Querem um bom exemplo internacional de trapalhadas na política, para variar um pouco? Basta dar uma olhada nesse caso recente da cidade de San Francisco, na Califórnia (Estados Unidos) — as informações são da WIRED.
Em maio passado, os supervisores da cidade aprovaram um banimento total de dispositivos com tecnologias de reconhecimento facial para seus servidores públicos. A ideia por trás da nova lei seria evitar a ação de tecnologias de espionagem e vigilância, alem de coibir o uso abusivo desses recursos por forças policiais, mas os supervisores não pensaram em um efeito colateral bastante problemático: da noite para o dia, milhares de funcionários da prefeitura estavam impedidos de usar seus iPhones (ou outros smartphones com leitura de rosto).
Para corrigir o problema, os supervisores precisaram passar uma emenda emergencial à nova lei, permitindo o uso de certos dispositivos com reconhecimento facial — contanto que outros recursos desses aparelhos sejam considerados “críticos” e não haja alternativas viáveis. Mas há um detalhe: os servidores públicos do município poderão voltar a usar seus iPhones legalmente, mas não poderão usar o Face ID — sim, eles precisarão digitar a senha toda vez que forem desbloquear seus aparelhos.
O caso de San Francisco, entretanto, não é único: as cidades de Oakland (também na Califórnia) e Somerville (em Massachusetts) adotaram legislações parecidas, e estão estudando formas de não proibir o uso de iPhones ou de outros smartphones recentes. Outros locais, como a cidade de Brookline (também em Massachusetts), baniram o uso de dispositivos de reconhecimento facial, mas excluíram da proibição aparelhos pessoais.
A União Americana pelas Liberdades Civis (American Civil Liberties Union, ou ACLU), instituição centenária que luta pelos direitos civis dos cidadãos dos EUA, afirmou que prestará consultoria aos municípios na construção de legislações envolvendo tecnologias de reconhecimento facial. Isso é importante, já que, muitas vezes, essas leis são criadas sem total conhecimento de causa e acabam prejudicando os próprios cidadãos que pretendiam proteger. Vamos torcer para que isso não aconteça.
via 9to5Mac