É, Apple… nem todas as disputas resultam em vitórias. Hoje, temos não uma, mas duas notícias de planos relativos a lojas da empresa cancelados por forças exteriores — e não, nenhuma delas inclui o projeto da loja de Estocolmo que, pelo visto, também já foi por água abaixo. Seriam as rebarbas do inferno astral da Maçã?
Melbourne
O caso da Apple Federation Square já se arrastava há tempos: há mais de um ano, noticiamos pela primeira vez a oposição da prefeitura e da população da cidade à loja, que, segundo um representante, “parecia uma cabana da Pizza Hut”. Depois de alterar o projeto e encontrar vários outros obstáculos, entretanto, os planos estão definitivamente cancelados, como informou o The Age.
O golpe de misericórdia na loja que nunca será foi um comunicado da Heritage Victoria, agência do governo local responsável pela preservação do patrimônio histórico do estado. O órgão recusou a permissão para demolição do Yarra Building, o prédio que se situa no local onde a Apple Store se localizaria — decisão, aliás, que já era esperada depois que a Câmara Municipal de Melbourne votou pela mesma determinação no início do mês.
Segundo a Heritage Victoria, a loja da Apple na Federation Square seria “visualmente dominante” e resultaria em “um impacto inaceitável e irreversível no significado da herança cultural” da praça; os efeitos negativos da construção, segundo a agência, superariam com folga os benefícios, incluindo econômicos. O Yarra Building, é bom notar, abriga a sede e o museu do Koorie Heritage Trust, uma ONG sem fins lucrativos dedicada a proteger e preservar a cultura aborígene do sul da Austrália.
A Apple emitiu um comunicado padrão falando sobre o cancelamento:
Ao mesmo tempo em que nós estamos desapontados por não conseguir continuar com os planos para a Federation Square, continuamos comprometidos a servir nossos clientes em Melbourne e em toda a Austrália.
De fato, não dá para dizer que os cidadãos de Melbourne ficarão num mato sem cachorro: a Apple tem cinco lojas na cidade ou em sua região metropolitana — todas elas, entretanto, estão longe de serem “flagships globais” como o projeto que a Maçã tinha para a Federation Square. Se a perda é significativa, bom… depende do seu ponto de vista.
Tel Aviv
Acharam que os planos frustrados da Apple se resumem à Oceania? Pois acharam errado: de acordo com o jornal Haaretz, a Maçã abandonou os planos de construir sua primeira loja em Israel — mais precisamente, na sua capital, Tel Aviv. O motivo? Simplesmente porque nenhum espaço comercial no país estava disposto a aceitar suas condições.
Segundo o jornal, o espaço mais recente da Apple para construir sua loja foi a Azrieli Sarona Tower, um arranha-céu de 61 andares em Tel Aviv. Conversas foram iniciadas com a empresa que administra o espaço, mas rapidamente encerradas por conta de divergências — especialmente em questões financeiras, já que supostamente a empresa teria exigido uma ajuda para recuperar seus custos de marketing e inventário provenientes da construção.
Aparentemente, esse caso não é inédito: a Maçã já teria tentado encontrar outros locais em Tel Aviv anteriormente para iniciar o projeto da sua primeira loja do país, mas não obteve sucesso em nenhum deles por conta de suas exigências consideradas inaceitáveis pelos donos de espaços comerciais. Com os repetidos tombos, a Apple teria cancelado definitivamente a ideia de marcar presença em Israel.
Como lembrou o 9to5Mac, a Apple é notoriamente osso duro de roer com esse tipo de negociação. A empresa sabe que seus projetos dão prestígio, visibilidade e tráfego aos locais onde serão construídos e, por isso, coloca suas condições na estratosfera — em alguns casos, inclusive, exigindo períodos inteiros de aluguel grátis. Os israelenses, pelo visto, não se impressionaram.
Cherry Hill
Como nem tudo pode ser negativo, a Maçã pelo menos encontrou sucesso para reformar uma das suas lojas: a Apple Cherry Hill, no estado americano de Nova Jersey.
As informações ainda não são definitivas, mas segundo o jornal Courier Post, tudo indica que a empresa de Cupertino está realmente mexendo os pauzinhos: em uma reunião recente do Escritório de Planejamento de Cherry Hill, foi detalhada a proposta de renovação para abertura de uma “loja flagship” de uma empresa não identificada, mas que atualmente ocupa cerca de 550m² dentro do shopping center onde a reforma será feita.
Juntando essa informação com os renders divulgados do projeto, fica fácil confirmar que é realmente a Apple que está colocando o plano em prática. A (suposta) nova loja da Maçã dobraria de tamanho e se mudaria de um espaço interno do shopping para uma área com entradas internas e externas, onde atualmente está localizada uma loja da The North Face.
É bom notar que os renders aqui apresentados parecem já ter uma certa idade e podem não representar fielmente o resultado final da loja — como se sabe, afinal, a Apple já abandonou esse estilo com placas de metal e lightboxes, dando ênfase a materiais naturais, como pedra e madeira, em suas construções dos últimos anos.
Caso os planos se concretizem, a Apple Cherry Hill será apenas a 2ª de 11 lojas no estado a ser reformada e adequar-se aos padrões estéticos vigentes no varejo da Maçã. Para isso, claro, teremos de aguardar: ainda não há qualquer movimentação de máquinas no espaço, e qualquer construção do tipo levaria pelo menos um ano para ser concluída.
via Cult of Mac, 9to5Mac