Hoje mais cedo, falamos aqui sobre uma falha de segurança grave do Galaxy S10, que permite o desbloqueio biométrico do celular com qualquer dedo caso o aparelho esteja equipado com alguns tipos de películas. Bom, parece que hoje é o dia das polêmicas envolvendo autenticação, porque o Google resolveu engrossar o caldo da história.
Ao longo do dia, pessoas que estão testando o Pixel 4 (que só será lançado na próxima semana, mas já tem unidades distribuídas a jornalistas e influencers) começaram a notar um comportamento estranho no dispositivo: aparentemente, seu incensado sistema de reconhecimento facial funciona mesmo que os usuários estejam com os olhos fechados.
Isso, claro, não deveria acontecer: reconhecer o usuário com olhos fechados, afinal, abre espaço para todos os tipos de invasão, desde um cônjuge ciumento apontando o celular para o seu rosto quando você estiver dormindo até coisas mais graves/violentas (imagine, por exemplo, um grupo de criminosos dopando — ou mesmo matando! — um jornalista para ter acesso aos seus arquivos).
A Apple, por exemplo, parece ter ciência disso, já que os iPhones com Face ID exigem que a pessoa esteja com os olhos abertos para que o sistema funcione.
A coisa seria mais aceitável caso o Google afirmasse que isso representa uma falha e corrigirá o comportamento até o lançamento do Pixel 4, mas não: ao que tudo indica, os aparelhos funcionarão assim mesmo e pronto. Ao menos, um aviso na configuração do reconhecimento facial do smartphone deixa claro que o sistema pode reconhecer o usuário de olhos fechados — e avisa, também, que uma pessoa extremamente parecida com você, como um irmão gêmeo, também pode potencialmente desbloquear o seu celular.
Tudo isso seria totalmente compreensível se o Google não tivesse classificado seu sistema de reconhecimento facial como o único, junto ao Face ID, confiável a ponto de ser usado em pagamentos e outras operações ultrassensíveis.
Ninguém nunca reclamou do recurso de desbloqueio facial embutido no Android, que era enganado por uma simples foto, exatamente porque as próprias fabricantes sempre deixaram claro que a funcionalidade era secundária e incluíam outra forma de reconhecimento (por digitais, quase sempre); o Pixel 4, por outro lado, tem o reconhecimento facial como único método de desbloqueio.
É claro que, com as reações negativas na rede mundial de computadores, é possível que o Google trabalhe numa forma de alterar esse funcionamento. Por ora, entretanto, não há nada prometido: a empresa declarou que o Pixel 4 chegará às lojas exatamente do jeito que é hoje, e simplesmente afirmou que “continuará melhorando o desbloqueio facial” com o passar do tempo, sem especificar quaisquer mudanças previstas.
Vê se pode…
via BBC