Numa época em que se discute cada vez mais a acumulação de fortunas nababescas e o papel dos multibilionários na construção de um mundo um pouco mais igualitário, é interessante notar a tendência de alguns desses magnatas em distribuir toda a sua riqueza em iniciativas filantrópicas.
A Giving Pledge, por exemplo, é uma campanha criada por Bill Gates e Warren Buffett e que convida multibilionários a doar toda a sua fortuna ao longo da vida ou logo após a morte — e ela já conta com centenas de signatários, como Mark Zuckerberg, Michael Bloomberg, Elon Musk, George Lucas e Larry Ellison. Agora, Laurene Powell Jobs — a viúva de Steve Jobs — está dando um passo adiante.
Em entrevista ao New York Times, Powell Jobs afirmou que doará a totalidade da sua fortuna, estimada em US$28 bilhões, ainda durante a vida ou, no máximo, pouco após a sua morte. Ela afirmou que, assim como Steve, não tem nenhum interesse em “construir um império que dure gerações” — como era muito comum na geração anterior de bilionários americanos, como nas famílias Rockefeller e Ford. E seus filhos estão cientes disso.
Eu herdei minha riqueza do meu marido, que não ligava para a acumulação de fortunas. Eu não estou interessada em construir um império de riqueza que dure por gerações, e meus filhos sabem disso. Se eu viver o suficiente, essa fortuna será finalizada por mim.
Powell Jobs falou ainda sobre os efeitos da acumulação extrema de riqueza por poucos indivíduos — fenômeno que ela considera perigoso:
Não é correto que indivíduos acumulem uma quantidade gigantesca de dinheiro, equivalente a milhões e milhões de outras pessoas juntas. Não há nada de justo nisso. Nós vimos coisas parecidas nas viradas do século XIX e XX, com os Rockefellers, os Carnegies, os Mellons e os Fords do mundo. Esse tipo de acumulação de riqueza é perigosa para a sociedade como um todo. Não deveria ser desta forma.
Powell Jobs não compartilhou detalhes sobre o processo de distribuição da sua riqueza, mas obviamente o trabalho ficará a cargo da Emerson Collective, organização filantrópica fundada por ela em 2004 e focada na mudança social por meio da educação, da saúde, dos direitos para imigrantes e da preservação do meio ambiente. O projeto, inclusive, já é um dos maiores do mundo na área da filantropia — e deverá crescer ainda mais nos próximos anos, após as declarações de Laurene.
via Vox