumidor, artigo 3º, é “qualquer bem, móvel ou imóvel, material ou imaterial”.

Hoje, cada vez mais, esse mesmo conteúdo digital vem se tornando serviço. O novo produto é agora o meio pelo qual você acessa o conteúdo. Confuso, né? Mas é proposital. Quanto mais o produto estiver amarrado ao serviço, melhor para o ecossistema.

Se você comprar o produto iPod, não precisará mais comprar o produto CD, pois terás acesso ao mesmo conteúdo através do serviço iTunes. Se você comprar o produto Apple TV, não precisará mais comprar ou alugar DVDs da famigerada Blockbuster, pois terás acesso ao mesmo conteúdo através do serviço Netflix, por exemplo. [Eu ainda tenho o DVD dos Goonies — esse, vale a pena!]

E isso só pra falar da Apple. Mas a ideia vale para Amazon.com, Google, Barnes & Noble, operadoras de celular e por aí vai. A Positivo, por exemplo, está indo para esse mesmo caminho com sua tablet Ypy, baseada em Android, ofertando conteúdo exclusivo através de um market place.

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Especificamente sobre a Blockbuster, acho uma pena a oportunidade perdida. Eles tinham a marca, o reconhecimento, a base de clientes e a penetração no mercado. Restava migrar o meio de distribuição (do físico para o virtual) e adaptar o modelo de negócio (do avulso para a assinatura). Difícil? Talvez, mas outros como NetMovies e a própria Netflix o fizeram e estão aí mostrando que pode dar certo.

Afinal, conteúdo digital e virtual precisa de distribuição digital e virtual, certo? Hoje parece óbvio, mas, antes da “wirelesslização”, não era.

·   ·   ·

Antes de finalizar, quero agradecer aos amigos que construtivamente opinaram sobre meu primeiro artigo aqui no MacMagazine, na semana passada — “MacAlfabetização”.

O tom divertido — e, propositalmente, bagunçado — existente na minha escrita se dá justamente pela minha vontade de traçar um paralelo agradável entre o mundo tecnológico real (especialmente da Apple) e o nosso já estressante dia-a-dia. A clareza, fluidez e didatismo virá — como acho que já começou a vir no artigo de hoje. Da mesma forma, a Baixinha, as comparações e a diversão devem permanecer. Como bem disse nosso amigo João Gruber em seu comentário, na semana passada: “…afinal, quase todos aqui têm Macs e mães”.

Boa semana para vocês! 😉

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