Desde que Donald Trump anunciou suas intenções de retirar os Estados Unidos do Acordo de Paris, o importante tratado climático assinado em 2015, as reações choveram de todos os lados. No Vale do Silício, especificamente, a notícia foi encarada com muita negatividade: vários executivos importantes expressaram contrariedade em relação à saída, e a Apple garantiu que continuaria comprometida com os termos do acordo mesmo com a saída dos EUA.
Agora, mais de dois anos depois (e com o governo americano nas tratativas finais para deixar o acordo), vários CEOs e figuras importantes do mundo empresarial americano se juntaram para assinar uma carta endereçada a Trump. O motivo ainda é o mesmo: pedir que o presidente reconsidere a decisão, citando argumentos como geração de empregos, o apoio da população americana ao tratado e a posição de liderança — e consequente responsabilidade — dos EUA perante os mercados globais e os ecossistemas do planeta.
Tim Cook esteve entre os 70 signatários da carta, assim como Satya Nadella (da Microsoft), Elon Musk (da Tesla), Sundar Pichai (do Google), Bob Iger (da Disney), Richard Branson (da Virgin), Enrique Lores (da HP), Ginny Rometty (da IBM) e David Solomon (do banco Goldman Sachs). Temos também presença brasileira no documento, com a assinatura de Roberto Marques, da Natura.
Abaixo, traduzimos alguns pontos importantes da carta:
Em 2017, muitos de nós nos unimos para apoiar a permanência dos EUA no Acordo de Paris. Nós nos juntamos novamente para dizer que ainda estamos dedicados a isso. Dois anos atrás, os impactos da subida da temperatura global eram evidentes. Hoje, com recordes de temperaturas ao redor do país, furacões mais fortes devastando as costas, incêndios florestais ainda mais destrutivos e enchentes/secas perturbando a economia, não temos tempo a perder.
Dois anos atrás, nós sabíamos que apoiar o Acordo de Paris era o necessário para manter nossas empresas competitivas e bem-sucedidas de acordo com as novas expectativas do povo americano. Nós estamos do lado de 77% dos eleitores registrados dos EUA e mais de 4.000 estados, cidades e negócios do país que apoiam o acordo.
Hoje, nós reforçamos nossa convicção de que um comprometimento com o Acordo de Paris requer uma transição justa da força de trabalho — uma transição que respeite os direitos do trabalhador e seja conquistada por meio do diálogo com os empregados e os seus sindicatos. A participação no acordo permite que nós planejemos uma transição lista e criemos novos empregos decentes e a oportunidade econômica para que famílias se sustentem.
[…] Houve progresso, mas não o suficiente. Este momento exige ações maiores e mais rápidas do que nós temos visto. Ele exige as diretrizes fortes oferecidas pelo Acordo de Paris, que permitem aos EUA a liberdade de escolher seu próprio caminho para a redução de emissões.
Cook reforçou a mensagem com uma publicação no seu Twitter:
Resta saber, agora, se a mensagem surtirá algum efeito perante Trump e sua turma. Vamos torcer que sim.