A Huawei teve uma ascensão meteórica no mundo dos smartphones: vista como apenas mais uma entre centenas de fabricantes chinesas há menos de cinco anos, a empresa se especializou e passou a entregar, com boa regularidade, vários aparelhos dignos de entrar no rol de melhores smartphones do mundo; com isso, reuniu ânimo para tornar-se uma espécie de terceira (ou segunda) força num segmento dominado pela Samsung e pela Apple.
Os últimos meses, entretanto, reservaram um gigantesco infortúnio para a companhia: acusada pelos Estados Unidos de ser usada pelo governo chinês para espionagem cibernética e de vender equipamentos ao Irã, a empresa foi alvo de um verdadeiro boicote comercial por parte de Washington. Com isso, o Google anunciou que encerraria suas relações com a gigante chinesa, tirando seus serviços dos smartphones fabricados por ela.
A linha de smartphones Mate 30, anunciada hoje pela Huawei, representa a materialização dessa dicotomia: ao mesmo tempo em que são superpoderosos e sedutores, os aparelhos são vítimas flagrantes do momento de incerteza vivido por sua fabricante.
Explico: os novos aparelhos são os primeiros da empresa a virem sem suporte ao Google Play Services, o servidor do Google que conecta os smartphones Android aos serviços da gigante de Mountain View. Em outras palavras, sim, ele roda Android — mas uma versão open source do sistema, sem assinatura do Google e sem os seus aplicativos, como o Gmail, o Maps ou o YouTube. Também não há acesso à Play Store.
A ausência do Google não fará nenhuma diferença para o principal mercado da Huawei, o chinês, já que a gigante de Mountain View não opera no país da Muralha desde 2010. Ainda assim, para os demais territórios, a fabricante tenta amenizar a situação com uma loja de aplicativos própria, a Huawei AppGallery, que conta com 45 mil aplicativos (contra 2,7 milhões do Google Play).
Para além dos problemas, os novos Mate 30 e Mate 30 Pro são — ao menos no papel — muitíssimo apetitosos. Eles contam com o mais novo processador da Huawei, o Kirin 990, e uma GPU de 16(!) núcleos, a Mali G76; um dos modelos traz conectividade 5G, e todos eles têm suporte a carregamento bilateral sem fio.
O Mate 30 Pro, que é o flagship da linha, pode ser um novo campeão da fotografia junto ao iPhone 11 Pro. Ele tem quatro sensores traseiros; dois de 40 megapixels (um com lente super-grande-angular e outro com grande-angular, ambas com estabilização óptica), um terceiro de 8MP (com lente teleobjetiva, também com estabilização óptica) e, por fim, um Time-of-Flight para detecção de profundidade.
Em termos de vídeo, o aparelho é capaz de gravar clipes em câmera lenta a absurdos 7.680 quadros por segundo (em 720p); é possível, também, fazer filmagens 4K a 60 quadros por segundo com bokeh em tempo real. Na frente, a câmera de selfies tem 32 megapixels e suporte a fotos com realidade aumentada.
A tela OLED do aparelho, de 6,53 polegadas, tem alto-falante e leitor de digitais embutida. Ela é extremamente curvada, com um ângulo de 88º, aproveitado pela Huawei para a inclusão de botões laterais virtuais. A bateria tem 4.500mAh e o smartphone pode ser recarregado a 40W (ou 27W, no caso de carregamento sem fio).

O Mate 30, por sua vez, é ligeiramente mais simples, com somente(?) três câmeras traseiras, de menor resolução, e uma tela que não é curvada para os lados. Ele também tem uma bateria ligeiramente menor (4.200mAh) e não traz opção de conectividade 5G.
Os preços não são exatamente baixos: o Mate 30 sairá, na Europa, por 800€ com 8GB de RAM e 128GB de armazenamento. O Mate 30 Pro tradicional, por sua vez, custará 1.100€ com a mesma memória e 256GB de armazenamento; a versão 5G terá as mesmas especificações e sairá por 1.200€. Por fim, há a versão especial Mate 30 RS, criada em parceria com a Porsche, que terá 12GB de RAM e 512GB de armazenamento, saindo por 2.100€.

Ainda não há informações sobre a data específica de lançamento dos aparelhos, mas eles deverão chegar às prateleiras da China e da Europa em breve.