É isso mesmo que você leu no título. Em apenas 5 dias, mais de 130 mil chilenos se reuniram numa ação coletiva contra Apple. De acordo com a Organização de Consumidores e Usuários do Chile, trata-se de um número recorde para ações do tipo no país.
Mas o que exatamente a Apple fez para irritar tanta gente? A tal da obsolescência programada, tanto discutida atualmente. No caso da Apple, algo diretamente relacionado à atitude da empresa de diminuir o poder de processamento em aparelhos com bateria desgastada/velha.
A ação em questão acusa a Apple de deliberadamente fazer com que as baterias dos iPhones percam a eficiência após alguns anos de uso. Segundo os reclamantes, a empresa faria isso para forçar os usuários a trocarem seus aparelhos por modelos mais novos. Eles então solicitam que a Apple repare todos os telefones afetados ou, se isso for custoso demais, recompre os aparelhos no valor de mercado. Além disso, exigem uma multa equivalente a US$193 para cada usuário que comprou um dos modelos afetados (iPhones 5c, 6, 6s e 7, comprados entre 2014 e 2017) a fim de compensar a “perda de tempo que tiveram com a lentidão dos dispositivos”.
“A participação de um número tão elevado de pessoas nessas iniciativas demonstra o nível de indignação dos clientes por terem sido enganados pela Apple, que introduz e programa fraudulentamente falhas nos seus equipamentos de celular”, disse o advogado Juan Sebastían Reyes, que atua na ação. O presidente da organização que lidera o processo, Stefan Larenas, informou que recebeu solicitações de ajuda de organizações de consumidores em outros países como Argentina, Brasil, Panamá e Peru. Ele disse ainda que está coordenando com outras organizações uma demanda englobando toda a América Latina, a fim de dar mais força ao caso, e prevê uma avalanche de episódios semelhantes sendo abertos pelo mundo.
Essa não é a primeira batalha judicial que a Apple enfrenta relacionada à polêmica das baterias. Diversos processos foram abertos [1, 2, 3] contra a empresa após o assunto ganhar a mídia; na Itália, ela foi multada em R$43 milhões por conta do episódio; além disso, diversos órgãos governamentais pediram explicações sobre a atitude polêmica.
Em um recente documento enviado à U.S Securities and Exchange Commission (Comissão de Títulos e Câmbio dos Estados Unidos), a empresa informou que fez uma estimativa de quanto terá que desembolsar com esses casos e criou um fundo de contingência (ou seja, deixou o dinheiro já separado) para efetuar os pagamentos a depender dos resultados dos processos — o valor exato, porém, não foi especificado. Ainda assim, a companhia afirmou que os aparelhos não são defeituosos e que esses recursos foram projetados para melhorar a experiência do cliente.
Como sabemos, durante todo ano de 2018 a Apple realizou trocas de baterias com preços abaixo da tabela normal como uma forma de contornar o problema. No total, ela trocou 11 milhões de baterias, um número muito acima dos reparos realizados em 2017 (entre 1-2 milhões).
dica do Raimundo Torres, via UOL Tecnologia e Business Insider