Que a Apple está mexendo os pauzinhos por debaixo dos panos para que, num futuro não muito distante, sua linha de Macs faça a transição dos chips Intel para processadores próprios, com arquitetura ARM, não é nenhuma novidade. O que ninguém sabe ao certo é quando isso ocorrerá: pode ser que seja amanhã, pode ser que seja daqui a cinco anos… ou pode ser nos próximos 12 a 18 meses, como afirmou Ming-Chi Kuo.
Pois segundo Jean-Louis Gassée, chefe de desenvolvimento da divisão Macintosh entre 1981 e 1990, a hora é agora: os chips ARM, segundo o executivo, já têm condições suficientes para equipar toda a linha de Macs atualmente existente e equiparar-se ao poder oferecido pelos processadores da Intel. Sim: segundo ele, isso inclui até mesmo o superpoderoso Mac Pro.
Uma declaração dessas já seria importante de qualquer forma, considerando a estatura de Gassée e sua importância para o desenvolvimento do Mac; ela torna-se ainda mais notável ao lembrarmos que o mesmo Gassée tinha, há não mais que um ano, considerado essa possibilidade uma “fantasia”. Em um artigo de 2019, ele afirmou que abandonar a Intel “faria pouco sentido prático” e seria “muito complicado”, especialmente porque, na sua visão da época, os chips ARM não conseguiriam se equiparar aos atuais em potência.
Agora, em um novo artigo publicado em seu blog, o executivo voltou atrás nas suas afirmações anteriores. A principal razão para a reviravolta foi a Ampere Computing, fabricante de chips ARM que competem com os processadores Xeon utilizados em servidores e no novo Mac Pro. Gassée escreveu o seguinte:
Os chips topo-de-linha da Ampere consomem menos energia, cerca de 210W, do que os processadores equivalentes da linha Xeon, que necessitam de cerca de 400W para o mesmo poder computacional. Isso explica o interesse dos investidores em um dispositivo que poderia, progressivamente, suplantar os produtos da Intel em milhões de servidores ao redor do mundo. A Ampere nos mostra que a arquitetura ARM pode gerar o tipo de chip que um Mac Pro precisaria. E os chips acontecem de ser fabricados pela TSMC, a mesma empresa que faz os processadores da série A, da Apple.
Gassée nota que, num primeiro momento, a transição do Mac Pro para um chip ARM poderia ser economicamente desvantajosa — isso porque o computador superpoderoso da Apple não tem grande volume de vendas, e gastar esforços para projetar um processador do zero para a máquina seria contraproducente.
O executivo nota, entretanto, que isso seria menor frente as vantagens de tal empreitada: eventualmente, os chips ARM chegariam também às demais linhas de Macs, como o iMac e o Mac mini — realizando, aliás, o caminho contrário do que a maioria de nós esperaria, mas produzindo uma transição ainda mais suave para os usuários.
Faz sentido, não?
via 9to5Mac