No ano passado, a Apple surpreendeu o mundo com o A12 Bionic: a CPU dos iPhones XS e XR tinha níveis de performance basicamente inéditos no mundo móvel, e chegava a superar o desempenho do iMac Pro em algumas métricas. Era de se esperar, portanto, que o seu sucessor seguisse essa linhagem de poder a todo custo, certo?
Bom… sim e não. O A13 Bionic (que equipa os iPhones 11 e 11 Pro) supera, sim, seu antecessor em números absolutos de performance, como provado por benchmarks preliminares dos novos aparelhos. Ainda assim, o foco da Apple na construção das novas CPUs não estava no desempenho — em vez disso, a concentração da equipe de engenharia da Maçã foi direcionada para outro aspecto crucial: a eficiência energética.
Em uma longa reportagem da WIRED centrada nos novos chips, o vice-presidente sênior de marketing global da Apple, Phil Schiller, e o chefe de engenharia de processadores, Anand Shimpi, contaram alguns detalhes no processo de criação do A13 Bionic. Segundo Shimpi, o foco no gasto de energia estava bem claro desde o início do processo — e acaba sendo benéfico, também, para a performance da CPU.
Publicamente, nós falamos muito sobre performance, mas na realidade, nossa concentração maior é na performance por watt. Nós vemos a coisa toda no ângulo da eficiência energética, e se você constrói um design eficiente, você acaba produzindo também um design de bom desempenho.
A obsessão da Apple deu resultado: segundo informações trazidas pela reportagem, o A13 Bionic é cerca de 30% mais eficiente, energeticamente falando, em relação ao seu antecessor. Alem disso, ele tem uma performance 20% superior em relação ao A12 Bionic, em todas as áreas — seja a CPU, a GPU ou a Neural Engine, responsável pela parte de aprendizado de máquina dos aparelhos.
O novo chip da Maçã, como já informado, é construído numa arquitetura de 7 nanômetros (assim como seu antecessor) e conta com 8,5 bilhões de transistores. São seis núcleos: quatro deles, apelidados de “Thunder” (trovão), são focados em economia de energia e realizam tarefas menos exigentes; os outros dois, chamados de “Lightning” (relâmpago), rodam a 2,66GHz e se encarregam das tarefas mais pesadas e complexas, quando necessário.
O segredo da Apple para chips mais econômicos, entretanto, vai além da divisão do trabalho entre núcleos. Os engenheiros da empresa estudam, ano após ano, a forma como os usuários utilizam seus dispositivos e como os apps e recursos interagem com a CPU/GPU, otimizando essas relações nos designs futuros. Segundo Schiller, o aprendizado de máquina é essencial para esses estudos:
O aprendizado de máquina está rodando o tempo todo, seja gerenciando sua bateria ou otimizando a performance. Não existia nada do tipo rodando dez anos atrás. Agora, ele está lá o tempo todo, fazendo coisas.
Ou seja: se o desenvolvimento dos chips continuar nesse ritmo (e o aprendizado de máquina continuar fazendo seu trabalho certinho)… bom, os próximos anos poderão reservar surpresas muito gratas na área do processamento móvel. Que ótimo, não?