Imagine um The Sims mais rápido e prático, sem muitos detalhes e sem esperar uma vida para ganhar aquela promoção e ficar rico ou famoso. Agora pense em comandos que você dá em uma interface completamente em texto, sem nenhuma imagem. Calma, não é tão entediante assim.
BitLife – Life Simulator é um hilário jogo que ficou por vários dias como o mais baixado da App Store americana. Por isso, precisamos dar um importante aviso: o conteúdo inteiro dele é em inglês; portanto, tratando-se de um game inteiramente em texto, é recomendado ter um conhecimento ao menos intermediário da língua.
Saber o básico do idioma dá para jogar e se divertir um pouco, mas o excêntrico do jogo é justamente a comunicação e as escolhas que você faz, entendendo o contexto das suas opções dentro do game. Sabendo disso, vamos criar uma vida comigo?
Para um jogo inteiramente em texto, farei um rápido gameplay, também em texto.
Tocando em “New Life” uma nova vida é gerada, com dados aleatórios — incluindo nome, família e nacionalidade. De cara você começa com 0 anos e com informações do seu nascimento.
Aqui, por exemplo, me chamo Jimbo Roosevelt e descobri que fui gerado na lua de mel dos meus pais (em outra vida já fui uma gravidez indesejada, mas não conte para ninguém). Estou pobre, com $0, mas já descobri que meus pais são ricos e generosos — já pensando lá na faculdade paga, é claro. E tenho uma irmã mais velha.
No começo não dá pra fazer muita coisa a não ser… existir. Tocar em “+ Age” lhe dará 1 ano de vida. A partir dos 3 anos, você já pode conversar e passar tempo com seus pais e, se tiver um irmão ou irmã, pode discutir ou agredir. Este último definitivamente não recomendo — certa vez agredi minha irmã caçula, aos 9 anos de idade(!), e ela cortou meu pescoço com uma tesoura.
“Evoluindo” um pouco até os 6 anos de idade, começam as escolhas que podem lhe assombrar pro resto da vida. Quebrei um vaso caro dos meus pais e eu tenho duas escolhas: admitir ou culpar a irmã. Menti, é claro, mas nada aconteceu. Depois sofri bullying no colégio e tive as opções de contar pra minha irmã, fazer nada, contar pro professor e agredir. Como na vida real, a agressão não ia ser de graça, né? Fingi demência.
Nessa idade ainda você já começa a estudar (opção “School”) e tem mais opções de interação na aba “Relationships”: pedir dinheiro, elogiar, conversar, insultar, ir ao cinema e passar o tempo. Usei a primeira opção para meus pais e ganhei $110 do meu pai e $69 da minha mãe. Ainda não dá para fazer nada, mas em breve dá para ir ao salão.
Aos 13 você, já pode ter uma rede social e, aos 14, o salão já oferece opções como fazer unhas ou cortar o cabelo. Aproveitei a nova opção “Sexuality”, me declarei gay e fui procurar um namorado. Depois de quatro rejeições, alguém me quis. Aos 16 anos, você pode fazer um teste gratuito pra tirar carteira de motorista. A pergunta é uma só: dizer o que significa uma placa.
O tempo passa e descobri que, com 10% de inteligência, sou burro igual a uma porta. Aqui não tem muito o que fazer, por mais que eu escolha “Study harder”, o gene da inteligência não está em mim. Paciência, pelo menos sou feliz.
Enquanto isso o mundo à sua volta continua acontecendo, com as informações subindo cada vez que você envelhece. Pra você ter uma noção por aqui: minha irmã saiu de casa e tem distúrbio alimentar, minha mãe morreu aos 54 anos por um incêndio em casa e meu namorado me pediu em casamento.
Aos 21 anos eu quis estudar Biologia mas a faculdade é cara, então pedi meu pai para pagar. Lembra o que eu disse lá no começo, né? Escolher ser gentil com seus pais no começo da vida trará reflexos positivos posteriormente.
Virei Paisagista, comprei uma casa e um carro. Meu marido morreu aos 28 anos de envenenamento alcóolico(!) e me deixou uma super herança de… $12.
Aos 40, fui demitido e diagnosticado com depressão. Tentei algumas sessões de acupuntura, meditação, academia, bruxaria (sim) e uma terapia de choque. Fiquei louco e com quase todos meus stats em 0%. Ganhei mais uns $20 mil (dos $90 mil que tinha em conta) em duas cirurgias plásticas, das 8 disponíveis, entre elas aumentar meu membro e aplicar botox.
Morri aos 42 anos com uma bola de boliche arremessada pela minha irmã em uma discussão.
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Ok, essa minha jogada em BitLife foi uma tragédia, mas tive vidas em que morri aos 100 anos com $53 milhões de na conta. A combinação de escolhas, com um toque de sorte, deixa cada jogo único. E mais: você ainda pode adicionar nomes reais de pessoas que você conhece nas opções para que apareçam ao longo do jogo, personalizando mais ainda a sua “vida”.
Gratuito, definitivamente é um app que você precisa ter para passar o tempo rapidinho, ou dedicar dias de várias interações para, quem sabe, ser alguém na vida (virtual). O único contra — ignorando o único idioma disponível — é que as propagandas podem ser um incômodo, mas há uma compra interna para tirar isso, se desejar.
Esse jogo foi sugerido por Naelson Aragão. Se você tem sugestões de jogos para aparecer aqui no MacMagazine, use e abuse da seção de comentários abaixo ou me avise pelo Twitter. 😉