Um dos recursos do iOS/iPadOS 13 mais comemorados por usuários avançados é o suporte a dispositivos de ponteiro no sistema, como um mouse ou um trackpad — já demos detalhes sobre a integração nesse artigo. A ideia é que, com um acessório de controle mais preciso, o iPad torna-se potencialmente um equipamento mais apto a aplicações profissionais, chegando ainda mais perto do Mac/PC como instrumento de trabalho.
Por outro lado, a Apple vai numa direção diferente: o suporte a mouse, como a empresa reiterou várias vezes, é um recurso de acessibilidade, pensado para que pessoas com dificuldade de locomoção usem o iPad (ou o iPhone) com mais facilidade e precisão. Até por isso, ele não é ativado por padrão e precisa ser configurado em menus bem específicos dentro dos ajustes do iOS/iPadOS 13.
Numa conversa com o TechCrunch sobre os recursos de acessibilidade dos novos sistemas da Apple, a diretora de políticas e iniciativas de acessibilidade global da empresa, Sarah Herrlinger, reforçou essa visão: o iPad e o iPhone sempre serão, por excelência, dispositivos controlados por toque e isso nunca mudará — o controle por mouse é destinado apenas a uma parcela dos seus usuários.
Herrlinger afirmou ter consciência de que usuários sem dificuldades de locomoção também usarão o recurso eventualmente, da mesma forma que outras ferramentas de acessibilidade da Apple (como o “Digitar Para a Siri” ou a “Lupa Universal”) são utilizados por pessoas que, em teoria, não dependem delas para a utilização dos dispositivos. Ela disse, entretanto, que o suporte a mouse foi pensado desde o início (ele começou a ser projetado há alguns anos) como um recurso para usuários com dificuldades, e não uma expansão das capacidades do sistema.
Em outras palavras, não é porque o iOS/iPadOS 13 pode ser controlado por um mouse que começaremos a ver aplicativos mais complexos, com longas colunas de pequenos botões inacessíveis ao toque; tampouco haverá aplicativos na App Store com um aviso do tipo “funciona melhor com mouse”. A primazia dos dispositivos móveis ainda é do toque, e assim será pelo futuro visível — nada mais justo, não é verdade?
Controle por Voz (Voice Control)
Herrlinger também falou sobre o novo recurso de Controle por Voz que chegará ao iOS/iPadOS 13 e ao macOS Catalina 10.15, dando mais alguns detalhes sobre o seu funcionamento.
Numa pequena demonstração feita pela executiva aos jornalistas, a ferramenta demonstrou-se bem poderosa e funcional, interpretando e executando comandos corretamente mesmo num ambiente barulhento. O Controle por Voz aceita comandos simples de linguagem natural, como “abrir o Mail” ou “mande Feliz Aniversário para Mary no iMessage” (em inglês — suporte a outros idiomas será adicionado posteriormente), mas vai além de uma forma que você pode controlar basicamente todo o dispositivo somente com a fala.
Alguns exemplos: numa tela de favoritos do Safari, com várias páginas de títulos enormes ou impronunciáveis, você pode dizer “mostrar números” para que o recurso atribua um número a cada opção exibida na tela; a partir daí, basta dizer “clicar no 21”, por exemplo. Você também pode pedir para que a ferramenta mostre uma grade na tela para que você realize comandos precisos de clicar/tocar, arrastar ou dar zoom.
Segundo Herrlinger, o Controle por Voz será constantemente aprimorado e poderá ser amplamente personalizado pelo usuário, de forma que até mesmo pessoas com incapacidade total de movimentos possam controlar dispositivos.
Incrível, não?